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Lucas 5 Estudo: Por que Levi deixou tudo para seguir Jesus?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Lucas 5 é um dos capítulos mais poderosos do Evangelho. Ao ler esse texto, fico impressionado com a forma como Jesus transforma o cotidiano das pessoas. Ele chama pescadores comuns, cura os desprezados, perdoa pecados e quebra as estruturas religiosas rígidas, revelando que o Reino de Deus é uma novidade que não cabe nas velhas tradições. É um capítulo que me desafia a deixar o passado e confiar no que Cristo está fazendo hoje.

Qual é o contexto histórico e teológico de Lucas 5?

O Evangelho de Lucas foi escrito para apresentar um relato confiável da vida de Jesus, especialmente para os gentios e para os que não faziam parte do círculo religioso judaico (KEENER, 2017). Lucas, médico e historiador dedicado, destaca a compaixão de Cristo pelos marginalizados, os pecadores e os pobres.

O capítulo 5 ocorre no início do ministério público de Jesus na Galileia, região de forte presença camponesa e pescadores, e marcada pela influência cultural greco-romana. Segundo Hendriksen (2014), o Lago de Genesaré, cenário da pesca milagrosa, era o centro da atividade pesqueira e comercial local, o que tornava aquele ambiente ideal para que as palavras e milagres de Jesus impactassem o povo.

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Teologicamente, o capítulo revela a autoridade de Cristo para perdoar pecados, algo que só Deus poderia fazer, como já vimos também em Lucas 4. Além disso, o texto apresenta o chamado radical dos discípulos e a tensão crescente entre Jesus e as autoridades religiosas.

Como o texto de Lucas 5 se desenvolve?

Lucas organiza esse capítulo em cinco episódios que revelam o poder e o amor de Cristo.

1. Como a pesca milagrosa revela o chamado de Deus? (Lucas 5.1-11)

À beira do Lago de Genesaré, Jesus ensina a multidão e, ao finalizar, pede a Pedro:

“Vá para onde as águas são mais fundas e lancem as redes para a pesca” (Lucas 5.4).

Pedro, cansado e frustrado pela pesca infrutífera da noite, obedece:

“Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes” (Lucas 5.5).

O milagre acontece: a quantidade de peixes quase afunda os barcos. Pedro, tomado de temor, reconhece:

“Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!” (Lucas 5.8).

Essa experiência transforma seus planos. Jesus diz:

“De agora em diante você será pescador de homens” (Lucas 5.10).

Assim como no chamado de Mateus 4, Jesus revela que seu propósito vai muito além do trabalho rotineiro. Ele convida Pedro e seus companheiros a participarem da missão de alcançar vidas.

2. O que aprendemos com a cura do leproso? (Lucas 5.12-16)

Na sequência, um leproso se aproxima de Jesus, desafiando as normas sociais e religiosas da época. Segundo a Lei, ele deveria viver isolado (Levítico 13.45-46). Mesmo assim, cheio de fé, ele suplica:

“Se quiseres, podes purificar-me” (Lucas 5.12).

Jesus o toca — algo impensável naquele contexto — e declara:

“Quero. Seja purificado!” (Lucas 5.13).

A lepra o deixa imediatamente. Como já vimos em Lucas 4.27, as curas de Jesus apontam para a restauração completa do ser humano, tanto física quanto socialmente.

Hendriksen (2014) ressalta que esse gesto revela não só o poder de Jesus, mas sua disposição de acolher os excluídos. Ele não se contamina com a impureza; pelo contrário, Ele purifica o impuro.

3. Como Jesus demonstra sua autoridade ao perdoar pecados? (Lucas 5.17-26)

Jesus ensinava em uma casa lotada. Fariseus e mestres da lei vieram de toda parte. Um paralítico é baixado pelo telhado, colocado aos pés de Cristo. Diante da fé dos amigos, Jesus afirma:

“Homem, os seus pecados estão perdoados” (Lucas 5.20).

Essa declaração gera escândalo entre os religiosos:

“Quem é esse que blasfema? Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?” (Lucas 5.21).

Mas, para confirmar sua autoridade divina, Jesus ordena:

“Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa” (Lucas 5.24).

O homem se levanta, glorificando a Deus, diante do espanto de todos. Hendriksen (2014) destaca que Jesus revela ser o Filho do Homem com autoridade, cumprimento de promessas como Daniel 7.13-14, onde o Filho do Homem recebe domínio e glória.

Esse episódio me lembra que Cristo conhece minhas necessidades mais profundas. Antes de curar o corpo, Ele cura a alma.

4. Por que o chamado de Levi revela a graça de Deus? (Lucas 5.27-32)

Levi, também chamado de Mateus, era cobrador de impostos — odiado pelos judeus, visto como traidor e pecador. Mesmo assim, Jesus o chama:

“Siga-me” (Lucas 5.27).

Levi larga tudo e o segue, oferecendo um banquete em sua casa. Publicanos e pecadores se juntam à mesa. Os fariseus protestam:

“Por que vocês comem e bebem com publicanos e pecadores?” (Lucas 5.30).

Jesus responde com clareza:

“Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lucas 5.31-32).

Assim como em Lucas 15, vemos que o Reino de Deus inclui quem a sociedade rejeita. Levi é prova viva de que ninguém está fora do alcance da graça.

5. O que significam as parábolas sobre o jejum, o remendo e os odres? (Lucas 5.33-39)

Os discípulos de João Batista e dos fariseus jejuavam, mas os de Jesus não. Questionado, o Mestre compara sua presença à de um noivo em festa:

“Podem vocês fazer os convidados do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles?” (Lucas 5.34).

Jesus também anuncia:

“Virão dias quando o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão” (Lucas 5.35).

Depois, Ele ensina que não se remenda roupa velha com pano novo, nem se coloca vinho novo em odres velhos. Segundo Keener (2017), Jesus revela que o Reino não cabe dentro das estruturas antigas. É necessário um coração novo, pronto para o novo de Deus.

Essas parábolas se conectam com o ensino de Lucas 4.18-19, onde Jesus anuncia o início de um tempo novo de libertação.

Que conexões proféticas encontramos em Lucas 5?

O capítulo cumpre e antecipa diversas profecias:

  • A pesca abundante ecoa a promessa de Deus de reunir seu povo, como em Jeremias 16.16.
  • A cura do leproso aponta para o poder restaurador do Messias, anunciado em Isaías 35.5-6.
  • A autoridade para perdoar pecados cumpre o anúncio de Isaías 53, onde o Servo de Deus leva sobre si as culpas.
  • O chamado de pecadores revela o coração de Deus expresso em Ezequiel 34.11-16, onde Ele busca e salva as ovelhas perdidas.
  • As parábolas sobre o novo e o velho se conectam com a promessa da Nova Aliança em Jeremias 31.31-34, onde Deus escreve sua lei no coração.

Em tudo, Lucas mostra que Jesus é o cumprimento das promessas e a manifestação do Reino em ação.

O que Lucas 5 me ensina para a vida hoje?

Este capítulo traz ensinamentos profundos:

  • Jesus transforma o cotidiano. Como fez com Pedro, Ele pode transformar minha rotina em missão.
  • Cristo toca e purifica os impuros. Posso me aproximar dEle com minhas feridas e limitações.
  • O perdão é prioridade. Antes de resolver questões externas, preciso experimentar a graça que limpa o coração.
  • O chamado de Levi me lembra que ninguém é tão pecador que não possa ser alcançado. Deus me chama, não por merecimento, mas por amor.
  • O Evangelho é novidade. Preciso me abrir para o novo de Deus e não tentar encaixá-lo em velhos esquemas.

Esse texto me desafia a deixar o passado e seguir Jesus com tudo o que sou.

Como Lucas 5 me conecta ao restante das Escrituras?

O capítulo revela a unidade da mensagem bíblica:

  • Jesus chama pescadores, conectando-se ao propósito de fazer discípulos, como em Mateus 28.19-20.
  • Suas curas cumprem as profecias messiânicas de Isaías 53.
  • O perdão revela o cumprimento do plano de redenção.
  • O convite a pecadores aponta para o coração de Deus revelado em Lucas 15.
  • As parábolas anunciam o tempo da nova aliança, em harmonia com Jeremias 31.

Em Lucas 5, vejo que Jesus não apenas ensina, mas transforma realidades, chama os improváveis e inaugura um novo tempo de graça.


Referências

  • HENDRIKSEN, William. Lucas. Tradução: Valter Graciano Martins. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.
  • KEENER, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento. Tradução: José Gabriel Said. Edição Ampliada. São Paulo: Vida Nova, 2017.
  • Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.
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