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Atos 7 Estudo: Qual o verdadeiro motivo da morte de Estêvão?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Atos 7 é um dos discursos mais impactantes de todo o Novo Testamento. Sempre que leio esse capítulo, fico impressionado com a coragem e a sabedoria de Estêvão. Ele não apenas defende sua fé, mas conduz seus acusadores a uma profunda reflexão sobre a história de Israel e a rebeldia do povo. Neste capítulo, vejo como Deus, através da história, prepara o caminho para o Messias, mesmo quando seu próprio povo resiste.

Qual é o contexto histórico e teológico de Atos 7?

O livro de Atos foi escrito por Lucas, também autor do terceiro Evangelho. Simon Kistemaker (2016) destaca que Atos não é apenas um relato histórico, mas um testemunho do avanço do Evangelho e da formação da igreja primitiva.

O capítulo 7 acontece dentro de um contexto de perseguição crescente contra os seguidores de Jesus. Estêvão, um dos sete escolhidos para servir na igreja (Atos 6.5), está sendo julgado diante do Sinédrio, a suprema corte judaica. Ele foi falsamente acusado de blasfemar contra o templo e a lei (Atos 6.13-14).

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Craig S. Keener (2017) explica que, naquela época, o templo era visto como o centro da presença de Deus. Qualquer palavra que questionasse a estrutura religiosa estabelecida, ainda que fundamentada na Escritura, poderia ser considerada uma afronta imperdoável. Foi exatamente isso que aconteceu com Estêvão.

O discurso que ele faz não é apenas uma defesa. É um sermão corajoso que percorre a história de Israel, revelando como o povo resistiu repetidamente à vontade de Deus e aos seus enviados. Estêvão conecta essa resistência ao tratamento dado a Jesus, o Messias prometido.

Teologicamente, Atos 7 revela a tensão entre a velha aliança, centrada no templo e nas tradições, e a nova aliança, inaugurada em Cristo. É o prenúncio da expansão do Evangelho para além dos limites de Jerusalém, conforme veremos nos capítulos seguintes de Atos 8.

Como o texto de Atos 7 se desenvolve?

O discurso de Estêvão se organiza em três grandes blocos: o chamado de Abraão e a promessa; a liderança de José e Moisés; e a rejeição dos profetas e do próprio Messias.

Paralelos do Antigo Testamento entre José e Moisés
José Moisés
Os irmãos o venderam como escravo A família escrava o salvou da escravidão
Os midianitas o venderam ao Egito Os midianitas o acolheram quando fugiu para o Egito
José tornou-se o “pai” do faraó Moisés tornou-se um filho para a filha do faraó
José, escravo, foi exaltado de forma repentina, tornando-se príncipe do Egito Moisés perdeu de repente sua posição na realeza egípcia ao defender escravos
José fez com que todo o Egito se tornasse escravo do faraó Por meio de Moisés, Deus libertou os escravos
Por meio de José, Deus libertou o Egito da fome Por meio de Moisés, Deus devastou a economia egípcia
José, exilado no Egito, casa-se com a filha de um sacerdote egípcio Moisés, exilado do Egito, casa-se com a filha de um sacerdote midianita
O nome do primeiro filho de José (dos dois mencionados) remete à jornada do pai em terra estrangeira O nome do primeiro filho de Moisés (dos dois mencionados) remete à jornada do pai em terra estrangeira
A liderança do futuro libertador é, a princípio, rejeitada pelos irmãos A liderança do futuro libertador é, a princípio, rejeitada pelo povo

A tabela 5 é adaptada de Craig S. Keener, Acts: an exegetical commentary (Grand Rapids: Baker Academic, 2012–2014), 4 vols., vol. 2, p. 1363.

1. O que aprendemos com a história de Abraão? (Atos 7.1-8)

Estêvão começa respondendo ao sumo sacerdote:

“Irmãos e pais, ouçam-me! O Deus glorioso apareceu a Abraão, nosso pai, estando ele ainda na Mesopotâmia…” (Atos 7.2).

O que me chama atenção é que Estêvão enfatiza que Deus apareceu fora da terra prometida. Abraão ainda estava na Mesopotâmia quando recebeu o chamado. Isso mostra que o relacionamento com Deus não depende de um templo ou de um lugar físico específico.

Deus prometeu a Abraão uma terra e descendência, mesmo quando ele não tinha filhos (Atos 7.5). Kistemaker (2016) observa que essa promessa se cumpre não apenas em termos geográficos, mas espirituais, apontando para o povo de Deus que se forma em Cristo.

2. Qual o significado da trajetória de José? (Atos 7.9-16)

Estêvão então fala de José, outro exemplo claro do agir de Deus fora dos limites de Canaã:

“Os patriarcas, tendo inveja de José, venderam-no como escravo para o Egito. Mas Deus estava com ele” (Atos 7.9).

Essa frase fala muito comigo. Mesmo no exílio, mesmo na injustiça, Deus estava presente. A história de José mostra que, ainda que o povo rejeite aquele que Deus escolhe, o Senhor transforma essa rejeição em bênção. José, vendido pelos irmãos, acaba sendo o instrumento para salvar sua família da fome.

Keener (2017) destaca que Estêvão está estabelecendo um padrão: Deus levanta líderes, mas o povo os rejeita. José é o primeiro exemplo. Em breve, veremos Moisés e, por fim, Jesus.

3. Como Moisés aponta para o Messias? (Atos 7.17-43)

O próximo personagem central do discurso é Moisés. A história de Moisés é conhecida pelos judeus, mas Estêvão a interpreta com profundidade profética.

Moisés nasce em um contexto de opressão, é salvo miraculosamente, criado pela filha do faraó e, aos quarenta anos, tenta intervir em favor dos seus irmãos hebreus (Atos 7.20-25). Mas o povo o rejeita:

“Quem o nomeou líder e juiz sobre nós?” (Atos 7.27).

Estêvão mostra que Moisés, como José, é um libertador rejeitado. Mais tarde, Deus o envia novamente ao Egito, realizando sinais e maravilhas, libertando o povo e recebendo as palavras vivas no monte Sinai (Atos 7.35-38).

Para mim, fica evidente o paralelo com Jesus. Ele também foi rejeitado, crucificado, mas é o verdadeiro Libertador.

Estêvão lembra ainda que, apesar dos sinais de Deus, os israelitas se voltaram à idolatria, adorando o bezerro de ouro (Atos 7.39-41) e cultuando outros deuses (Atos 7.43). Aqui, vejo um alerta: o coração pode estar longe de Deus, mesmo enquanto os lábios professam fé.

4. O templo é o centro da presença de Deus? (Atos 7.44-50)

Em seguida, Estêvão aborda o tema central das acusações contra ele: o templo.

Ele reconhece o valor histórico do tabernáculo e do templo de Salomão, mas lembra que o Altíssimo não habita em casas feitas por mãos humanas:

“O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão?” (Atos 7.49).

Keener (2017) explica que, naquele contexto, essa afirmação soava como uma provocação. Mas, na verdade, Estêvão estava ecoando as palavras dos profetas, como Isaías, lembrando que Deus é soberano e não se limita a templos.

Essa parte do discurso me lembra que nossa fé não pode ficar presa a lugares ou tradições. Deus está presente onde o adoramos em espírito e em verdade, como ensina Jesus em João 4.21-24.

5. Qual é a acusação final de Estêvão? (Atos 7.51-53)

Aqui, Estêvão deixa de lado a narrativa histórica e confronta seus ouvintes:

“Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!” (Atos 7.51).

Essa denúncia é forte. Ele os chama de incircuncisos de coração, ou seja, pessoas que, embora religiosas externamente, permanecem espiritualmente endurecidas.

Ele relembra a perseguição aos profetas e afirma que agora eles traíram e assassinaram o Justo, ou seja, Jesus (Atos 7.52). Kistemaker (2016) destaca que, ao dizer isso, Estêvão conecta a rejeição de Jesus com o padrão de rejeição dos enviados de Deus ao longo da história de Israel.

6. O que significa a visão e o martírio de Estêvão? (Atos 7.54-60)

A reação dos líderes é de fúria. Eles tapam os ouvidos e o arrastam para fora da cidade para apedrejá-lo. Mas, antes de morrer, Estêvão tem uma visão:

“Vejo o céu aberto e o Filho do homem de pé, à direita de Deus” (Atos 7.56).

Essa visão me emociona. Jesus, o Filho do homem, título messiânico de Daniel 7.13-14, está de pé, intercedendo, pronto para receber seu servo fiel.

O capítulo termina com a oração de Estêvão, semelhante à de Jesus na cruz:

“Senhor Jesus, recebe o meu espírito”, e “Senhor, não os consideres culpados deste pecado” (Atos 7.59-60).

A morte de Estêvão marca o início da perseguição, mas também da expansão do Evangelho, como veremos em Atos 8.

Que conexões proféticas encontramos em Atos 7?

O discurso de Estêvão está repleto de conexões com as profecias:

  • O chamado de Abraão cumpre Gênesis 12.1-3, mostrando que Deus sempre esteve conduzindo seu povo.
  • José e Moisés, rejeitados e depois exaltados, apontam para o Messias rejeitado e glorificado.
  • A referência ao Profeta semelhante a Moisés cumpre Deuteronômio 18.15, revelando Jesus como o novo Moisés.
  • A visão do Filho do homem ecoa Daniel 7.13-14, confirmando a autoridade e realeza de Cristo.

Essas conexões mostram que a rejeição a Jesus não foi um acidente, mas o cumprimento do plano soberano de Deus.

O que Atos 7 me ensina para a vida hoje?

Ao refletir nesse capítulo, tiro lições valiosas:

  • Deus não está preso a templos ou tradições. Ele habita onde há fé e obediência.
  • A história de José e Moisés me lembra que rejeições e sofrimentos fazem parte do caminho, mas Deus transforma tudo em propósito.
  • Preciso vigiar meu coração para não resistir ao Espírito Santo como fizeram os líderes judeus.
  • O exemplo de Estêvão me desafia a viver com ousadia e fidelidade, mesmo diante da oposição.
  • A visão de Cristo exaltado me enche de esperança. Ele reina e está pronto para receber aqueles que permanecem fiéis.

Como Atos 7 me conecta ao restante das Escrituras?

Atos 7 é um resumo poderoso da história bíblica. Vejo como Deus conduz o povo desde Abraão, como José e Moisés prefiguram Jesus, e como o templo apontava para algo maior: a presença de Deus em Cristo e, agora, em sua igreja.

Esse capítulo me mostra que toda a Bíblia conta uma única história: a história do Deus que chama, liberta, habita com o seu povo e, em Cristo, oferece salvação a todos.


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