Vivemos em tempos difíceis e dinâmicos, onde a urgência e a aceleração das tarefas e responsabilidades diárias, muitas vezes, nos afastam do que é verdadeiramente essencial.
A sociedade atual, imersa em uma era digital, apresenta uma demanda de atenção cada vez mais fragmentada. Segundo um estudo da Universidade da Califórnia, em 2022, a quantidade média de informação consumida por uma pessoa por dia era de cerca de 34 gigabytes, equivalente a um livro de 100.000 páginas. Dados como esses nos fazem questionar: onde estamos colocando a nossa atenção?
Diante desta realidade tão agitada, onde as demandas cotidianas parecem nos consumir, somos convidados a escolher um caminho diferente, um caminho dirigido pela Palavra de Deus, que nos instrui e guia em meio a este mar de informações e responsabilidades.
Pesquisas do Pew Research Center, em 2020, indicavam que 65% dos americanos se identificavam como cristãos. Mas, apenas cerca de 28% afirmavam que a religião era “muito importante” em suas vidas. É sobre essa incoerência entre a identidade cristã e a prática cristã que queremos tratar hoje.
Porque não se trata apenas de se identificar como cristão, mas de viver o cristianismo em seu sentido mais pleno – priorizando a busca pelo Reino de Deus acima de tudo.
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Escolhendo a busca
“Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6:33)
Esse texto nos confronta com a necessidade de colocarmos a busca pelo Reino de Deus e Sua justiça como a primeira e mais importante missão de nossas vidas. Mas como podemos fazer isso no mundo dia a dia, onde somos constantemente desafiados por necessidades e responsabilidades?
Para o melhor entendimento prático desse assunto, eu gostaria de compartilhar com vocês a história de William Wilberforce, um cristão que dedicou sua vida à busca do Reino de Deus, fazendo dessa busca a sua prioridade máxima.
Wilberforce nasceu na Inglaterra, em 1759, em uma família rica. Ele tinha todas as oportunidades e tentações que o mundo poderia oferecer a um jovem de sua posição. Mas, após uma conversão profunda ao cristianismo, ele fez uma escolha radical. Wilberforce decidiu utilizar seu privilégio e sua influência política como membro do Parlamento Britânico, para buscar o Reino de Deus e Sua justiça.
Ele se tornou um incansável defensor do movimento abolicionista, empregando todo seu esforço e influência para o fim do comércio de escravos.
Foi uma luta difícil e que durou muitos anos. Houve tempos de desânimo, tempos em que parecia que todas as forças do mundo estavam contra ele. Mas Wilberforce nunca desistiu. Sua fé o manteve firme, e ele continuou buscando o Reino de Deus, acreditando nas palavras de Mateus 6:33.
Finalmente, em 1807, após anos de batalhas, o Parlamento Britânico aprovou o Ato para a Abolição do Comércio de Escravos, uma vitória monumental que marcou o começo do fim da escravidão na Grã-Bretanha e em suas colônias.
A história de Wilberforce é um testemunho vivo da promessa contida no versículo de Mateus. Quando ele fez da busca pelo Reino de Deus a sua prioridade, Deus o guiou e o fortaleceu. Deus acrescentou a ele a vitória sobre a injustiça, ainda que fosse um problema aparentemente insuperável.
Sobre isso, John Stott disse o seguinte: “O cristianismo é na sua essência uma religião de renúncia, de negação de si mesmo, de venda e doação para os outros, e de busca em primeiro lugar do Reino de Deus.” – John Stott
É importante entender que a busca pelo Reino de Deus não é uma tarefa que nos desvia das realidades do mundo. Pelo contrário, é uma escolha que nos leva a enfrentar essas realidades com coragem, fé e uma compreensão clara de que, quando escolhemos buscar a Deus em primeiro lugar, Ele irá guiar nosso caminho e nos prover com tudo que precisamos para a jornada.
Definindo nossa vida
“Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Lucas 12:34)
As palavras de Lucas nos convidam a refletir profundamente sobre o que valorizamos, sobre onde depositamos nossos tesouros. A maneira como definimos nossas vidas é reflexo direto do que valorizamos, do que consideramos nosso tesouro.
Segundo um relatório de 2021 da empresa de pesquisa eMarketer, o tempo médio gasto diariamente por um adulto nos EUA com mídias digitais era de mais de 7 horas. Compare isso com o relatório da LifeWay Research de 2020, que mostrou que o cristão médio nos EUA gastava cerca de 17 minutos por dia em leitura e estudo da Bíblia.
Essas estatísticas nos fazem questionar: onde estamos realmente depositando nosso tesouro? A quantidade de tempo que investimos em mídias digitais, em comparação com o tempo que dedicamos à Palavra de Deus, pode sugerir que o nosso tesouro – nossa atenção e nosso foco – está no mundo digital, e não no Reino de Deus.
Mas, se voltarmos ao versículo de Lucas, veremos que onde colocamos nosso tesouro, aí também estará nosso coração. Se o nosso tesouro está no mundo digital, então é aí que nosso coração estará. Mas, se o nosso tesouro está no Reino de Deus, nosso coração estará aí.
Essa descoberta nos desafia a repensar e redefinir nossas prioridades. Não se trata de abandonar completamente a mídia digital ou as demandas do mundo moderno. Trata-se de assegurar que estamos depositando nosso tesouro – nosso tempo, nossa atenção, nosso foco – no lugar certo.
Quando colocamos nosso tesouro no Reino de Deus, quando fazemos de Sua busca a nossa principal prioridade, começamos a ver o mundo de uma maneira diferente. Nosso coração se alinha com os propósitos de Deus. E assim, nossa vida se define por uma busca constante do Reino de Deus e de Sua justiça.
Sobre isso, Elisabeth Elliot disse: “A liberdade e a vida estão nas coisas que não são transitórias, que são eternas. Não podemos dar nosso coração a tudo. Mas podemos escolher aonde dar nosso coração.” – Elisabeth Elliot
Meu irmão, minha irmã, eu desafio você a examinar sua vida. Pergunte a si mesmo: “onde estou depositando meu tesouro?” Que essa reflexão possa nos levar a uma redefinição de vida, onde a busca pelo Reino de Deus seja a nossa maior prioridade.
Vivendo nossa escolha
“Pensem nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra.” (Colossenses 3:2)
Viver nossa escolha. Parece ser algo simples, mas, todos nós sabemos que não é. As pressões, as distrações e as tentações deste mundo podem muitas vezes nos fazer desviar do caminho. Por isso, a Palavra de Deus em Colossenses nos chama à atenção e à ação. Nosso foco, nossa mente e nosso coração devem estar voltados para as coisas do alto, para o Reino de Deus.
Agora, você pode estar pensando: “Isso é difícil. Eu sou humano, vivo neste mundo e tenho responsabilidades e preocupações terrenas”. E você tem razão. Mas quero lhe lembrar de uma verdade fundamental: o Deus que servimos é maior do que qualquer desafio que possamos enfrentar. Ele nos deu o poder através de Seu Espírito Santo para superar, para perseverar e para viver nossa escolha de buscar o Reino de Deus, independentemente das circunstâncias.
Lembre-se de Pedro caminhando sobre as águas em direção a Jesus. Quando ele manteve os olhos fixos em Jesus, ele caminhou sobre as ondas. Mas quando ele desviou o olhar e focou nas ondas tempestuosas ao redor dele, ele começou a afundar. O mesmo se aplica a nós. Quando mantemos nossos olhos, nosso foco, fixos em Deus e em Seu Reino, somos capazes de caminhar acima das tempestades da vida.
Não importa quão violentas estejam as águas ao seu redor, não importa quão altas sejam as ondas, você tem a possibilidade de manter seus olhos fixos em Jesus. Você tem a possibilidade de viver a escolha de buscar o Reino de Deus em primeiro lugar.
Sobre isso, o Evangelista Billy Graham disse o seguinte: “Céu é onde Jesus está e eu vou para lá. E você pode fazer a mesma escolha. Isso fará toda a diferença, não importa o que você esteja passando agora. Nada será mais importante que essa escolha.” – Billy Graham
Escolha, a cada momento, buscar o Reino de Deus e Sua justiça. Deixe que essa escolha defina sua vida. E mesmo quando as ondas chegarem, continue caminhando. Porque o mesmo Deus que acalmou a tempestade no Mar da Galileia está com você. Ele é o seu auxílio, a sua força.