Lamentar não resolve. Passar a vida lamentando ou reclamando não é a melhor forma de viver. Na verdade as pessoas que saíram do Egito e reclamaram no deserto, acabaram morrendo sem chegar a lugar algum.
No Salmo 137 vemos o salmista expressar sua dor por causa da permissão de Deus, em que ele e seu povo vivam como escravos em uma terra estrangeira…
A forma como ele derrama sua alma diante de Deus, é carregada de poderosos princípios que nos ajudarão a lidar com a situação, tendo uma perspectiva diferente.
Então, vamos lá!
1. SÓ LAMENTO
O Salmo 137 provavelmente foi escrito no final do cativeiro babilônico. Sendo assim, décadas já haviam se passado e alguns deles não conseguiam desenvolver a vida em um novo lugar, com nova cultura, contexto, costumes e rotinas completamente diferentes das que eles haviam vivido, em Jerusalém.
É muito interessante pensar sobre isso, porque, por anos e através de vários profetas o Senhor Deus os advertiu que, caso não mudassem seu comportamento e passassem a viver em obediência ao Senhor, eles seriam punidos com o cativeiro.
E o que eles fizeram?
Fizeram “pouco caso” das palavras do Senhor. Desprezaram a advertência, ignoraram a Palavra de Deus e agora estavam colhendo os frutos de suas más ações.
O problema de errar, de pecar não está, muitas vezes, no que fazemos. Mas, em como nos comportamos depois.
Quando o Senhor enviou o povo de Israel ao cativeiro, lhes disse para viver a vida, ser benção na Babilônia, procurar crescer e procurar a paz da nação, pois passariam ali 70 anos. Essa seria sua nova casa.
E qual foi o novo erro deles? O que eles fizeram?
Continuaram desprezando a direção do Senhor e fazendo as coisas de um jeito diferente da vontade e querer de Deus.
Ao invés de seguir em frente, eles continuaram com lamentações inúteis. E não aprenderam que lamentar não resolve.
2. Cântico e choro (versículos 3, 4)
Nos versículos 3 e 4 o salmista lembrou que os exilados na Babilônia sentaram-se e choraram pela destruição de Sião que é Jerusalém. Os rios referem-se ao Eufrates e aos canais e cursos d’água que dele decorrem.
A dor deles era tão grande que até os cantores ficaram em silêncio. Os exilados penduraram suas harpas porque não conseguiam cantar suas canções sobre sua terra natal enquanto seus opressores os insultavam.
Quando reflito sobre a atitude do Salmista eu penso imediatamente no Senhor Jesus.
Pense comigo, o que é mais difícil, sair de sua terra natal para ser escravo em outra, ou você ser Deus e se tornar homem?
Pergunto isso porque a maioria de nós acha que tem motivos suficientes para reclamar. Obedecemos um pouco, e já pensamos: “Nossa Deus tá pegando pesado”, “Deus está em silêncio!”
Agora, Jesus era Deus e se tornou homem. Jesus não sabia o que era uma dor de cabeça, até pisar no deserto da Palestina, não sabia o que era cansaço até ter que ajudar José, na carpintaria.
Mas pra mim o mais chocante não é o fato de Jesus ter vivido entre nós. O mais chocante é o motivo pelo qual ele veio!
Jesus veio sabendo que teria uma vida difícil, que não seria aceito pelos representantes de Deus, que seria traído por uma pessoa íntima e que seria condenado a morte de cruz sendo inocente.
Então Jesus pode nos falar sobre cansaço, injustiça, limitações financeiras, traição e sobre se sentir deslocado. No entanto, a atitude dele diante de tudo isso foi CANTAR!
Isso mesmo, mesmo em meio a esse destino turbulento, em Mateus 26.30 está escrito: “Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras”.
Antes do momento mais difícil de sua vida Jesus cantou e orou.
O salmista diz que era impossível para eles cantar, porque eram escravos, estavam longe de casa e as pessoas os estavam insultando. Mas quando eu olho para Jesus, vejo que podemos cantar em qualquer situação. Basta decidir, pois lamentar não resolve.
Está nas nossas mãos escolher entre a murmuração e a adoração. Mas, antes de escolher lembre que a murmuração nos mata e a adoração nos liberta, como libertou a Paulo e Silas e preparou o Senhor para o Calvário.
3. Em um momento tudo pode mudar (versículos 5, 6)
Durante a vida achamos que algumas coisas durarão para sempre: amizades, relacionamentos, sensações, sentimentos. Mas à medida que amadurecemos, vamos percebendo que a vida está em uma rotação constante, assim como a Terra.
E de repente aquilo que está ali, de repente não está mais.
Quando ouviram sobre o cativeiro, os judeus acharam aquilo um grande absurdo. Pensaram que Deus nunca faria isso com Jerusalém, que Ele jamais a destruiria.
Eles se apegaram tanto ao que é terreno e temporário, que quando isso foi tirado deles, muitos desistiram de viver. E, infelizmente o mesmo acontece com alguns de nós, quando surpreendidos pela “má notícia”.
Para muitos a mudança é sinônimo de parar de viver.
Nos versículos 5,6 percebemos o quão deprimido está o salmista. Ele faz uma espécie de juramento com a memória que tem sobre Jerusalém, de que se esquecê-la que sua mão direita, isto é, o símbolo da sua força e produtividade, se acabem.
O juramento do salmista é o mesmo que muitos de nós estamos fazendo. Nos apegamos a coisas, pessoas e instituições que o próprio Deus não valoriza. Que não significam nada!
Sendo assim, precisamos orar ao Senhor pedindo que ele nos conceda um coração sensível e obediente a sua voz e instrução, para que quando ele destruir coisas em nossas vidas, não tentemos consertá-las.
4. Lamentar não resolve, é preciso liberar perdão (versículos 7-9)
Durante a nossa vida vamos precisar fazer muitas escolhas e uma das mais difíceis, é a de liberar perdão.
Um dos grandes motivos pelos quais muitos de nós não consegue seguir em frente, é porque não consegue perdoar.
O Salmista estava tão focado em orar para que o mal acontecesse aos babilônios, que esqueceu de orar, para que houvesse paz na nação, como o Senhor lhes instruiu em Jeremias 29.
Por suas palavras fica muito claro que o salmista está magoado, ferido, humilhado e quer que as pessoas que o fizeram se sentir assim, sintam o mesmo.
Eu sei que falar sobre perdão é muito mais fácil do que perdoar, mas o cristianismo só será eficaz na nossa vida se formos intencionais em vivê-lo.
Se quando formos confrontados pela amargura, não clamarmos a Deus que nos ajude a obedecê-lo, não vamos conseguir. É preciso querer!
No Salmo 119.97 o salmista diz “Oh, quanto amo a tua lei, é a minha meditação todo o dia”. Se eu e você não tivermos prazer em obedecer a Deus, tudo o que a nossa vida será, é uma grande lamentação.
Não foi para isso que Deus nos chamou. Lamentar não resolve.
Ele nos chamou para a plenitude em Cristo, para andar em lugares altos. Acima das dores, das frustrações, das necessidades, das injustiças, acima de tudo.
Afinal, com Ele tudo é possível!