O poder, por sua natureza, não é maligno. Pode ser usado para proteger os vulneráveis, defender a justiça e promover o bem comum. Mas, a sedução do poder – a atração irresistível para o domínio, controle e autoridade sobre os outros – pode se tornar uma força tóxica e perigosa que nos leva para longe da vontade e propósito de Deus para nossa vida.
Podemos encontrar muitos exemplos dessa sedução do poder ao longo da história. Um dos mais notáveis é o de Napoleão Bonaparte.
Napoleão surgiu da Revolução Francesa como um herói – um defensor do povo e um campeão da igualdade. Mas, a sedução do poder o dominou. Ele se autoproclamou Imperador, desmantelando a jovem República que tinha jurado defender.
Napoleão, embarcou em uma série de conquistas agressivas, buscando expandir seu império pela Europa, indiferente ao custo em vidas humanas e sofrimento.
As conquistas de Napoleão pareciam gloriosas à primeira vista. Ele parecia invencível, seu poder parecia absoluto. Mas, como muitas histórias de poder e dominação, a de Napoleão terminou em tragédia.
Sua ambição desmedida levou à sua queda, com a perda da Batalha de Waterloo e seu exílio para a ilha de Santa Helena, onde passou o resto de seus dias em solidão e derrota.
A história de Napoleão serve como um poderoso lembrete da verdade bíblica – o poder na Terra é passageiro, e a busca insaciável por ele pode facilmente nos desviar de nosso verdadeiro propósito em Deus. É sobre isso que vamos refletir na sexta mensagem da série: Primeiro o reino.
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O poder como tentação
Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: “Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar”. Jesus lhe disse: “Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’”. (Mateus 4:8-10)
O primeiro ponto que devemos examinar é o poder como tentação. Porque a tentação pelo poder é universal, que ataca, tanto o indivíduo no dia a dia quanto as figuras mais notáveis da história.
O texto de Mateus 4:8-10 ilustra a sedução do poder em seu nível mais extremo. Jesus, o Filho de Deus, é tentado pelo Diabo com o domínio sobre todos os reinos do mundo – isto é, a promessa de poder absoluto. Mas, Jesus resiste à tentação, lembrando-se do propósito maior de servir a Deus.
A história de Napoleão, que mencionamos anteriormente, é um exemplo concreto de como a sedução do poder pode levar à ruína. Napoleão, no auge de seu poder, governou um império que, em seu auge, se estendia de Portugal a Rússia, cobrindo a maior parte da Europa continental.
Mas, suas incessantes campanhas militares resultaram em grandes perdas. Segundo algumas estimativas, mais de 3 milhões de pessoas, incluindo soldados e civis, morreram como resultado direto de suas guerras napoleônicas.
É importante dizer que a sedução do poder não se limita a líderes mundiais ou figuras históricas. Em um estudo publicado em 2019 pela (texto: Psychological Science), os pesquisadores descobriram que, mesmo em pequenos grupos de trabalho, aqueles em posições de poder eram mais propensos a tomar decisões que beneficiavam a si mesmos, em detrimento dos outros.
Essa é uma pequena amostra de que a sedução do poder é um problema universal, tocando todas as áreas da vida, desde a política até o local de trabalho. É uma força que, se não for dominada, pode nos desviar de nossa fé, ética e nosso compromisso de servir aos outros.
Sobre isso, Timothy Keller disse o seguinte: “Jesus nos ensina que o serviço, não o domínio, é o caminho do poder no Reino de Deus.” – Timothy Keller
Como Jesus demonstrou no deserto, a verdadeira força não reside na busca pelo poder, mas na capacidade de resistir à sua sedução, permanecendo firmes em nossos princípios e em nossa devoção a Jesus. A tentação pelo poder, pode até ser forte, mas a nossa fé e compromisso com os valores do Reino de Deus devem ser mais fortes ainda.
O poder é temporário
Pois, “toda a humanidade é como a relva, e toda a sua glória, como a flor da relva; a relva murcha e cai a sua flor, mas a palavra do Senhor permanece para sempre”. Essa é a palavra que lhes foi anunciada. (1 Pedro 1:24,25)
O segundo ponto que devemos abordar, sobre esse tema, é com relação a fragilidade do poder.
E nada ilustra melhor essa verdade, que o mundo dos negócios. As empresas lutam constantemente por poder e influência no mercado, buscando superar a concorrência e alcançar o topo. Mas, por mais poderosas que algumas empresas possam parecer, sua posição de liderança é sempre temporária.
Pegue, por exemplo, o mercado de tecnologia. Há algumas décadas, empresas como IBM e Microsoft dominavam o setor. A IBM foi a principal força por trás da revolução do computador mainframe nos anos 60 e 70, enquanto a Microsoft liderou o caminho no desenvolvimento de sistemas operacionais para computadores pessoais nos anos 80 e 90.
Porém, a ascensão de empresas como Google e Apple no século XXI mostrou quão rapidamente o equilíbrio de poder pode mudar. Em 2021, a Apple se tornou a primeira empresa a alcançar um valor de mercado de 2 trilhões de dólares, enquanto o Google, por meio de sua empresa-mãe Alphabet, não ficou muito atrás, com um valor de mercado de mais de 1 trilhão de dólares.
Essas mudanças de poder não se limitam ao setor de tecnologia. Um relatório de 2018 da Innosight, uma empresa de consultoria de estratégia de negócios, previu que quase 50% das empresas da lista S&P 500 serão substituídas nos próximos dez anos devido à transformação digital e à concorrência.
Portanto, seja no reino dos negócios, da política ou da vida pessoal, devemos lembrar que o poder na terra é temporário. Não importa quão grande seja a empresa, quão alta seja a posição ou quão forte seja a influência, nada disso durará para sempre.
Sobre isso, Max Lucado disse: “O poder é como um violino. Pegue-o pela parte de trás e toque com habilidade, não com presunção. Pois a música de poder é doce, mas nunca toque por muito tempo, porque o poder é para serviço, não para status.” – Max Lucado
Devemos lembrar que a palavra do Senhor, que é a verdadeira autoridade, permanece para sempre. Então, ao invés de nos esforçarmos para obter o poder passageiro, devemos buscar a eterna palavra de Deus, que proporciona uma base sólida e eterna para nossas vidas.
Buscando o Reino de Deus
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. (Mateus 6:33)
Esta é a cura para a tentação do poder, o remédio para a ânsia por domínio e controle. A verdadeira autoridade não está em títulos, posições ou riqueza material, mas em nosso relacionamento com Deus e nosso compromisso com Sua justiça.
Tornar o Reino de Deus a nossa prioridade começa pelo nosso amor a Jesus. Amando a Deus com todo o nosso coração, alma e mente, e amando o nosso próximo como a nós mesmos. A verdadeira autoridade é exercida não na dominação, mas no amor e serviço ao próximo.
Buscamos o Reino de Deus agindo com justiça. Ao invés de usar o poder para nosso benefício, usamos para beneficiar os outros, para corrigir as injustiças, para defender os vulneráveis. A verdadeira autoridade não é exercida em proveito próprio, mas na promoção do bem comum.
Buscamos o Reino de Deus vivendo com humildade. Em vez de exaltar a nós mesmos, devemos nos humilhar diante de Deus, reconhecendo que qualquer poder que possamos ter vem Dele. A verdadeira autoridade é exercida não em orgulho, mas em humildade e reconhecimento da soberania de Deus.
Este é o chamado de todos nós. Não importa quem sejamos, onde estejamos ou o que façamos, todos somos chamados a buscar o Reino de Deus e Sua justiça.
Nesta busca, podemos encontrar uma alegria e satisfação que o poder mundano nunca pode proporcionar. Pode não ser fácil. Pode haver momentos de dúvida e desafio. Mas no final, esta é a única busca que realmente importa, a única que pode trazer verdadeira paz e propósito para nossas vidas.
Sobre isso, o Evangelista Billy Graham disse o seguinte: “O único poder duradouro é o poder de Deus. Todo outro poder é efêmero e, no final, levará à ruína e à destruição.” – Billy Graham
Eu lhe encorajo a resistir à tentação pelo poder, ao desejo de estar em evidência e dominar. Não se deixe enganar por sua falsa promessa. Em vez disso, volte seus olhos para Jesus, busque Seu Reino e Sua justiça. Porque é aí que encontramos a verdadeira autoridade, o verdadeiro poder, a verdadeira vida. E é aí que encontramos a verdadeira felicidade e a paz que estão além de todo o entendimento.