Em nossa incrível jornada pela vida, cada um de nós, em diferentes momentos, sentiu a dificuldade das montanhas e a profundidade dos vales. Quem nunca experimentou a alegria de uma vitória e, logo depois, a pressão de um desafio imprevisto? Parece que, assim que nos acostumamos às altitudes do triunfo, somos rapidamente trazidos de volta ao terreno da incerteza. Esta é a dança da vida – uma mistura de alegrias e tristezas, de conquistas e desafios.
Pense por exemplo, nos momentos em que você sentiu a brisa fresca da realização em seu rosto, apenas para, em seguida, se encontrar no deserto do desespero, da frustração. Não é estranho como, em um minuto, podemos estar tão elevados e, no próximo, tão desanimados?
Esta realidade humana é tão antiga quanto as histórias contadas nas páginas sagradas da Bíblia. Vejamos Elias, por exemplo. Um homem cuja fé moveu montanhas e desafiou reis. Um profeta que, em um dia, estava à frente de um milagre impressionante e, no dia seguinte, encontrou-se fugindo, temendo por sua vida, clamando a Deus no desespero.
Seu coração já pulsou no ritmo de Elias? Você já se perguntou como, após momentos de tão grande realização, pode se sentir tão só e vazio? Se sim, você não está sozinho, sozinha.
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O vale após o monte
A vida, muitas vezes, parece ser composta por montanhas e vales. Há momentos de triunfo, nos quais nos sentimos no topo do mundo, e momentos de desespero, nos quais a solidão e o medo nos sufocam. Elias, o profeta, conhecia bem essas duas situações. Ao ler 1 Reis 19, encontramos esse homem de Deus em um momento de angústia profunda, logo após uma vitória espetacular.
Imagine o cenário: Elias acabara de confrontar os 450 profetas de Baal no Monte Carmelo e os 400 profetas de Aserá. Com confiança inabalável, ele desafiou esses falsos profetas e viu o poder de Deus descer em chamas, consumindo o sacrifício e mostrando a todos quem era o verdadeiro Deus de Israel. Era uma vitória estrondosa, um triunfo do bem sobre o mal. O povo aclamava a Deus, e os profetas de Baal foram derrotados. Mas, em vez de comemoração, o que se seguiu para Elias foi uma queda profunda no desespero.
Quando a rainha Jezabel soube do que aconteceu, ela ameaçou Elias, prometendo tirar sua vida. Em um instante, o herói se tornou um fugitivo. Em vez de se levantar contra a rainha, Elias fugiu. E foi nesse momento que ele clamou a Deus:
“Já tive o suficiente, Senhor”, disse ele. “Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados” (1 Reis 19:4).
Por que esse sentimento de desespero tão profundo? O mesmo homem que desafiou centenas de profetas de Baal agora desejava morrer. Elias sentiu-se sozinho, abandonado e sem esperança. Mas não era realmente o fim.
Talvez você conheça essa sensação. Talvez, como o grande compositor Ludwig van Beethoven, você já tenha enfrentado circunstâncias que ameaçavam sua paixão. Beethoven, mesmo surdo, escreveu algumas de suas composições mais brilhantes. Em meio ao desespero, ele encontrou força para continuar. Ele foi movido pelo propósito.
A Bíblia nos diz em Salmos 34:18:
“O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.”
Elias precisava ser lembrado de que não estava sozinho. E o mesmo Deus que estava com Elias, que enviou um anjo para alimentá-lo e confortá-lo naquele momento de desespero, está conosco nos nossos momentos mais sombrios.
Assim como Beethoven encontrou força para criar música, mesmo na surdez, e Elias encontrou força para continuar, mesmo no desespero, nós também podemos encontrar força e propósito nos momentos mais desafiadores de nossa vida.
Sobre isso, Elisabeth Elliot disse o seguinte: “Mesmo após os maiores triunfos, o vale da solidão pode se fazer presente, mas é na quietude desse vale que Deus sussurra Seu amor e propósito mais profundos para nós.”
Em nossa jornada pela vida, todos enfrentamos nossos próprios “Montes Carmelos” e vales de desespero. Mas em cada passo do caminho, somos lembrados de que não estamos sozinhos. O Senhor está conosco, e Seu amor é a força que nos sustenta.
O sussurro no silêncio
Na trama da vida, são frequentes os momentos em que o barulho do mundo parece nos silenciar. Curiosamente, muitas vezes, é no silêncio que encontramos as respostas mais claras.
A história de Elias não terminou naquele momento de desespero, e é no desenrolar de sua jornada que encontramos um dos episódios mais tocantes das Escrituras.
Após seu pedido desesperado por fim, Elias foi instruído por Deus a permanecer em uma caverna no monte Horebe. Lá, o Senhor passou diante de Elias, mas não da maneira que o profeta ou qualquer um de nós poderia esperar. Não foi no vento poderoso que rasgou as montanhas, não foi no terremoto e nem no fogo. Foi no “gentil sussurro” que Elias ouviu a voz de Deus (1 Reis 19:12).
O que é tão poderoso sobre esse “gentil sussurro”?
Em um mundo que parece cada vez mais barulhento e caótico, muitos estão em busca de silêncio e paz. Estatísticas revelam que a poluição sonora em cidades ao redor do mundo aumentou em cerca de 50% nas últimas duas décadas. Esse barulho constante não só afeta nossa audição física, mas também nosso bem-estar emocional e espiritual. Com tanta distração, é uma maravilha que consigamos ouvir qualquer coisa, muito menos um sussurro.
Mas talvez seja exatamente isso que Deus deseja nos ensinar através da experiência de Elias. Em meio à agitação, à dor, à confusão e ao barulho, o Senhor ainda fala. Ele fala de maneiras suaves e inesperadas, esperando que façamos uma pausa, que nos aquietemos e que nos inclinemos para ouvir.
O salmista escreveu: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” (Salmos 46:10).
Nesse versículo, há um convite para que, no meio do tumulto de nossa vida, façamos uma pausa. Aquietar não significa apenas silenciar nossa voz, mas também nossa mente e coração. Significa criar um espaço onde possamos realmente ouvir.
Em nossa sociedade moderna, muitos buscam técnicas de meditação, terapias e retiros para encontrar esse silêncio. Mas a verdadeira paz, aquela que vai além de toda a compreensão, é encontrada na presença de Deus.
Assim como Elias, somos convidados a encontrar um lugar de quietude, um refúgio onde possamos ouvir o sussurro divino. Pode ser em um canto tranquilo da casa, em um passeio pela natureza ou simplesmente em um momento de oração silenciosa.
Sobre isso, A.W Tozer disse o seguinte: “No silêncio mais profundo, a voz de Deus é mais audível. Ele sussurra à nossa alma quando o mundo grita à nossa volta.” – A.W. Tozer.
Lembre-se, Deus ainda fala, mesmo quando o mundo grita. E a voz que guia, conforta e dá propósito é frequentemente encontrada não no estrondo, mas no gentil e amoroso sussurro. E nesse sussurro, encontramos nossa verdadeira direção e propósito.
O caminho além do vale
À medida que caminhamos pela jornada da vida, não é raro nos encontrarmos em encruzilhadas. Momentos em que nos perguntamos: “Para onde vou agora?”
A história de Elias não terminou com aquele sussurro gentil; é verdade que, aquela experiência foi o início de uma nova fase em sua jornada com Deus.
Depois de ouvir a voz do Senhor, Elias recebeu instruções claras sobre as próximas etapas. Não era o fim de sua jornada; era apenas um novo começo. Deus lhe mostrou que ainda havia trabalho a ser feito, pessoas a serem ungidas e uma nação a ser guiada. Elias, que sentia que estava sozinho, descobriu que havia sete mil em Israel que não haviam se curvado a Baal (1 Reis 19:18).
Nossos momentos de desespero e solidão, por mais reais e profundos que sejam, não são o fim da história. Assim como Elias, podemos descobrir que Deus tem mais para nós além do vale. Mais para aprender, mais para experimentar e mais para dar.
Paulo, escrevendo aos Filipenses, nos lembra:
“Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6).
Nossa história com Jesus não termina quando enfrentamos desafios ou quando nos sentimos perdidos. Ele está continuamente moldando, guiando e nos preparando para o que vem a seguir.
Talvez, neste exato momento, você esteja sentindo-se como Elias na caverna, ansiando por direção e propósito. Pode ser que o barulho do mundo tenha ofuscado sua visão, ou talvez circunstâncias difíceis tenham enfraquecido sua esperança. Mas lembre-se de que a jornada não termina no vale.
Há um chamado mais alto, um propósito maior e um amor mais profundo esperando por você. Jesus não terminou com você. Seu amor é constante, Sua direção é certa, e Seu propósito para você é inabalável.
Assim como Elias, é possível que você descubra que, mesmo nos momentos mais solitários, não está realmente sozinho, sozinha. Há outros caminhando ao seu lado, inspirados por sua fé, fortalecidos por sua perseverança e encorajados por sua jornada.
Sobre isso, C.S Lewis disse o seguinte: “Nos vales da vida, onde o eco da solidão é mais forte, é ali que a voz suave de Deus ressoa com mais clareza, lembrando-nos de que nunca caminhamos sozinhos.” – C.S. Lewis.
Então, ao enfrentar os desafios da vida, ao ouvir o sussurro de Deus e ao procurar Seu propósito, lembre-se de que você é amado, amada, valorizado, valorizada e tem um papel único a desempenhar neste mundo. Não desista, não perca a esperança. Seu melhor ainda está por vir, e o Senhor está com você em cada passo do caminho.