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Números 21 Estudo: Qual a lição por trás da serpente de bronze?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Números 21 é um capítulo que me confronta com a tensão entre disciplina e graça, julgamento e restauração. Aqui, vejo Deus respondendo tanto à fé quanto à murmuração. Ao mesmo tempo que Ele pune a rebeldia com serpentes abrasadoras, também cura com um olhar de fé. Além disso, a caminhada de Israel rumo à Terra Prometida se acelera. Conquistas importantes como Arade, Seom e Ogue mostram que o Senhor continua à frente de seu povo, cumprindo Suas promessas.

Qual é o contexto histórico e teológico de Números 21?

O capítulo se passa já na parte final da peregrinação no deserto. Israel está a caminho de Moabe, preparando-se para entrar em Canaã. Os eventos ocorrem cerca de 40 anos após a saída do Egito. A geração que havia saído da escravidão está quase totalmente extinta. Uma nova geração está sendo formada — não só fisicamente, mas espiritualmente — para a guerra e para a fé.

De acordo com Walton, Matthews e Chavalas (2018), as cidades mencionadas aqui, como Arade, Jaza, Hesbom e Edrei, ocupam uma região geográfica estratégica: a Transjordânia. Era uma zona de disputa entre diversos povos, incluindo moabitas, amorreus e edomitas. As vitórias sobre Seom e Ogue são fundamentais para estabelecer Israel como nação soberana, com território definido.

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Eugene Merrill (1985) destaca que o uso do verbo ḥāram (“destruir totalmente”) indica que Israel não estava apenas lutando por espaço. Eles estavam consagrando aquelas batalhas ao Senhor, oferecendo-Lhe as cidades como um tributo. Isso dá ao capítulo um caráter teológico profundo: guerra e fé estão entrelaçadas.

Como o texto de Números 21 se desenvolve?

1. Por que Israel destruiu Arade? (Números 21.1–3)

O rei de Arade atacou Israel de forma inesperada e levou prisioneiros. O povo então fez um voto ao Senhor: “Se entregares este povo em nossas mãos, destruiremos totalmente as suas cidades” (v. 2). Deus respondeu ao voto e entregou os cananeus nas mãos deles.

A palavra “Hormá”, nome dado ao local da vitória, significa “destruição”. O uso de ḥāram revela que as cidades foram consagradas como oferta santa, não como despojo para os guerreiros (cf. Josué 6.21).

Essa conquista marca um ponto de virada. Depois de muitas derrotas e murmurações, Israel agora experimenta vitória por meio da fé e obediência.

2. O que revela o episódio das serpentes venenosas? (Números 21.4–9)

Durante o caminho, o povo voltou a reclamar: “Não há pão! Não há água! E nós detestamos esta comida miserável!” (v. 5). Como resposta, Deus envia serpentes abrasadoras que matam muitos.

Eles reconhecem o pecado e pedem intercessão a Moisés. Deus responde ordenando que Moisés levante uma serpente de bronze. Quem fosse mordido e olhasse para ela viveria (vv. 8–9).

Esse é um dos episódios mais significativos de Números. Como afirma Merrill (1985), o olhar para a serpente era um olhar de fé. Não bastava ver — era preciso crer na promessa de Deus. O próprio Jesus conecta esse evento à sua obra redentora: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, também o Filho do homem deve ser levantado” (João 3.14–15).

3. Como se deu a jornada até Moabe? (Números 21.10–20)

Israel avança por várias regiões pouco conhecidas, como Obote, Ijé-Abarim e Zerede. Essas paradas estão relacionadas à rota pelo leste de Edom. Ao chegarem a Beer, Deus concede água de forma milagrosa. O povo então canta: “Brote água, ó poço! Cantem a seu respeito” (v. 17).

Esse cântico espontâneo é importante. Mostra que o povo começa a confiar novamente. A fé que brota junto com a água é um prenúncio de renascimento espiritual.

Walton et al. (2018) destacam que muitos desses lugares mencionados também aparecem em mapas egípcios antigos, o que atesta a historicidade do itinerário.

4. Qual foi o impacto da vitória sobre Seom? (Números 21.21–32)

Israel pede passagem pacífica pela terra dos amorreus. Seom recusa e parte para o ataque. Israel vence e toma sua terra, de Arnom até o Jaboque (v. 24).

A conquista de Hesbom, cidade principal, ganha destaque. O texto insere um poema que exalta a destruição provocada por Seom contra Moabe, agora usado de forma irônica por Israel para celebrar a queda do próprio Seom (vv. 27–30).

Essa virada poética mostra como Deus reverte situações. O que era canção de conquista amorreia se torna cântico de vitória israelita.

Como lembra Merrill (1985), essa área estava em disputa entre moabitas e amorreus. Agora passa ao domínio de Israel. Isso não apenas cumpre promessas antigas, mas também consolida um povo que outrora era nômade e sem terra.

5. Por que a derrota de Ogue é tão significativa? (Números 21.33–35)

Ao subir em direção a Basã, Israel enfrenta Ogue, rei dos amorreus. Deus encoraja Moisés: “Não tenha medo dele, pois eu o entreguei a você” (v. 34). A vitória é completa. Nenhum sobrevivente resta.

Ogue é descrito como o último dos refains, um povo de gigantes (cf. Dt 3.11). Sua derrota mostra que nem mesmo os inimigos mais temidos podem resistir à vontade de Deus.

Com isso, Israel passa a dominar toda a Transjordânia, desde o Arnom até o monte Hermom. Essa conquista prepara o povo para atravessar o Jordão e entrar finalmente em Canaã.

Como Números 21 aponta para Cristo e o Novo Testamento?

A ligação mais clara está na serpente de bronze. Jesus a menciona em João 3.14–15, explicando que, assim como os israelitas olharam para a serpente e viveram, “todo o que nele crer tenha a vida eterna”. Isso mostra que a fé salvadora já estava presente no deserto, como uma sombra da cruz.

Além disso, a expressão ḥāram aparece em Josué 6, na destruição de Jericó. Em Cristo, entendemos que a consagração total de algo a Deus aponta para a entrega plena da nossa vida ao Senhor (Rm 12.1).

As vitórias sobre os reis inimigos também ecoam a promessa de Cristo como Rei vitorioso. Ele derrota os inimigos espirituais — pecado, morte e Satanás — e nos faz “mais que vencedores” (Romanos 8.37).

O que Números 21 me ensina para a vida hoje?

Ao ler Números 21, percebo que a caminhada com Deus envolve altos e baixos. Israel vence Arade, mas logo tropeça em murmuração. Isso me lembra que fé e fraqueza coexistem em mim.

A serpente de bronze me confronta com a necessidade da fé simples. Não era preciso escalar, correr ou lutar. Bastava olhar. Quando sou mordido pelo pecado, tudo que preciso é levantar os olhos para Jesus.

Também aprendo que Deus transforma maldição em bênção. O povo murmurou, sofreu, mas foi curado. Esse padrão se repete: queda, arrependimento, restauração. A graça triunfa.

As vitórias sobre Seom e Ogue mostram que Deus cumpre promessas antigas. Mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis, Ele prepara o caminho. Nenhum rei é forte demais. Nenhuma muralha é alta demais. Nenhum deserto é seco demais.

Outra lição importante está na música. Quando Deus dá água, o povo canta. Quando há conquista, há poesia. Isso me inspira a adorar nas pequenas e grandes vitórias. A espiritualidade bíblica é cantada, celebrada, compartilhada.

Por fim, vejo que a fidelidade de Deus não depende da fidelidade do povo. Ele responde ao voto, ouve o arrependimento, concede vitória. Mesmo com um povo frágil, Ele permanece firme. Isso me dá segurança: posso confiar, mesmo quando falho.


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