Em 2 Samuel 21 vemos o relato de uma grande fome que passou a assolar o povo de Deus, nos dias de Davi. Perturbado com a situação ele consultou ao Senhor, e Deus lhe mostrou que era uma forma de punição, pelos atos de Saul contra os gibeonitas, quando os matou.
Isso nos mostra que assim pode acontecer com a nossa vida. Cometemos erros hoje, e suas consequências só serão apresentadas anos mais tarde.
Fica claro também que Deus não deixa impune, o que se esquece. Isso deve servir de alerta para todos os pecadores de nossos dias, quer sejam grandes ou pequenos.
A maldade praticada só pode ser remida mediante o arrependimento sincero, e muitas vezes pela restituição, caso danos a terceiros sejam causados.
Se assim não for, o juízo de Deus se manifestará no tempo certo, quer seja nesta vida ou na eternidade. Mas uma coisa é certa, a impunidade não prevalecerá.
Esboço de 2 Samuel 21:
2 Sm 21.1-6:Três anos de fome
2 Sm 21.9-10:A devoção de Rispa
2 Sm 21.11-14:Deus respondeu
2 Sm 21.15-17: Outra batalha
Estudo de 2 Samuel 21 em vídeo
2 Samuel 21.1-6:Três anos de fome
Durante o reinado de Davi houve uma fome que durou três anos. Davi consultou o Senhor, que lhe disse: “A fome veio por causa de Saul e de sua família sanguinária, por terem matado os gibeonitas”. 2 O rei então mandou chamar os gibeonitas e falou com eles. (Os gibeonitas não eram de origem israelita, mas remanescentes dos amorreus. Os israelitas tinham feito com eles um acordo sob juramento; mas Saul, em seu zelo por Israel e Judá, havia tentado exterminá-los.) 3 Davi perguntou aos gibeonitas: “Que posso fazer por vocês? Como posso reparar o que foi feito, para que abençoem a herança do Senhor?” 4 Os gibeonitas responderam: “Não exigimos de Saul ou de sua família prata ou ouro, nem queremos matar ninguém em Israel”… 6 que sete descendentes dele sejam executados perante o Senhor, em Gibeá de Saul, no monte do Senhor”. “Eu os entregarei a vocês”, disse o rei. (2 Sm 21.1–6 NVI).
Em algum momento do reinado de Davi, provavelmente no final, Israel foi afligido por uma seca de três anos. Quando ele perguntou ao Senhor o motivo daquilo estar acontecendo, o Senhor revelou que era uma consequência do pecado de Saul, que quebrou aliança feita com os gibeonitas, ainda nos dias de Josué (Josué 9:15–21).
Quando a aliança foi feita, Israel estava sob a liderança de Josué, ele havia acabado de destruir Jericó e Ai, e estava pronto para atacar os amorreus, que ficavam na região montanhosa.
O povo de Gibeão, estava no caminho das conquistas de Josué, e para evitar que fossem destruídos, eles fingiram que não faziam parte de Canaã. Conseguindo enganar Josué, fizeram um acordo, onde os gibeonitas serviriam por tempo indeterminado a Israel nos trabalhos pesados, mas jamais seriam atacados.
Embora a aliança tenha sido feita a partir de um engano, o cumprimento obrigatório era reconhecido tanto pelos israelitas quanto pelos gibeonitas.
Contudo, em seus dias Saul, os atacou e matou alguns gibeonitas, algo que não é registrado no relato bíblico durante seu reinado.
Quando Davi soube que a fome havia atingido Israel como punição pela violação da aliança, ele perguntou aos líderes gibeonitas o que deveria fazer por eles, para que a dívida fosse paga. Eles responderam que não queriam nem prata, nem ouro. Eles queriam a aplicação da justiça.
Em sua proposta, eles pediram que sete descendentes masculinos de Saul fossem entregues a eles para que pudessem praticar a antiga tradição da lex talionis ou Lei de Talião, que é — olho por olho, dente por dente e vida por vida, conforme nos diz Êxodo 21:23–25.
A Lei de Talião determina que a justiça seja estabelecida a partir da reciprocidade. Ou seja, ao infrator é aplicada a pena com base no crime que ele cometeu. Se ele ferisse o olho de alguém e a pessoa ficasse cega, por exemplo, o infrator teria um de seus olhos vazados.
No caso de Saul, como ele matou alguns gibeonitas e não estava mais vivo para pagar pelos seus crimes, a punição deveria ser aplicada aos seus descendentes.
Davi reconheceu que a exigência era justa, mas por causa da promessa que havia feito a Jônatas de que preservaria para sempre sua semente (1 Samuel 20:15–16), ele fez um acordo para que Mefibosete, filho de Jônatas, fosse poupado.
Outros descendentes de Saul escolhidos para a execução, foram: Armoni e outro Mefibosete, filhos da concubina de Saul, Rispa ( 2 Samuel 3:7). E os outros cinco, eram todos filhos de Merabe, filha de Saul.
Eu aprendo algumas coisas aqui.
A fome de três anos era o resultado do juízo de Deus por um pecado que Saul havia cometido, mas que agora, assola todos os descendentes de Israel e Judá.
Davi buscou ao Senhor com base nas promessas de Deus, em Deuteronômio 28.1-14, onde o Senhor prometeu que enviaria chuvas regularmente, enquanto o povo obedecesse, mas caso eles desobedecessem, haveria seca, como punição.
Não fica claro, o motivo de ele ter esperado por três anos para orar a Deus sobre isso, mas provavelmente estava tentando lidar com o problema, sozinho.
O que estava por trás da escassez daqueles dias, era o assassinato dos gibeonitas. O pecado de Saul havia contaminado a terra.
Saul estava morto há mais de trinta anos, e Deus na sua soberania e paciência esperou até que o momento certo da aplicação da Lei chegasse.
Com isso, eu aprendo que o nosso Deus é Santo, Justo e Leal. Ele está atento às nossas atitudes, e o fato de as consequências dos nossos erros não virem imediatamente, não significa que ele esqueceu.
Ele espera a nossa atitude de arrependimento…
2 Samuel 21.9-10:A devoção de Rispa
9 Ele os entregou aos gibeonitas, que os executaram no monte, perante o Senhor. Os sete foram mortos ao mesmo tempo, nos primeiros dias da colheita de cevada. 10 Então Rispa, filha de Aiá, pegou um pano de saco e o estendeu para si sobre uma rocha. Desde o início da colheita até cair chuva do céu sobre os corpos, ela não deixou que as aves de rapina os tocassem de dia, nem os animais selvagens à noite. (2 Sm 21.9–10 NVI).
Esses sete filhos e netos de Saul foram executados publicamente pelos gibeonitas no início da colheita da cevada, no início da primavera, provavelmente no mês de setembro.
Para nós cristãos, esse episódio todo, parece uma verdadeira abominação e não parece nos apresentar o Deus de amor que entregou Jesus a dolorosa morte para perdoar os nossos pecados.
Mas precisamos olhar para o contexto da época.
Eles viviam sob o regimento da Lei, e o próprio Deus estava punindo Israel por causa do pecado de Saul.
O que a lei dizia?
Para a expiação do sangue, isto é, para o perdão do pecado era exigido o derramamento de sangue, como está escrito em Levítico 24:21,22:
Quem matar um animal fará restituição, mas quem matar um homem será morto. Vocês terão a mesma lei para o estrangeiro e para o natural. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. (Levítico 24:21,22 NVI)
Mas o que fazer nesse caso, já que Saul estava morto?
A dívida deveria ser paga pelos descendentes dele, como está escrito em Deuteronômio 21.1-9.
Os gibeonitas exigiram que a dívida fosse paga com o sacrifício da vida de sete descendentes de Saul, mas isso era proibido em Israel como diz a Lei em Deuteronômio 21.1-9.
Mas nesse caso, como a sentença era exigência dos gibeonitas e a motivação era a retribuição do sangue derramado por Saul, podemos concluir que o texto Sagrado está nos ensinando sobre o caráter justo de Deus, que não esquece os pecados cometidos, sem que haja arrependimento.
Enquanto seus corpos estavam suspensos em seus locais de exposição, Rispa, mãe dos dois primeiros executados: Armoni e Mefibosete, recusou-se a derrubá-los e enterrá-los.
Com grande tristeza, ela lamentou por eles ficarem em uma área rochosa até a chegada das chuvas que quebram a seca. Isso pode ter levado entre 6 a 7 meses, visto que as chuvas em Israel começam entre Abril e Maio.
O motivo para a atitude dela, não é totalmente claro, mas provavelmente ela aceitou a vingança dos gibeonitas como sendo ao mesmo tempo o juízo de Deus contra a terra por causa de Saul e a aplicação da Lei, e isso nos ensina muito sobre submissão à Soberania de Deus.
O fato de os corpos terem permanecido pendurados até a chegada das chuvas, mostra que a maldição de Deus que estava sobre a terra, agora recai sobre os filhos de Saul que haviam sido executados, como está escrito em Deuteronômio 21:23.
A chegada das chuvas e o fim da seca, revela que a maldição havia acabado e os cadáveres poderiam ser retirados e enterrados.
A lei exigia que nesse tipo de execução, os corpos fossem retirados até o final do dia, quando se tratava de um crime pessoal, mas esse não era o caso.
A execução dos filhos de Saul foi motivada pela violação de uma aliança feita nos dias de Josué, e isso desagradou a Deus porque ele ama a fidelidade e aquele que mantém a palavra e a justiça.
Para nós pode ser exagero, especialmente para nós brasileiros, mas devemos lembrar que Israel deveria ser um modelo para todas as nações, em todos os sentidos.
Isso me lembra do que o Senhor Jesus nos ensinou em Mateus 5:13-16:
“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. “Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”. (Mateus 5:13-16 NVI)
A ordem de Deus para a nossa vida, continua sendo para que sejamos referência do seu caráter.
2 Samuel 21.11-14:Deus respondeu
11 Quando Davi foi informado do que Rispa, filha de Aiá, concubina de Saul, havia feito, 12 mandou recolher os ossos de Saul e de Jônatas, tomando-os dos cidadãos de Jabes-Gileade. (Eles haviam roubado os ossos da praça de Bete-Seã, onde os filisteus os tinham pendurado, no dia em que mataram Saul no monte Gilboa.) 13 Davi trouxe de lá os ossos de Saul e de seu filho Jônatas, recolhidos dentre os ossos dos que haviam sido executados. 14 Enterraram os ossos de Saul e de Jônatas no túmulo de Quis, pai de Saul, em Zela, na terra de Benjamim, e fizeram tudo o que o rei tinha ordenado. Depois disso Deus respondeu as orações em favor da terra de Israel. (2 Sm 21.11–14 NVI).
Quando Davi viu a devoção de Rispa em proteger os corpos de seus filhos dos pássaros e animais carnívoros, ele se lembrou da vergonhosa exposição dos corpos de Saul e seu filho Jônatas nas paredes de Bete-Sã, onde os filisteus os exibiram após a batalha de Gilboa (1 Samuel 31:11–13).
Então, ele providenciou um sepultamento digno a todos, ordenou que os ossos de Saul e Jônatas, mais os de seus descendentes fossem enterrados em Zela, cidade natal de Saul.
Isso era algo que todo israelita desejava. Podemos ver isso, em Abraão, no próprio Israel, e em José que pediu aos filhos de Israel que levassem seus ossos quando saíssem do Egito.
Depois que Davi fez isso, o texto Sagrado diz que Deus, novamente respondeu à oração em nome da nação.
Isso me ensina, que devemos resolver as nossas pendências humanas, para que o fluxo das nossas orações permaneçam tendo acesso ao trono da graça.
Sobre isso, veja o que está escrito em Mateus 5:23,24:
“Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta. (Mateus 5:23,24 NVI)
O nosso culto ao Senhor deve ser apresentado sem raiz de amargura. Não podemos seguir em nosso relacionamento com Jesus, estando o nosso coração cheio de ressentimento em relação ao próximo.
Precisamos nos reconciliar!..
2 Samuel 21.15-17: Outra batalha
15 Houve, ainda, outra batalha entre os filisteus e Israel; Davi e seus soldados foram lutar contra os filisteus. Davi se cansou muito, 16 e Isbi-Benobe, descendente de Rafa, prometeu matar Davi. (A ponta de bronze da lança de Isbi-Benobe pesava três quilos e seiscentos gramas, e, além disso, ele estava armado com uma espada nova.) 17 Mas Abisai, filho de Zeruia, foi em socorro de Davi e matou o filisteu. Então os soldados de Davi lhe juraram, dizendo: “Nunca mais sairás conosco à guerra, para que não apagues a lâmpada de Israel”. (2 Sm 21.15–17 NVI).
O capítulo termina nos mostrando mais um episódio da disputa entre Davi e os filisteus. Agora, o rei já não era o jovem guerreiro forte e ágil do passado, o rei agora estava mais velho e lento.
Nessa batalha, um gigante filisteu, chamado Isbi-Benobe, atacou a Davi e só não o matou, porque Abisai, um de seus valentes, o defendeu e matou o gigante.
A partir daí, os guerreiros de Davi o aconselharam a nunca mais estar no campo de batalha. Sua morte seria uma tragédia, nas palavras deles a luz de Israel se apagaria, isso porque, através de Davi a bênção da aliança de Deus estava sobre o povo.
Esse episódio me ensina duas coisas.
Por mais que os ciclos sejam gloriosos e fortes, eles se encerram. Até mesmo o grande rei Davi, foi alcançado pelo tempo e a força e coragem que o consagram, agora já não estavam mais presentes.
Isso faz parte da vida!
A outra lição, é sobre o reconhecimento de uma liderança saudável.
Todo o Israel e Judá sabiam, que a bênção de Deus sobre a nação era fruto do relacionamento do rei com o Senhor.
Se você tem uma liderança como a de Davi, honre-a, isso é agradável a Deus.