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Filipenses 2 Estudo: Como ter a mesma atitude de Cristo?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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IFilipenses 2 é, para mim, um daqueles textos que nos desarmam. Aqui, Paulo não apenas escreve sobre doutrina, mas nos apresenta o coração do evangelho: humildade, serviço e o exemplo máximo de Cristo. Toda vez que leio esse capítulo, percebo o quanto ainda preciso crescer em ter o mesmo sentimento de Jesus. É como se Paulo, com palavras simples, nos colocasse diante de um espelho, revelando o que significa viver como cidadãos do Reino.

Qual é o contexto histórico e teológico de Filipenses 2?

A carta aos Filipenses foi escrita por Paulo por volta do ano 60 ou 61 d.C., durante sua prisão em Roma, conforme vemos em Atos 28. Trata-se de uma das chamadas “cartas da prisão”, junto com Efésios, Colossenses e Filemom.

Filipos era uma colônia romana importante, localizada na Macedônia (atual Grécia). Fundada originalmente por Filipe II da Macedônia (pai de Alexandre, o Grande), a cidade tinha forte presença militar e um status privilegiado dentro do Império Romano. Muitos dos habitantes eram veteranos do exército romano, o que fazia de Filipos uma cidade orgulhosa da sua identidade romana.

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A igreja em Filipos foi fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária, conforme registrado em Atos 16. Lá, ele encontrou Lídia, a vendedora de púrpura, e viu o evangelho florescer, mesmo em meio a perseguições.

William Hendriksen destaca que, embora Paulo estivesse preso, sua carta é marcada por alegria e gratidão. Filipenses é conhecida justamente como a “carta da alegria”, porque, mesmo nas adversidades, o apóstolo exalta a bondade e o cuidado de Deus (HENDRIKSEN, 1992).

Craig Keener observa que o contexto cultural de Filipos ajuda a entender o apelo de Paulo à humildade e ao serviço. Em uma cidade orgulhosa da sua posição social e cidadania romana, Paulo aponta para um Reino maior e para uma cidadania celestial (KEENER, 2017).

Como o texto de Filipenses 2 se desenvolve?

1. O chamado à unidade e humildade (Filipenses 2.1-4)

Paulo começa com um apelo pastoral: “Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão” (Filipenses 2.1).

Ele não está questionando a existência dessas coisas. É como se dissesse: “Já que vocês experimentaram tudo isso em Cristo, vivam de forma coerente”.

O apóstolo então conclama: “Completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude” (Filipenses 2.2). A unidade da igreja não é opcional, é consequência natural da nossa comunhão com Cristo.

Mas essa unidade só se constrói com humildade:

  • “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade” (Filipenses 2.3). A ambição e o orgulho são os maiores inimigos da comunhão.
  • “Considerem os outros superiores a si mesmos” (Filipenses 2.3). Essa é uma das frases mais desafiadoras do Novo Testamento.
  • “Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros” (Filipenses 2.4). É um chamado prático ao altruísmo.

2. O exemplo supremo de Cristo (Filipenses 2.5-11)

Essa é, sem dúvida, uma das seções mais belas e profundas de toda a Bíblia. Muitos estudiosos acreditam que Paulo está citando um hino cristão primitivo.

Ele diz: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Filipenses 2.5).

O que isso significa? Paulo explica:

  • “Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se” (Filipenses 2.6). Cristo tinha toda a glória e posição divina, mas abriu mão voluntariamente de seus direitos.
  • “Esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2.7). O Rei do Universo se fez servo.
  • “Humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses 2.8). A cruz era símbolo de vergonha, mas foi nela que Cristo revelou a plenitude do amor de Deus.

Por causa dessa humilhação, veio a exaltação:

  • “Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Filipenses 2.9).
  • “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra” (Filipenses 2.10).
  • “E toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2.11).

Hendriksen ressalta que essa passagem mostra tanto a plena divindade quanto a plena humanidade de Cristo, algo central para a fé cristã (HENDRIKSEN, 1992).

Keener explica que, para os filipenses, acostumados com a cultura romana que exaltava o status e o poder, esse exemplo de autoesvaziamento de Cristo era revolucionário (KEENER, 2017).

3. A vida prática do cristão (Filipenses 2.12-16)

Depois de apresentar o exemplo de Cristo, Paulo nos chama à ação:

  • “Ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor” (Filipenses 2.12). Não se trata de conquistar a salvação, mas de viver de forma coerente com ela.
  • “Pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar” (Filipenses 2.13). Até nossa capacidade de obedecer vem de Deus.
  • “Façam tudo sem queixas nem discussões” (Filipenses 2.14). Uma igreja dividida ou cheia de reclamações perde o brilho do evangelho.
  • “Para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis… brilhem como estrelas no universo” (Filipenses 2.15). Nossa conduta deve contrastar com a corrupção do mundo.
  • “Retendo firmemente a palavra da vida” (Filipenses 2.16). É a Palavra de Deus que nos mantém firmes.

4. A alegria no sacrifício (Filipenses 2.17)

Por fim, Paulo diz algo emocionante: “Mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida… estou alegre e me regozijo com todos vocês” (Filipenses 2.17).

Ele compara sua vida ao vinho derramado sobre o altar. Mesmo enfrentando prisão e possível morte, Paulo se alegra porque sua vida está sendo investida no Reino.

Que conexões proféticas encontramos em Filipenses 2?

O hino cristológico de Filipenses 2 aponta diretamente para o cumprimento das profecias messiânicas do Antigo Testamento.

A exaltação de Cristo “ao mais alto lugar” (Filipenses 2.9) ecoa as palavras de Salmo 110.1, onde Deus diz ao Messias: “Senta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.

O reconhecimento universal do senhorio de Jesus, quando “ao nome de Jesus se dobre todo joelho” (Filipenses 2.10), remete à profecia de Isaías 45.23: “Diante de mim todo joelho se dobrará e toda língua confessará”.

Além disso, o esvaziamento e humilhação de Cristo cumprem a imagem do Servo Sofredor de Isaías 53, que “foi desprezado e rejeitado pelos homens… e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós”.

Assim, Filipenses 2 não é apenas uma exortação ética, mas uma revelação do Messias que cumpre as promessas divinas.

O que Filipenses 2 me ensina para a vida hoje?

Toda vez que leio esse capítulo, sou confrontado. Cristo me chama para uma vida de humildade, serviço e obediência.

Aprendo que:

  • A unidade da igreja depende da minha disposição de abrir mão do orgulho e dos interesses pessoais.
  • Humildade não é fraqueza. É a força de quem sabe quem é em Cristo e não precisa provar nada para os outros.
  • O exemplo de Cristo é o padrão. Se Ele, sendo Deus, serviu, quem sou eu para não servir?
  • Deus trabalha em mim. Mesmo quando me sinto incapaz, Ele gera em mim o querer e o realizar.
  • Reclamar e discutir enfraquecem o testemunho. Minha postura deve refletir o caráter de Cristo.
  • A alegria verdadeira não depende das circunstâncias. Paulo estava preso, mas cheio de alegria.
  • Um dia, todo joelho se dobrará diante de Cristo. Hoje, faço isso de forma voluntária e amorosa.

Filipenses 2 me convida a olhar menos para mim e mais para os outros. Menos para minha posição e mais para o serviço. Menos para o que eu acho que mereço e mais para o exemplo de Jesus.

Que possamos, como igreja, brilhar como estrelas em meio a este mundo escuro, apontando para o Cristo exaltado, o Senhor de todas as coisas.


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