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Filipenses 1 Estudo: Por que o sofrimento pode ser um privilégio?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Filipenses 1 é um daqueles capítulos que me fazem lembrar como o evangelho é maior do que as circunstâncias. Paulo está preso, longe da igreja que tanto ama, mas sua carta transborda esperança, otimismo e confiança em Cristo. Ele não foca no sofrimento, mas naquilo que Deus está fazendo, mesmo em meio às adversidades. É impossível ler esse texto e não ser desafiado a enxergar a vida com outros olhos.

Qual é o contexto histórico e teológico de Filipenses 1?

A carta aos Filipenses foi escrita por Paulo por volta do ano 61 ou 62 d.C., durante sua prisão em Roma, conforme lemos em Atos 28. Assim como Efésios, Colossenses e Filemom, Filipenses faz parte das chamadas “cartas da prisão”.

A cidade de Filipos ficava na região da Macedônia, atual Grécia, e era uma colônia romana muito importante. Isso significa que seus cidadãos tinham privilégios especiais, como o direito à cidadania romana, isenção de alguns impostos e autonomia política. A cidade era orgulhosa desse status e respirava cultura e influência romana.

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Foi em Filipos que Paulo fundou a primeira igreja cristã em solo europeu, durante sua segunda viagem missionária, como relatado em Atos 16. Ali, ele e Silas foram presos injustamente, mas Deus abriu as portas da prisão e o carcereiro e sua família se converteram. Desde então, Paulo tinha uma ligação profunda com aqueles irmãos.

Segundo Hendriksen (1992), a carta aos Filipenses se destaca pelo tom afetuoso e pela alegria constante, mesmo em meio às lutas. É uma das cartas mais pessoais de Paulo, cheia de gratidão e encorajamento.

Craig Keener (2017) lembra que o pano de fundo romano da cidade também se reflete na linguagem de Paulo, como quando ele usa termos ligados à cidadania e ao comportamento digno, algo que os filipenses entendiam muito bem.

Como o texto de Filipenses 1 se desenvolve?

1. Saudação e oração inicial (Filipenses 1.1-11)

Paulo se apresenta junto com Timóteo como “servos de Cristo Jesus” (Filipenses 1.1). Ele não usa o título de apóstolo aqui, o que mostra a relação íntima e carinhosa com aquela igreja.

Ele escreve “a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, juntamente com os bispos e diáconos”. Isso revela que a igreja já estava estruturada, com liderança reconhecida.

Em seguida, ele deseja “graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 1.2). A graça é o favor imerecido de Deus. A paz é o resultado dessa graça em nossas vidas.

Paulo segue com um agradecimento emocionante: “Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês” (Filipenses 1.3). Ele revela que ora com alegria, pois desde o primeiro dia aqueles irmãos cooperaram com ele na obra do evangelho.

Ele então afirma algo que aquece meu coração toda vez que leio: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6). Essa é a certeza de que Deus não abandona o que Ele começou.

Hendriksen destaca que essa boa obra não é apenas o início da fé, mas o processo contínuo de transformação que Deus realiza em nós até o retorno de Cristo (HENDRIKSEN, 1992).

Paulo fala da profunda afeição que sente por eles e ora para que o amor deles cresça “em conhecimento e em toda a percepção”, a fim de que sejam “puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo” (Filipenses 1.9-10).

Essa oração mostra que amor e conhecimento andam juntos na vida cristã. Amor sem entendimento se perde. Conhecimento sem amor se torna frio.

2. Paulo, o prisioneiro otimista (Filipenses 1.12-26)

Mesmo preso, Paulo não está amargurado. Pelo contrário, ele enxerga o lado positivo da situação: “Quero que saibam, irmãos, que aquilo que me aconteceu tem antes servido para o progresso do evangelho” (Filipenses 1.12).

Sua prisão despertou atenção, principalmente na guarda pretoriana, ligada diretamente ao imperador. Todos sabiam que ele estava preso “por causa de Cristo” (Filipenses 1.13).

Além disso, sua coragem motivou outros cristãos a pregarem o evangelho com mais ousadia (Filipenses 1.14).

Mas havia também quem pregasse por inveja e rivalidade, tentando tirar proveito da situação de Paulo. Ainda assim, ele diz: “O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro” (Filipenses 1.18).

Eu confesso que admiro muito essa maturidade de Paulo. Ele não se deixa afetar por picuinhas ou interesses mesquinhos. O que importa para ele é que o nome de Cristo seja conhecido.

Depois, Paulo fala da sua esperança: “Aguardo ansiosamente e espero que em nada serei envergonhado. Pelo contrário, com toda a determinação de sempre, também agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte” (Filipenses 1.20).

E então vem uma das declarações mais conhecidas do Novo Testamento: “porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21).

Se viver, Paulo quer frutificar para Deus. Se morrer, ele sabe que estará com Cristo, o que é “muito melhor” (Filipenses 1.23).

No entanto, ele entende que, por amor à igreja, é necessário que ele permaneça para fortalecer a fé dos irmãos (Filipenses 1.24-26).

3. Exortação à firmeza e unidade (Filipenses 1.27-30)

Paulo encerra o capítulo com uma exortação muito prática: “Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo” (Filipenses 1.27).

A palavra “cidadania” tinha um peso especial para os filipenses. Eles se orgulhavam de serem cidadãos romanos, mas Paulo os lembra de algo ainda maior: a cidadania celestial.

Ele deseja que permaneçam firmes, unidos, “lutando unânimes pela fé evangélica” e sem se intimidarem diante dos adversários (Filipenses 1.27-28).

Paulo também destaca que sofrer por Cristo não é um castigo, mas um privilégio: “Pois a vocês foi dado o privilégio de, não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele” (Filipenses 1.29).

Para ele, tanto o sofrimento quanto a fé são dádivas da graça de Deus.

Hendriksen observa que o sofrimento aproxima o crente de Cristo e gera frutos espirituais, mesmo que seja algo doloroso (HENDRIKSEN, 1992).

Que conexões proféticas encontramos em Filipenses 1?

Embora Filipenses 1 não seja um texto profético no sentido clássico, ele ecoa várias promessas e verdades messiânicas.

Quando Paulo diz que “aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6), ele aponta para o cumprimento final do plano redentor de Deus, que terá seu clímax no retorno glorioso do Messias, como também lemos em 1 Tessalonicenses 4.13-18.

O fato de Paulo afirmar que “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21) também reflete a esperança escatológica da ressurreição e da vida eterna, como vemos claramente em 1 Coríntios 15.

Além disso, a ideia de exercer uma cidadania digna do evangelho (Filipenses 1.27) se conecta com a promessa de que somos cidadãos dos céus, conforme o próprio Paulo dirá em Filipenses 3.20, reafirmando o cumprimento da promessa de um reino eterno, anunciado pelos profetas, como vemos em Isaías 9.6-7.

Keener destaca que o conceito de “cidadania celestial” tem raízes profundas na expectativa messiânica de um reino que transcende os impérios humanos e que já se manifesta, em parte, na vida dos que creem (KEENER, 2017).

O que Filipenses 1 me ensina para a vida hoje?

Ler Filipenses 1 me faz pensar em como eu enxergo as dificuldades. Paulo estava preso, enfrentando oposição, com sua vida nas mãos de autoridades romanas. Mesmo assim, ele transbordava alegria e confiança.

Aprendo que:

  • As circunstâncias não definem minha fé. Mesmo em tempos difíceis, Deus está agindo e o evangelho avança.
  • Deus começou uma obra em mim e Ele mesmo vai completá-la. Não depende só da minha força ou perfeição.
  • O que importa é que Cristo seja conhecido, não a minha reputação ou reconhecimento pessoal.
  • Viver é Cristo. Isso significa que tudo o que faço deve refletir o caráter, a graça e o amor de Jesus.
  • Morrer é lucro. A morte não é o fim, mas o começo de algo infinitamente melhor: estar com Cristo.
  • Sou chamado a viver de maneira digna do evangelho. Minha vida deve refletir minha verdadeira cidadania, que está no céu.
  • Sofrer por Cristo não é motivo de vergonha, mas de alegria, pois faz parte do privilégio de seguir o Salvador.

Filipenses 1 me convida a viver com os olhos fixos em Cristo, com o coração cheio de esperança e com a certeza de que Deus está no controle, mesmo quando tudo ao redor parece contrário.


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