Atualmente há uma questão complexa que exige muita reflexão, mas que muitas vezes passa despercebida em meio à rotina acelerada que vivemos. Estou me referindo à idolatria do consumismo, um fenômeno que se tornou um marco de nossa era e que, como uma serpente silenciosa, faz parte da nossa sociedade, da nossa cultura, e molda a maneira como vivemos e interagimos com o mundo ao nosso redor.
Vivemos em uma sociedade de consumo, que nos incentiva constantemente a comprar mais, a possuir mais. Somos bombardeados diariamente por imagens, mensagens e ideais que nos convencem de que a felicidade pode ser comprada, que o amor pode ser adquirido e que o sucesso pode ser medido pelo número de nossos bens.
E assim, sem percebermos, nós nos curvamos a um novo ídolo, o ídolo do consumo, rendendo-lhe nossa adoração, nosso tempo, nossos recursos e, o mais trágico de tudo, nossos corações.
Esta idolatria do consumo é venenosa. Ela se disfarça de necessidade, de desejo, de progresso. Mas, na verdade, é uma forma de escravidão que nos distancia de Jesus, que nos torna cegos para o verdadeiro valor das coisas, para o verdadeiro sentido da vida. A idolatria do consumismo nos torna prisioneiros de uma corrida sem fim em busca de satisfação e realização que as coisas materiais não podem oferecer.
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Consumismo: um ídolo
“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mateus 6:24)
A mensagem de Jesus em Mateus 6:24 é bastante clara: há uma incompatibilidade entre a busca por Deus e a obsessão pelo materialismo. É aqui que se encontra a crise da nossa sociedade contemporânea, inclusive entre muitos cristãos. À medida que o consumismo ganha mais terreno, observamos uma distorção dos nossos valores e uma inversão das nossas prioridades.
Para deixar a situação mais clara, gostaria de compartilhar algumas estatísticas que revelam o alcance do problema. Em um estudo realizado em 2022 pela Universidade de Cambridge, constatou-se que os adultos estão passando, em média, três horas por dia navegando em sites de compras. Isso é mais tempo do que muitos de nós gastamos em oração, leitura bíblica ou envolvimento com nossas comunidades de fé.
Em outra pesquisa, realizada pela Associação de Consumidores do Brasil, foi revelado que 80% das pessoas admitem que compram coisas de que não precisam, simplesmente porque estão em promoção ou por impulso.
Também, segundo o Banco Central, o endividamento das famílias brasileiras atingiu um recorde histórico em 2022, com 78% das famílias endividadas. Muitas dessas dívidas são o resultado de compras desnecessárias, um sinal claro de que o consumismo está assumindo o controle das nossas vidas.
Essas estatísticas revelam que a idolatria do consumismo não é apenas um problema da nossa cabeça. Ela é real, perceptível e está presente em nosso dia a dia, afetando nossas decisões, nossas relações e, o mais importante, nosso relacionamento com Deus.
Essa é a realidade que enfrentamos. Quando permitimos que o consumismo se torne o centro de nossas vidas, estamos nos rendendo a um ídolo. Quando passamos mais tempo navegando em lojas online do que em oração, estamos escolhendo a quem servimos. E, como Jesus nos adverte, “não podemos servir a Deus e ao Dinheiro”.
Neste sentido, veja o que C.S Lewis disse: “Nosso Senhor considera a tarefa de conseguir o alimento da vida de fato importante. Ele não pensa que deve ser uma coisa fácil de fazer. Ele considera a nossa real necessidade tão urgentemente importante que Ele nos disse para buscá-Lo a respeito disso todos os dias. ‘Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia’. O único bem que Ele nos diz para buscarmos com a mesma persistência é o Reino de Deus.” – C.S Lewis
Precisamos estar cientes do perigo da idolatria do consumismo e resistir a ela, colocando Deus como o centro de nossas vidas.
A insatisfação do consumismo
Como o inferno e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem. (Provérbios 27:20)
Este provérbio ilustra de forma poética a natureza insaciável do desejo humano, especialmente quando dirigido para bens materiais. Não importa quanto adquirimos, sempre desejamos mais, numa busca infindável que muitas vezes traz consigo problemas graves, incluindo impactos na nossa saúde física e mental.
Estudos científicos recentes têm apontado para as maneiras alarmantes pelas quais o consumismo pode afetar negativamente a saúde das pessoas. A pressão para acompanhar as últimas tendências e possuir os mais recentes produtos tem contribuído para um aumento no estresse e na ansiedade. Um estudo de 2022 da American Psychological Association revelou que o estresse relacionado ao dinheiro e ao consumo foi citado como uma causa significativa de problemas de saúde mental em 64% dos adultos entrevistados.
Além disso, a busca constante por mais bens materiais pode levar ao esgotamento físico e mental, resultando em doenças como depressão, insônia e até doenças cardíacas. Estas são apenas algumas das maneiras pelas quais a busca desenfreada pelo consumo pode prejudicar nossa saúde.
Mas, como cristãos, temos um conselho bíblico para lidar com isso. Em Filipenses 4:11-13, o apóstolo Paulo nos dá um exemplo de como podemos encontrar contentamento em qualquer circunstância: “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses 4:11-13)
A mensagem de Paulo nos convida a adotar uma postura de contentamento, de gratidão pelo que temos, ao invés de um desejo insaciável por mais. Ao reconhecer que nossa verdadeira força e satisfação vêm de Deus, somos capazes de resistir à pressão do consumismo e encontrar paz em qualquer situação.
Enquanto navegamos na sociedade de consumo, lembremo-nos deste conselho bíblico. Ao invés de buscar a satisfação em bens materiais, procuremos encontrar contentamento em Deus, sabendo que Ele é a fonte de toda a nossa força e satisfação.
A busca pelo Reino de Deus
“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)
Há uma alternativa ao consumismo. Há uma maneira de viver que supera o insaciável desejo humano e oferece um sentido de propósito, de satisfação, de paz que nenhum objeto de consumo jamais poderia proporcionar. Essa alternativa é a busca pelo Reino de Deus.
Jesus nos chama para buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e Sua justiça. Esse convite não é para uma busca sem sentido, mas para uma vida de propósito, uma vida centrada na vontade de Deus e guiada pela Sua justiça.
Ao seguir esse caminho, nos libertamos da necessidade incessante de adquirir mais e mais, de correr atrás de objetos que nunca trarão a satisfação que ansiamos. Em vez disso, somos convidados a uma vida de contentamento, de gratidão, de generosidade, de amor.
Meu irmão, minha irmã, quero lhe encorajar a tomar a decisão de buscar primeiro o Reino de Deus em sua vida. Deixe que essa seja a sua prioridade, deixe que isso oriente suas decisões e ações. Quando fazemos isso, Jesus nos promete que todas essas coisas – ou seja, nossas necessidades materiais e físicas – serão acrescentadas.
Pense em uma vida onde o seu valor não é medido pela quantidade de coisas que você possui, mas pela proximidade do seu relacionamento com Deus. Pense em uma vida onde a sua segurança não depende do tamanho da sua conta bancária, mas do tamanho da sua fé em Jesus. Pense em uma vida onde a sua alegria não é baseada no que você pode comprar, mas na paz que você encontra em Deus.
Isso é o que significa buscar o Reino de Deus. Isso é o que Jesus nos convida a fazer.
Neste sentido, Joyce Meyer disse: “O consumismo é uma armadilha sutil que nos mantém ocupados acumulando coisas, enquanto negligenciamos a verdadeira riqueza do Reino de Deus.” – Joyce Meyer
Não permita que a idolatria do consumo roube a alegria e a paz que só podem ser encontradas em Jesus. Lembrem-se do conselho do Mestre: busquem primeiro o Reino de Deus, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Esse é o caminho para a verdadeira satisfação.