É comum ouvir pessoas lamentando: “Não tenho tempo para nada”, ou “O dia deveria ter mais horas”. Esse sentimento de escassez de tempo é reflexo de uma sociedade que valoriza a produtividade acima de tudo, muitas vezes em detrimento da saúde física, mental e, principalmente, espiritual.
A uma verdadeira crise do gerenciamento de tempo. Vivemos em uma época de constantes mudanças, na qual a tecnologia e a aceleração do progresso nos levam a um ritmo de vida cada vez mais frenético. Este cenário, por vezes, nos faz esquecer do valor incalculável que cada segundo, cada minuto, tem em nossas vidas.
Somos bombardeados por informações e tarefas de todos os lados. A velocidade da internet, as redes sociais, os smartphones sempre à mão, os compromissos de trabalho, os estudos, as responsabilidades familiares e sociais. Tudo isso parece sugar nosso tempo e energia, levando-nos a uma sensação de esgotamento e, pior, a uma sensação de que estamos sempre correndo contra o relógio.
Mas é preciso lembrar que nosso tempo não pertence a nós, mas a Deus. E como administradores desse bem precioso, temos o dever de usá-lo com sabedoria. É sobre isso que vamos refletir na segunda mensagem da série: Primeiro o reino.
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O tempo como um dom
“Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.” (Efésios 5:16 acf)
Este versículo nos lembra que o tempo é um dom de Deus, um recurso valioso que Ele nos confiou.
Vivemos em uma era onde o tempo é muitas vezes medido em segundos, com cada momento sendo avaliado por sua produtividade. Segundo um estudo da Universidade de Stanford, estamos trabalhando mais horas do que nunca, com um aumento de 13% nas horas trabalhadas desde a última década.
É alarmante notar que uma pesquisa realizada pela American Psychological Association, em 2018, revelou que cerca de 53% dos adultos americanos relataram sentir-se estressados por não terem tempo suficiente para realizar todas as suas tarefas. Esse fenômeno, chamado de “time famine” ou “fome de tempo”, sugere que estamos em uma constante corrida contra o relógio, tentando espremer cada segundo de nossa existência para atender as demandas do mundo moderno.
Além disso, a era digital agitou essa sensação. Hoje, passamos em média mais de 6 horas por dia conectados à internet, segundo o relatório Digital 2022 da We Are Social e Hootsuite. Uma parte significativa desse tempo é gasto em redes sociais e outras distrações digitais que, embora possam ter valor em alguns aspectos, também podem consumir nosso tempo de maneira descontrolada.
Mas o texto de Efésios 5:16 nos chama a refletir sobre como estamos usando nosso tempo. Estamos usando cada oportunidade para o bem, para crescer, para nos desenvolver, para ajudar os outros, para amar a Deus e ao próximo, para buscar a justiça, para expandir o Reino de Deus? Ou estamos permitindo que o precioso dom do tempo seja sugado por preocupações mundanas e sem valor eterno?
O tempo, uma vez perdido, não pode ser recuperado. Não podemos comprar mais tempo, ganhá-lo ou armazená-lo para uso futuro. Cada momento que passa é uma oportunidade que nunca voltará. É um recurso finito, mas extremamente valioso.
Sobre isso, o Pastor Max Lucado disse: “A chave não é priorizar o que está na sua agenda, mas agendar as suas prioridades.” – Max Lucado
Devemos considerar cada segundo como um dom precioso de Deus. Cada dia que vivemos é um presente de Deus, uma oportunidade para honrá-Lo e servir ao próximo. Que possamos aprender a valorizar nosso tempo. Que possamos resistir às distrações do mundo moderno que buscam nos afastar de nosso verdadeiro propósito.
O reino de Deus e o tempo
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mateus 6:33)
Frequentemente, na correria da vida moderna, tendemos a colocar o Reino de Deus em segundo plano. Mas este versículo nos lembra que o Reino de Deus deve ser nossa prioridade.
Um excelente exemplo de alguém que priorizou o Reino de Deus é Elisabeth Kübler-Ross. Ela nasceu na Suíça em 1926, em uma família cristã protestante, e passou grande parte de sua vida se dedicando a cuidar dos que estavam no fim da vida.
Elisabeth se destacou na medicina como uma das pioneiras nos estudos sobre a morte e o morrer, tendo elaborado os cinco estágios do luto, que são amplamente utilizados até hoje. Mas sua contribuição mais significativa foi mudar a forma como lidamos com o fim da vida.
Em uma época onde a morte era quase um tabu, Elisabeth dedicou sua vida a garantir que os pacientes em fase terminal fossem tratados com dignidade e compaixão. Sua dedicação ao cuidado paliativo colocou a necessidade do paciente em primeiro lugar, reconhecendo a santidade e o valor de cada momento da vida, até o último.
Elisabeth vivenciou inúmeras vezes a dura realidade da morte, tanto em seus estudos como em sua vida pessoal. Mas sua fé a impulsionou a continuar seu trabalho, mesmo diante da adversidade. Ela entendia que a vida e a morte são partes de um ciclo maior, um ciclo que está nas mãos de Deus.
Elisabeth não só buscou o Reino de Deus em seu trabalho, mas também buscou trazer esse reino para a terra, através de sua compaixão e cuidado pelos vulneráveis. Ela acreditava que, ao fazer isso, estava cumprindo o chamado de Deus para a sua vida.
Em seu exemplo, vemos que buscar o Reino de Deus não significa apenas desejar pela vida eterna, mas também trabalhar para trazer a justiça, o amor e a misericórdia de Deus para o mundo em que vivemos.
Elisabeth Kübler-Ross nos ensina que podemos encontrar o Reino de Deus nos momentos mais difíceis da vida. E que, ao cuidar dos outros, mesmo em face da morte, estamos demonstrando o amor de Deus e expandindo Seu reino na terra.
Neste sentido, Elisabeth Kübler-Ross, em sua profunda sabedoria e compreensão da vida e da morte, afirmou: “As pessoas mais bonitas que conhecemos são aquelas que conheceram a derrota, conheceram o sofrimento, conheceram a luta, conheceram a perda e encontraram o caminho de saída das profundezas. Essas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enche de compaixão, gentileza e uma profunda preocupação amorosa. As pessoas bonitas não acontecem simplesmente. – Elisabeth Kübler-Ross
Meu irmão, minha irmã, que possamos seguir o exemplo dessa mulher de Deus e fazer do Reino de Deus nossa prioridade. Que cada momento de nossas vidas seja usado para buscar e expandir o Reino de Jesus sobre a Terra, lembrando que nosso tempo na terra é precioso e deve ser usado para glorificar a Deus e servir ao próximo.
A escolha é nossa
“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência…” (Deuteronômio 30:19)
A vida é feita de escolhas. Cada dia, cada momento nos apresenta novas oportunidades para escolher. E uma das escolhas mais importantes que fazemos é como vamos usar o tempo que nos foi dado.
Podemos escolher usar nosso tempo para buscar as coisas deste mundo, para nos preocuparmos com as coisas passageiras, para nos distrairmos com a correria da vida moderna. Ou podemos escolher usar nosso tempo para buscar o Reino de Deus, para priorizar nossa relação com Jesus, para amar e servir ao próximo.
A escolha é nossa. E essa escolha tem consequências. Como a vida de Elisabeth Kübler-Ross nos mostrou, quando escolhemos usar nosso tempo para buscar o Reino de Deus, podemos ter um impacto significativo na vida das pessoas ao nosso redor. Podemos trazer amor, esperança e conforto para aqueles que mais precisam. Podemos refletir a luz de Jesus em um mundo que muitas vezes é escuro e confuso.
E além disso, quando escolhemos buscar o Reino de Deus, também encontramos a verdadeira alegria e satisfação. Porque como Jesus nos ensinou, é dando que recebemos. Quando damos nosso tempo, nosso amor, nossa energia, nossa inteligência e recursos para servir a Deus e ao próximo, somos abençoados por isso.
Deus nos deu o dom do tempo. E Ele nos convida a usar esse dom com sabedoria. Ele nos convida a escolher a vida, a escolher o amor, a escolher a justiça. Ele nos convida a buscar primeiro o Seu Reino.
Sobre isso, Ann Voskamp uma vez escreveu: “O tempo é um rio de presentes divinos, e onde passamos mais tempo é onde encontramos mais presentes.” – Ann Voskamp
Que possamos responder a esse convite com coragem e fé. Que possamos escolher usar nosso tempo para buscar o Reino de Deus. Que possamos lembrar que, mesmo na correria da vida moderna, o que é verdadeiramente importante é o amor que compartilhamos, a justiça que buscamos, a fé que vivemos.