Em uma tranquila noite de quarta-feira, em 2015, alguns cristãos se reuniram na histórica Igreja Emanuel em Charleston, EUA, para um estudo bíblico. O que deveria ser um momento de comunhão e reflexão foi tragicamente interrompido por um atirador que, movido por ódio racial, tirou a vida de nove inocentes. O mundo ficou horrorizado, e o luto se espalhou como uma onda sombria.
Mas, em meio à dor e ao choque, algo extraordinário aconteceu. As famílias daqueles que foram brutalmente assassinados fizeram uma escolha surpreendente: elas escolheram perdoar.
A história continua sendo dolorosa, e como sociedade devemos nos unir para evitá-las, mas ao mesmo tempo ela produz esperança, e nos lembra que, em meio às tempestades mais escuras da vida, raios de graça, perdão e redenção podem brilhar intensamente.
As cicatrizes deixadas por tais tragédias são profundas, mas elas também podem se tornar testemunhos poderosos da capacidade humana de superar, de amar e de encontrar esperança mesmo nas circunstâncias mais desesperadoras.
Assim como as famílias da Igreja Emanuel nos mostraram, em nossa vulnerabilidade e dor, podemos encontrar a força que vem do alto, que nos cura e nos leva adiante.
Estudo no formato de vídeo:
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As Cicatrizes como Marcas da Batalha
“Estamos atribulados de todos os lados, mas não desanimados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos.” – 2 Coríntios 4:8-9
Paulo era um homem que carregava em seu corpo e alma cicatrizes profundas, e suas palavras nos fala de uma realidade que faz parte do nosso dia a dia: a batalha espiritual que se desenrola em nossos dias e em nossas noites.
Quando Paulo nos diz que estamos “atribulados de todos os lados”, ele reconhece a universalidade do sofrimento, da luta e da dor. Ele não nega a realidade das feridas, das cicatrizes que se formam quando somos pressionados pela vida, pelas circunstâncias, pelos desafios que parecem, por vezes, intransponíveis. Mas, que maravilhosas são suas palavras seguintes: “Mas não desanimados”. Aqui há um tesouro!
Como pode ser isso? Como pode um homem, uma mulher, que enfrenta tribulações de todos os lados, manter-se de pé, firme, e não sucumbir ao desânimo? A resposta, meu irmão, minha irmã, está na fonte da nossa esperança, na rocha da nossa fé: Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador!
As cicatrizes que carregamos, as marcas de nossas batalhas, são testemunhos não apenas de nossas lutas, mas, sobretudo, da nossa vitória em Cristo Jesus. Cada marca em nosso ser é uma história de superação, um relato vivo de que, mesmo andando pelo vale da sombra da morte, não tememos mal algum, porque o Senhor está conosco!
Neste sentido, Francis Chan disse o seguinte: “Nossa maior preocupação não deve ser se Deus está do nosso lado, mas se nós estamos do lado de Deus.”
Paulo estava “perplexo, mas não desesperado”. Ele enfrentou situações que desafiaram sua compreensão, que o levaram ao limite de sua força e entendimento. E, ainda assim, o desespero não encontrou morada em seu coração. E por quê? Porque sua esperança estava firmada em Jesus, e ela era inabalável, imutável, eterna!
Queridos, nossas cicatrizes falam, elas contam histórias, elas revelam que somos vaso nas mãos do Oleiro, que, mesmo quebrados, somos refeitos, restaurados, e usados para a Sua glória. Somos “perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos”.
Em cada palavra de Paulo, há uma promessa para nós: a de que, em meio às batalhas, não estamos só. O Senhor Jesus está conosco, e em Seu amor, encontramos a força para seguir em frente, para lutar, para vencer.
A Força Invisível que nos Sustenta
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.” – Romanos 5:3-4
Este texto nos fala de tribulações, mas também de uma esperança que é forjada no calor das adversidades, uma esperança que não nos deixa ser consumidos pelo desespero, mas que nos eleva acima das circunstâncias, nos permitindo vislumbrar a luz do Eterno em meio à escuridão.
Um bom exemplo disso é Nabeel Qureshi. Apologeta cristão, autor e palestrante, ele é conhecido por sua jornada espiritual intensa e transformadora. Nascido numa família muçulmana devota nos Estados Unidos, Nabeel dedicou sua juventude ao estudo do Islã.
A busca apaixonada pela verdade foi desafiada durante seus anos de faculdade por meio de uma amizade com um cristão e intensos anos de investigação sobre as reivindicações do Cristianismo e do Islã.
Após uma luta interna dolorosa, Nabeel converteu-se ao Cristianismo, uma decisão que trouxe alegria espiritual, mas também profundo custo relacional e cultural. Ele escreveu sobre sua jornada em vários livros, incluindo “Buscando Alá, Encontrando Jesus”, e até sua morte precoce devido ao câncer em 2017, ele compartilhou sua história e defesa da fé cristã ao redor do mundo.
E aqui, encontramos um paralelo com as palavras de Paulo: “a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança”. A esperança que brota das tribulações é uma esperança que foi testada, purificada e que se tornou inabalável. É uma esperança que não se baseia em circunstâncias, mas na certeza de que Deus está conosco, independentemente do que enfrentamos.
A história de nossos irmãos perseguidos, que mantêm sua fé mesmo diante das mais terríveis adversidades, é um testemunho vivo da verdade expressa por Paulo. Eles, em suas jornadas de dor, descobrem uma força, uma resiliência que só pode vir do alto. Eles nos mostram que, mesmo quando o mundo nos volta as costas, quando somos maltratados e rejeitados por amor a Cristo, a esperança que temos Nele nos sustenta, nos fortalece e nos permite continuar a caminhada.
Sobre isso, Nabeel Qureshi disse o seguinte: “Por mais que eu amasse Alá, sempre tive um desejo de estar perto dele. Eu sempre percebi que Alá estava distante, diferente de Jesus.”
Nossas cicatrizes, meus irmãos, falam de nossa resistência, de nossa recusa em nos render ao desespero e à desesperança. Elas são marcas de batalhas, sim, mas também são símbolos de vitórias, porque cada cicatriz que carregamos é a história de uma batalha da qual saímos vivos, pela graça e misericórdia de Deus.
Que possamos, olhar para nossas cicatrizes, e ver nelas não apenas as lutas que enfrentamos, mas também a fidelidade de Deus que nos sustentou em meio a elas. E que, ao compartilhar nossas histórias, possamos ser fonte de esperança e encorajamento uns para os outros, lembrando-nos sempre de que, em Cristo, somos mais do que vencedores.
O Toque Curador do Mestre
“Ele sara os corações despedaçados e enfaixa as suas feridas.” – Salmos 147:3
O salmista, com uma simplicidade tocante e profundamente verdadeira, nos revela uma parte do caráter de Deus que é essencial para cada um de nós, especialmente quando nossas almas estão marcadas pelas cicatrizes da vida: “Ele sara os corações despedaçados e enfaixa as suas feridas.”
É consolador saber que servimos a um Deus que não apenas vê e compreende a nossa dor, mas que também se inclina para nós, tocando nossas feridas com Suas mãos de amor e graça! Ele, o Criador do Universo, não está distante ou alheio ao nosso sofrer. Pelo contrário, Ele se aproxima, Ele se importa, Ele restaura!
Nossas cicatrizes, queridos irmãos, falam de nossas batalhas, mas também falam do toque curador de nosso Deus. Cada marca em nosso ser é um lembrete da dor, sim, mas também é um monumento à graça de Deus que nos sustentou, que nos curou, que nos deu a força para continuar a caminhar mesmo quando tudo parecia perdido.
Sobre isso, Lysa TerKeurst disse o seguinte: “A rejeição nunca tem a última palavra com Deus.”
Aqui, encontramos um convite para permitir que nossas cicatrizes se tornem testemunhos da fidelidade e do poder de Deus. Porque, quando compartilhamos nossas histórias, quando mostramos nossas cicatrizes e falamos do toque curador de Jesus, nos tornamos faróis de esperança em um mundo quebrantado, apontando para o Único que tem o poder de fazer novas todas as coisas.
Que cada cicatriz em sua alma, em seu corpo, seja um lembrete não apenas do que você enfrentou, mas do quanto Deus é fiel em sua vida. E que, ao olhar para elas, você não veja apenas a dor do passado, mas a vitória do presente e a esperança do futuro, porque o Senhor, nosso Deus, é o mesmo ontem, hoje e sempre.