Êxodo 38 é uma continuação prática daquilo que foi ordenado anteriormente. Ao ler este capítulo, vejo como Deus valoriza a fidelidade nos detalhes. Cada medida, cada material, cada pessoa envolvida na construção do tabernáculo tem uma função específica. E isso me ensina que, na obra de Deus, nada é pequeno demais para ser ignorado ou grande demais para ser negligenciado.
Qual é o contexto histórico e teológico de Êxodo 38?
O livro de Êxodo foi escrito por Moisés e narra a libertação do povo de Israel do Egito, sua peregrinação pelo deserto e a constituição da aliança no Sinai. No capítulo 38, estamos na parte final da construção do tabernáculo, também chamado de Tenda do Encontro.
Essa estrutura móvel serviria como centro do culto israelita durante o tempo no deserto e seria o local onde Deus manifestaria Sua presença entre o povo. O tabernáculo era símbolo da habitação de Deus com Israel — uma antecipação da encarnação de Cristo, “Deus conosco” (Mateus 1.23).
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Victor P. Hamilton destaca que o tabernáculo não era uma ideia humana, mas divina: todas as instruções vieram de Deus, e a fidelidade na execução era expressão de obediência e reverência (HAMILTON, 2017, p. 844). Cada item construído revelava algo do caráter santo e ordenado de Deus.
Além disso, o capítulo mostra que o envolvimento de toda a comunidade era essencial: tanto o trabalho artesanal quanto as ofertas voluntárias são descritos com precisão. Esse senso de participação coletiva na adoração é um princípio que ecoa no Novo Testamento, quando Paulo compara a igreja ao corpo de Cristo, onde cada membro tem seu papel (1 Coríntios 12.12-27).
Como o texto de Êxodo 38 se desenvolve?
1. Como foi construído o altar dos holocaustos? (Êxodo 38.1–7)
O altar da oferta queimada era o centro do sistema sacrificial. Ele media cerca de 2,25 metros de largura e comprimento, por 1,35 metro de altura. Era feito de madeira de acácia, revestido de bronze e tinha quatro chifres nos cantos (Êxodo 38.1–2).
Os utensílios relacionados ao altar — pás, garfos, bacias e braseiros — também foram feitos de bronze (versículo 3). Esse material resistente representava juízo e purificação. A grelha de bronze, colocada a meia altura, servia como base para queimar os sacrifícios (versículo 4).
As argolas e varas de acácia permitiam o transporte do altar, demonstrando sua função itinerante (versículos 5–7). O fato de o altar ser oco também facilitava a mobilidade, mostrando que o culto deveria acompanhar o povo.
Essa seção me faz lembrar que o culto a Deus deve ser o centro da vida da comunidade. O altar era o lugar onde o pecador encontrava perdão e reconciliação. E, hoje, é em Cristo que temos acesso direto ao Pai.
2. Qual a importância da bacia de bronze? (Êxodo 38.8)
A bacia de bronze e sua base foram feitas a partir dos espelhos das mulheres que serviam à entrada da tenda. Segundo Walton, Matthews e Chavalas, no antigo Oriente Próximo, mulheres serviam nos templos em várias funções, mas o texto não especifica qual era a atividade dessas mulheres em Israel. O fato de seus espelhos serem usados indica consagração: algo pessoal e valioso foi entregue para um propósito maior (WALTON; MATTHEWS; CHAVALAS, 2018, p. 151).
Essa bacia era usada para a purificação dos sacerdotes, antes de entrarem no lugar santo (cf. Êxodo 30.17–21). Ela aponta para a santidade exigida por Deus: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1.16).
Essa passagem me faz refletir sobre o que estou disposto a entregar por amor a Deus. Aquilo que é valioso para mim — meu tempo, meus talentos, meus recursos — pode ser consagrado a Ele e se tornar instrumento de purificação e serviço.
3. Como foi montado o átrio? (Êxodo 38.9–20)
O átrio era o espaço externo que cercava o tabernáculo. Ele media cerca de 45 metros de comprimento por 22,5 metros de largura. As cortinas externas eram de linho fino trançado, presas a colunas de bronze com ligaduras de prata (versículos 9–17).
Na entrada do átrio havia uma cortina bordada com fios azuis, roxos e vermelhos (versículo 18), sinalizando beleza, reverência e santidade. Cada detalhe da estrutura apontava para a ordem e o esplendor do culto ao Senhor.
As estacas do átrio e da tenda eram todas de bronze (versículo 20), garantindo firmeza e estabilidade à estrutura. O culto ao Senhor exigia preparação, estrutura e beleza — um reflexo do próprio caráter de Deus.
Esse trecho me ensina que adorar a Deus não é um ato improvisado. Precisa haver dedicação, ordem e beleza. O culto não é apenas emoção, mas também reverência. E o espaço da adoração deve refletir a glória do Deus a quem servimos.
4. Quem foram os responsáveis pela obra? (Êxodo 38.21–23)
O texto faz questão de mencionar os responsáveis pela execução da obra: os levitas, sob a liderança de Itamar, filho de Arão (versículo 21), e os artesãos Bezalel e Aoliabe (versículos 22–23).
Bezalel, da tribo de Judá, foi capacitado por Deus com sabedoria, entendimento e habilidade artística. Aoliabe, da tribo de Dã, atuava como escultor, projetista e bordador. Juntos, representavam a união de dons e tribos diferentes em prol de um único propósito: glorificar a Deus.
Essa diversidade de dons me lembra da Igreja hoje. Deus distribui talentos diferentes a cada membro para que todos contribuam na edificação do corpo de Cristo (Efésios 4.11–13). E quando cada um cumpre sua parte, o nome de Deus é exaltado.
5. Qual era o valor dos metais oferecidos? (Êxodo 38.24–31)
O capítulo encerra com uma prestação de contas. O ouro oferecido totalizou aproximadamente uma tonelada (versículo 24), o que mostra a generosidade do povo. A prata somou cerca de três toneladas e meia (versículo 25), proveniente da taxa de propiciação de meio siclo paga por cada homem com mais de vinte anos (versículo 26), totalizando 603.550 homens — número que bate com o censo de Números 1.46.
A prata foi usada nas bases do santuário e nos ganchos das colunas (versículos 27–28). Já o bronze, cerca de duas toneladas e meia (versículo 29), foi destinado às estacas, ao altar, à grelha e a vários utensílios (versículos 30–31).
Esses dados nos lembram que a obra de Deus envolve recursos. E quando o povo de Deus se une para ofertar generosamente, grandes coisas são realizadas. Isso também reforça o valor da transparência e da boa administração no serviço do Senhor.
Quais conexões proféticas encontramos em Êxodo 38?
Embora Êxodo 38 seja eminentemente técnico e descritivo, ele ecoa princípios e símbolos que se cumprem plenamente em Cristo:
- O altar de bronze representa o lugar de sacrifício e juízo. No Novo Testamento, Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29), oferecendo-Se como sacrifício perfeito.
- A bacia de bronze aponta para a purificação necessária ao ministério. Em Cristo, somos lavados e purificados por Sua Palavra (Efésios 5.26).
- A cortina bordada da entrada do pátio lembra a separação entre o homem e Deus. Mas em Cristo, esse véu foi rasgado (Mateus 27.51), dando-nos acesso direto ao Pai (Hebreus 10.19–20).
- A generosidade do povo antecipa a atitude da igreja primitiva, que compartilhava seus bens para o avanço do Reino (Atos 4.32–35).
- A diversidade de dons dos artesãos antecipa a doutrina do corpo de Cristo, onde cada membro tem uma função vital (1 Coríntios 12.4–7).
Essas conexões mostram que o tabernáculo, com todos os seus detalhes, era uma sombra da realidade plena em Cristo (Hebreus 8.5).
O que Êxodo 38 me ensina para a vida hoje?
Ao refletir sobre Êxodo 38, percebo que Deus se importa com os detalhes. Nada escapa ao Seu olhar. E isso me encoraja, porque até as pequenas coisas que faço para Ele — desde um gesto de serviço até uma oferta — têm valor eterno.
Este capítulo também me ensina sobre consagração. As mulheres abriram mão de seus espelhos. O povo entregou ouro, prata e bronze. Os artesãos deram seus talentos. Todos contribuíram com o que tinham. E eu me pergunto: o que tenho colocado à disposição de Deus?
Outra lição que levo é sobre reverência. O altar, a bacia, as cortinas, os metais… tudo era feito com cuidado e excelência. O culto ao Senhor merece o nosso melhor. Não por obrigação, mas por amor.
Por fim, Êxodo 38 me ensina sobre prestação de contas. Moisés registrou tudo. Nada foi escondido. Havia transparência. E isso me desafia a viver uma vida íntegra diante de Deus e das pessoas.
Referências
- HAMILTON, Victor P. Êxodo. Tradução: João Artur dos Santos. 1. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
- WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Antigo Testamento. Tradução: Noemi Valéria Altoé da Silva. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2018.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.