A música é uma das expressões mais populares da cultura brasileira, e ao longo dos anos, temos visto diferentes estilos musicais surgirem e se tornarem parte da identidade nacional. Um desses estilos que ganhou destaque recentemente é a chamada “sofrência”. Esse termo é utilizado para descrever canções que falam sobre amores perdidos, corações partidos e a dor da saudade.
Artistas como Marília Mendonça, Wesley Safadão, Gusttavo Lima e muitos outros têm conquistado fãs em todo o Brasil com suas músicas de sofrência.
O termo sofrência, é uma junção das palavras “sofrimento” e “carência”, e descreve o sentimento de dor, tristeza e angústia causado por um amor não correspondido, frustrado ou perdido. Este fenômeno cultural, embora não seja exclusivo do Brasil, adquiriu um espaço único no país.
Mas é importante questionar os efeitos dessa popularização da sofrência e como ela afeta a visão que temos sobre o amor e nossos próprios relacionamentos. Ao exaltar a dor, o sofrimento e a traição como algo que deve fazer parte do amor ou dos relacionamentos, corremos o risco de normalizar comportamentos e situações tóxicas, o que pode levar a uma idealização do amor que só traz frustração e desilusão.
Neste sermão, abordaremos a sofrência sob uma perspectiva bíblica, analisando como Deus não criou o ser humano para sofrer de amor e como a sofrência pode se tornar uma espécie de idolatria. Através de três partes fundamentadas em versículos bíblicos, buscaremos compreender melhor essa temática e como podemos encontrar a cura e o amor verdadeiro em Deus.
O lado oculto da SOFRÊNCIA (em vídeo)
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Deus não nos criou para sofrer de amor
Veja o que está escrito em Gênesis 2.18:
“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe corresponda.” (Gênesis 2:18)
No princípio da criação, quando Deus formou o primeiro homem, Adão, Ele o colocou no Jardim do Éden e lhe deu uma tarefa: dar nome a todas as criaturas. Mas, mesmo rodeado de toda a beleza da criação e com uma responsabilidade importante, Adão ainda se sentia só.
A solidão de Adão foi observada por Deus, que entendeu que o homem necessitava de uma companhia adequada, alguém que pudesse compartilhar sua vida e caminhar ao seu lado.
Foi então que Deus criou Eva, uma ajudadora compatível com Adão, mostrando, desde o início, o propósito divino para os relacionamentos humanos. Deus abençoou o casamento entre um homem e uma mulher, revelando em Adão e Eva sua vontade par a família.
A intenção de Deus sempre foi que o homem e a mulher se complementassem e vivessem em harmonia, compartilhando amor, companheirismo e responsabilidades. O amor, no projeto de Deus, é uma força que une o homem e a mulher e promove a comunhão, não um sentimento que provoca dor e sofrimento.
A sofrência, como vemos na cultura brasileira, é um conceito que vai contra essa visão bíblica do amor. Ao enfatizar o sofrimento, a dor e a traição como aspectos centrais dos relacionamentos amorosos, a sofrência distorce a imagem do amor que Deus estabeleceu para a humanidade. Deus não nos criou para vivermos em constante sofrimento emocional, mas sim para desfrutarmos da comunhão uns com os outros e com Ele.
Ao longo da Bíblia, vemos exemplos de relacionamentos que refletem o amor e a comunhão estabelecidos por Deus no Jardim do Éden. O amor de Isaque por Rebeca, de Rute por Boaz e de José por Maria são apenas alguns exemplos de como Deus deseja que experimentemos o amor verdadeiro e profundo em nossas vidas.
Infelizmente, em um mundo caído e marcado pelo pecado, o amor na maioria das vezes perde sua essência, levando a situações de sofrimento e dor. Mas é fundamental lembrar que essa não é a vontade de Deus para nós. Ele anseia que encontremos felicidade e plenitude em nossos relacionamentos, sejam eles amorosos, familiares ou mesmo de amizade.
Sobre isso, Elisabeth Elliot disse o seguinte: “O amor verdadeiro é sempre voltado para fora de si mesmo; é sempre voltado para o outro e busca dar-se em serviço. O amor não busca a satisfação egoísta, mas sim a felicidade e o bem-estar do outro.” – Elisabeth Elliot
É importante dizer, também que, embora Deus não nos tenha criado para sofrer de amor, Ele entende nosso sofrimento e está sempre disposto a nos ajudar a superá-lo. Em vez de nos afastarmos dEle em momentos de dor, devemos buscar Sua presença e Seu consolo, pois Ele é a fonte de todo amor verdadeiro e duradouro.
A sofrência como idolatria
Veja o que está escrito em Êxodo 20:3:
“Não terás outros deuses diante de mim.” (Êxodo 20:3)
No segundo livro da Bíblia, Êxodo, encontramos os Dez Mandamentos, que são fundamentais para a vida do povo de Deus. O primeiro mandamento estabelece que o primeiro lugar de nossas vidas pertence a Deus, ordenando-nos a não colocar nenhum outro deus diante dEle. Esse mandamento é um lembrete de que Deus deve ser o centro de nossas vidas e o objeto de nossa adoração.
A sofrência, ao exaltar o sofrimento amoroso e a dor, se torna uma forma de idolatria. Quando nos entregamos completamente à dor do amor não correspondido, frustrado ou perdido, ou a necessidade de traição, corremos o risco de colocar a pessoa amada no centro de nossas vidas e permitir que ela se torne um ídolo.
Nossos pensamentos, desejos e ações passam a girar em torno desse ídolo, desviando-nos do verdadeiro propósito de nossa existência: amar e servir a Deus.
Ao permitir que a sofrência domine nosso coração, não apenas idolatramos a pessoa amada, mas também podemos nos tornar escravos de nossos sentimentos e emoções. Essa escravidão nos impede de experimentar a verdadeira liberdade e alegria que só podem ser encontradas em Jesus. A idolatria do coração nos distancia de Deus, pois substituímos o Seu amor e presença pelo vazio e sofrimento proporcionados pela sofrência.
É importante lembrar que a Bíblia nos adverte diversas vezes sobre os perigos da idolatria. Em 1 João 5:21, o apóstolo João escreve: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.”
Essa advertência não se aplica apenas aos ídolos físicos, como imagens e objetos, mas também aos ídolos do coração, como a pessoa amada no contexto da sofrência. A idolatria nos afasta de Deus e nos impede de experimentar a plenitude de Seu amor e bênçãos.
Sobre isso, A.W Tozer disse o seguinte: “Um ídolo é tudo aquilo que ocupa o lugar que Deus deveria ocupar em nossos corações. Quando algo ou alguém se torna mais importante do que Deus, estamos praticando idolatria e nos afastando da fonte de todo amor verdadeiro.” – A.W. Tozer
Para combater a idolatria da sofrência, devemos voltar nossos olhos para Deus e entregar a Ele nossos sentimentos e emoções. Em vez de permitir que a dor do amor não correspondido nos consuma, devemos buscar a presença de Deus e Seu amor verdadeiro e incondicional.
Quando Deus está no centro de nossas vidas, somos capazes de experimentar a alegria e a satisfação que a sofrência jamais poderá nos proporcionar.
Além disso, é fundamental cultivar uma vida de oração e comunhão com Deus, permitindo que Ele nos guie e nos ensine a amar de acordo com Seu propósito. A oração é uma ferramenta poderosa para nos conectar com Deus e nos ajudar a manter nossos corações livres da idolatria.
Ao nos aproximar de Deus, Ele nos capacita a amar os outros de uma maneira saudável e a experimentar a verdadeira felicidade em nossos relacionamentos.
Encontrando a cura e o amor verdadeiro em Deus
Veja o que está escrito em Salmos 147:3:
Versículo base: “Ele sara os de coração quebrantado e liga-lhes as feridas.” (Salmos 147:3)
A sofrência, embora seja um sentimento cada vez mais comum e presente na cultura brasileira, não deve ser um estado emocional permanente para o ser humano. Deus, em Sua infinita misericórdia e amor, nos oferece uma solução e cura para a dor e o sofrimento que experimentamos nos relacionamentos amorosos.
Ele é o único que pode verdadeiramente sarar nosso coração quebrantado e nos proporcionar o amor verdadeiro e duradouro e a atenção que tanto almejamos.
O Salmo 147:3 nos lembra que Deus é o grande Médico, capaz de curar nossos corações feridos e restaurar nossa alegria e paz. Quando nos voltamos para Deus em momentos de sofrimento e tristeza, Ele nos acolhe com amor e compaixão, prontamente disposto a nos ajudar a superar a dor e a desilusão.
A chave para encontrar a cura para a sofrência está em buscar a Deus e entregar a Ele nossas emoções e sentimentos.
Além de nos curar, Deus também nos ensina a amar de maneira sadia. Seu amor por nós é incondicional, sacrificial e eterno, servindo como modelo perfeito de como devemos amar os outros.
Em 1 João 4:19, está escrito: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro.”
Ao experimentar o amor de Deus em nossas vidas, somos capacitados a amar os outros de maneira saudável, profunda e genuína.
Para encontrar a cura e o amor verdadeiro em Deus, é fundamental desenvolver um relacionamento íntimo e pessoal com Ele. Isso envolve dedicar tempo à leitura da Bíblia, à oração e à meditação em Sua Palavra. Também é essencial cultivar uma vida de adoração e gratidão, reconhecendo a bondade e a fidelidade dele em todas as circunstâncias.
Sobre isso, Corrie Ten Boom disse: “Deus é a fonte de todo amor verdadeiro e cura; somente Ele pode preencher nosso coração e sarar nossas feridas. Quando nos voltamos para Ele, encontramos a paz e a alegria que o mundo não pode oferecer.” – Corrie ten Boom
É importante dizer que, ao buscar a Deus e permitir que Ele cure nossos corações, não estamos negando a realidade da dor e do sofrimento. Pelo contrário, estamos reconhecendo que Deus é maior do que nossas circunstâncias e que Ele é capaz de nos ajudar a enfrentar e superar as adversidades.