A vida, em suas inúmeras situações, é feita tanto de clareiras ensolaradas quanto de densos trechos de floresta. Por vezes, encontramo-nos em altos picos, com vistas panorâmicas que nos tiram o fôlego, enchendo nossos corações de esperança e alegria. Mas há momentos em que o terreno muda e nos encontramos em vastos desertos de incerteza e solidão, questionando o propósito de nossa jornada e onde Deus se encaixa nisso tudo.
Todos nós, em diferentes fases de nossas vidas, já pisamos nas quentes areias do deserto. O peso da solidão, o grito silencioso do coração que anseia por respostas, a sensação árida de desesperança — são emoções que, embora intensas, são universais em sua natureza. E é aqui, nesses momentos aparentemente intermináveis de reflexão e questionamento, que descobrimos verdades poderosas sobre nós mesmos e sobre o Deus que nunca nos deixa.
Por mais contraditório que possa parecer, é justamente no deserto que a alma encontra espaço para crescer, expandir e se conectar profundamente com o Senhor. As tempestades de areia podem ofuscar nossa visão, mas é também no deserto que as noites são mais claras, onde cada estrela brilha com uma promessa eterna, relembrando-nos das promessas do Criador.
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De Desertos e Diamantes
Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem. – Salmo 23.4.
A promessa nesse versículo é um bálsamo para a alma quando estamos nos momentos mais secos de nossas vidas, os períodos de deserto que todos nós, em algum ponto, enfrentamos.
Nessas fases, podemos nos sentir abandonados e sem direção, questionando onde Deus está em meio ao sofrimento. Mas, é crucial entender que esses períodos não são punições, mas sim processos de formação. Deus usa o deserto para refinar nosso caráter, ensinar-nos lições de valor inestimável e moldar-nos em versões melhores de nós mesmos.
A vida de Viktor Frankl, psiquiatra austríaco que sobreviveu aos campos de concentração nazistas, é um excelente exemplo. Ele observou que, mesmo em circunstâncias horríveis, as pessoas podiam encontrar significado e propósito através do sofrimento, dando-lhes a força para continuar.
Mais tarde, Frankl usou suas experiências e insights para desenvolver a exploração da experiência imediata com base na motivação humana para a liberdade e para o encontro do sentido de vida. Ele não permitiu que seu período de ‘deserto’ fosse em vão; ao invés disso, ele permitiu que o moldasse e o refinasse para um propósito maior. Isso fez com que ele revolucionasse o campo das ciências psicológicas. E esse reconhecimento veio através dos muitos títulos e prêmios que ganhou ao longo da carreira.
O apóstolo Paulo, de um calabouço romano, também usou seu deserto para escrever palavras que confortaram e guiaram gerações. Ele encarou sua situação não como uma sentença de morte espiritual, mas como uma escola divina para aprofundar sua relação com Jesus e com a Igreja.
E o que isso tem a ver com você em seu próprio deserto?
Quer dizer que você não está sozinho, sozinha. O Senhor está lá, mesmo quando é difícil sentir Sua presença. Cada desafio que você enfrenta é uma oportunidade para crescer em caráter e em fé. E talvez o mais importante de tudo seja que o seu deserto não é o seu destino final; é um estágio em sua jornada para se tornar quem Deus planejou que você seja.
Neste sentido, o Pastor Rick Warren disse o seguinte: “Deus nunca desperdiça uma dor.” – Rick Warren
Enquanto estivermos caminhando nesse vale, podemos encontrar consolo em saber que a mão do bondoso Deus nos guia e nos molda. A jornada pode ser difícil e o caminho árido, mas o deserto é também um lugar de transformação profunda.
Assim como o ourives usa o calor para refinar o ouro, Deus usa nossos períodos de deserto para refinar nossas almas. Acredite no processo e saiba que, no final, você estará mais forte, com mais sabedoria e no caminho da vivência do plano de Deus para sua vida.
A Resiliência da Alma
“Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” – Hebreus 12:3
O sofrimento e os desafios não são estranhos até mesmo para Jesus Cristo, e como este versículo nos mostra, ele enfrentou essas tribulações por um propósito muito mais alto.
Em nossos dias, a dor emocional e espiritual é uma realidade perceptível. De acordo com uma pesquisa realizada pela Barna Group, cerca de 60% dos adultos nos Estados Unidos afirmam ter passado por uma “crise de fé” em algum momento de suas vidas. Esse dado nos dá uma janela para o tamanho do “deserto espiritual” que muitos de nós enfrentamos, muitas vezes fazendo-nos questionar nossa fé e propósito.
Mas o deserto não é um lugar de derrota; é um lugar de crescimento. Em uma cultura obcecada por ganhos altos com pouco trabalho e resultados rápidos, o deserto nos ensina o valor da paciência, a importância da perseverança e o valor da fé. Ele acaba com nossas ilusões de controle e nos força a depender unicamente da graça e do poder de Deus.
Não é por acaso que muitos dos grandes líderes e pensadores cristãos experimentaram seus próprios períodos de deserto.
John Bunyan escreveu “O Peregrino” enquanto estava preso, um livro que tem impactado cristãos ao redor do mundo há mais de três séculos. Bunyan transformou sua provação em um ministério duradouro que toca milhões de vidas. Ele viu o deserto não como um fim, mas como um meio para um fim muito maior.
Da mesma forma, devemos olhar para nossos próprios períodos de deserto como oportunidades para crescimento e transformação. Lembre-se de que Deus não está nos punindo, mas refinando-nos. Ele está nos preparando para um serviço maior, um propósito mais alto, e uma vida mais rica em significado e satisfação.
Neste sentido, Priscilla Shirer disse o seguinte: “Deus me prometeu que, se eu passar pelo fogo, não serei queimado. Ele não disse que não sentiria o calor.” – Priscilla Shirer
Enquanto você atravessa o seu deserto, seja ele de qualquer natureza, saiba que não está só. O Senhor está com você a cada passo do caminho, utilizando cada desafio e cada sofrimento para formar em você um caráter de puro ouro.
Quando você sair do outro lado — e você sairá — não será mais a mesma pessoa. Você será um cristão ou cristã mais forte, moldado à imagem daquele que “suportou tais contradições dos pecadores” para que pudéssemos ter vida, e vida em abundância.
Rumo à Terra Prometida
“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento de sorte que a possais suportar” – 1 Coríntios 10:13.
O que esse versículo nos ensina não é apenas que enfrentaremos tentações e tribulações, mas que Deus está conosco em cada passo do caminho. Ele é fiel em nos fornecer as ferramentas e a força para superá-las.
Agora, você pode estar se perguntando: “Como posso encontrar essa força? Como posso ver o deserto não como um fim, mas como um novo começo?”
O segredo está em mudar sua perspectiva. O deserto não é uma terra de escassez, mas uma terra de descoberta. É onde aprendemos mais sobre quem somos, o que valorizamos e para quem ou para quê vivemos.
Imagine sua vida como um magnífico tapete. Quando você olha pelo lado de baixo, tudo o que vê são fios soltos, nós e uma mistura confusa de cores. Mas Deus está olhando pelo lado de cima, e Ele vê o desenho maravilhoso que está sendo tecido com cada um desses fios.
Cada desafio que você enfrenta, cada obstáculo que você supera, cada luta que você suporta, são todos fios que estão sendo tecidos no maravilhoso desenho que é a sua vida.
Cada um de nós tem uma escolha. Podemos olhar para o nosso deserto e ver um lugar de isolamento, ou podemos vê-lo como um lugar de preparação. Deus frequentemente usou o deserto para preparar Seus servos para grandes tarefas.
Moisés, Davi, Jesus — todos passaram tempo no deserto antes de entrar no pleno cumprimento de seus chamados. Eles não saíram do deserto da mesma maneira que entraram. Eles saíram fortalecidos, focados e plenos de propósito.
Neste sentido, o Pastor Rick Warren disse o seguinte: “Deus está mais interessado em seu caráter do que em seu conforto. Deus não está tanto preocupado em nos livrar do sofrimento, quanto em nos transformar através dele.” – Rick Warren
A fé não é apenas a crença de que Deus pode fazer algo. É a certeza de que Ele o fará, no Seu tempo, segundo a Sua vontade.
Olhe para as provações como oportunidades para crescer, para se tornar mais como a pessoa que o Senhor lhe criou para ser. E lembre-se, o deserto é só uma estação, não o seu destino final.
Há um “terra prometida” esperando por você do outro lado. Atravesse o deserto, não com medo, mas com fé. Deus está tecendo seu tapete; confie no desenho que Ele está criando.