Ezequiel 8 Estudo: Pecados ocultos que provocaram a ira de Deus

Ezequiel 8 nos transporta para dentro da visão de Deus dada ao profeta Ezequiel, revelando a corrupção e idolatria que permeava o templo e a nação de Israel. Nesta passagem, somos levados em uma jornada que nos mostra os horrores da idolatria e as consequências de afastar-se de Deus.

Apesar de ser uma mensagem específica para o povo de Israel naquele tempo, a visão de Ezequiel serve como um lembrete para todas as gerações de que Deus não tolera a idolatria e a infidelidade.

Deus mostra ao profeta que sua indignação não é sem sentido. A atitude idólatra e desrespeitosa do povo com Deus e Sua casa são evidentes. o Senhor em seu zelo não tolera práticas desta natureza.

Sua glória não pode ser manchada pelo pecado, profanação ou idolatria. Dessa forma, devemos ter o cuidado de cultivar nossa vida em consagração ao Senhor.

Neste estudo, exploraremos os detalhes da visão de Ezequiel 8 e como ela ainda é relevante para nós hoje.

Esboço de Ezequiel 8:

Ez 8.1: Ezequiel é levado em visão ao Templo

Ez 8.2-6: Revelação dos ídolos secretos do Templo

Ez 8.7-13: A adoração pagã dentro do Templo

Ez 8.14,15: A lamentação por Tamuz

Ez 8.16: Os sacerdotes que se curvam ao sol

Ez 8.17,18: A maldade que enche a nação

Reflexão de Ezequiel 8 para os nossos dias

Estudo de Ezequiel 8 em vídeo

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Ezequiel 8.1: Ezequiel é levado em visão ao Templo

No quinto dia do sexto mês do sexto ano do exílio, eu e as autoridades de Judá estávamos sentados em minha casa quando a mão do Soberano, o Senhor, veio sobre mim. (Ez 8.1 NVI)

O profeta Ezequiel começa este capítulo relatando a data específica em que a mão do Soberano Senhor veio sobre ele. Este não é um detalhe insignificante, mas sim um sinal da precisão e da seriedade do ministério profético. O Senhor não age aleatoriamente, mas de acordo com seus propósitos soberanos.

Ezequiel estava em sua casa quando os anciãos de Judá vieram ter com ele. É importante lembrar que o ministério externo de Ezequiel ainda era limitado, por isso, era preciso que os anciãos da comunidade viessem até ele. É possível que eles estivessem buscando seu conselho, talvez sobre o destino de Jerusalém, uma vez que se encontravam em tempos difíceis.

Foi neste contexto que Deus revelou a Ezequiel uma visão, que ele prontamente relatou aos anciãos. Na visão, o Senhor mostra a Ezequiel os pecados do povo de Judá e suas consequências. Ele vê imagens chocantes de abominações que estavam sendo cometidas dentro do Templo, incluindo a adoração de ídolos e práticas pagãs. O Senhor revelou a Ezequiel a extensão do pecado de Judá e as consequências que viriam como resultado.

Assim como os anciãos de Judá buscaram a sabedoria de Ezequiel naquela época, também devemos buscar a sabedoria divina hoje em dia. Não podemos depender somente de nossa própria compreensão ou sabedoria humana, mas precisamos buscar a vontade do Senhor. A mensagem deste capítulo é clara: o pecado traz consequências, e o único caminho para a restauração é o arrependimento.

Ezequiel 8.2-6: Revelação dos ídolos secretos do Templo

2 Olhei e vi uma figura como a de um homem. Do que parecia ser a sua cintura para baixo, ele era como fogo, e dali para cima sua aparência era tão brilhante como metal reluzente.3 Ele estendeu o que parecia um braço e pegou-me pelo cabelo. O Espírito levantou-me entre a terra e o céu e, em visões de Deus, ele me levou a Jerusalém, à entrada da porta norte do pátio interno, onde estava colocado o ídolo que provoca o ciúme de Deus. 4 E ali, diante de mim, estava a glória do Deus de Israel, como na visão que eu havia tido na planície. 5 Então ele me disse: “Filho do homem, olhe para o norte”. Olhei para o lado norte, e vi, junto à porta do altar, o ídolo que provoca o ciúme de Deus. 6 E ele me disse: “Filho do homem, você vê o que estão fazendo? As práticas repugnantes da nação de Israel, coisas que me levarão para longe do meu santuário? Mas você verá práticas ainda piores que estas”. (Ez 8.2–6 NVI).

O profeta Ezequiel nos leva a um momento de visão, onde ele se encontrava diante dos anciãos de Judá e foi levado a ver a figura de um homem. Essa figura era uma manifestação de Deus, uma teofania, semelhante à registrada no primeiro capítulo do livro de Ezequiel. Mas aqui, a descrição que Ezequiel nos dá é cuidadosamente formulada, a fim de evitar que sejamos tentados a retratar Deus como um mero homem glorificado.

A figura que Ezequiel viu tinha a aparência de um homem, mas da cintura para baixo era como fogo, e dali para cima era brilhante como metal polido. Ezequiel nos diz que Deus não estendeu uma mão humana real até ele, mas o que parecia ser uma mão. Essa visão que Ezequiel teve não ocorreu fisicamente, mas em uma visão. Seu corpo físico permaneceu na Babilônia enquanto seu espírito era transportado para Jerusalém.

Ezequiel foi levado pelo Espírito do Senhor e, em sua visão, aterrissou na entrada do portão norte do pátio interno, no Templo de Salomão. Lá, ao lado da entrada norte do pátio interno, estava um ídolo que provocava ciúmes. Ezequiel o chamou de ídolo do ciúme, uma afronta a Deus que violou o segundo dos Dez Mandamentos. Esse ídolo representava um deus estrangeiro que recebia homenagem que deveria ser exclusiva a Deus.

A glória do Deus de Israel estava presente, e Ezequiel percebeu que Deus não compartilhará Sua glória com um ídolo. A pergunta retórica de Deus expressa em sua indignação moral: “Você vê o que eles estão fazendo… coisas detestáveis… que me afastarão do meu santuário?” Se o ídolo estivesse no templo, Deus deixaria o lugar. O choque de ver o ídolo na casa do Senhor deve ter enervado Ezequiel.

Mas isso não era tudo, pois Ezequiel veria coisas ainda mais detestáveis. Israel estava se afastando de Deus e se entregando à idolatria, mesmo quando Deus estava presente em seu meio. Ezequiel foi chamado para ser um profeta para o povo de Deus, para alertá-los de seus pecados e para chamá-los ao arrependimento.

Ezequiel 8.7-13: A adoração pagã dentro do Templo

7 Em seguida me levou para a entrada do pátio. Olhei e vi um buraco no muro. 8 Ele me disse: “Filho do homem, agora escave o muro”. Escavei o muro e vi ali a abertura de uma porta. 9 Ele me disse: “Entre e veja as coisas repugnantes e más que estão fazendo”. 10 Eu entrei e olhei. Lá, desenhadas por todas as paredes, vi todo tipo de criaturas rastejantes e animais impuros e todos os ídolos da nação de Israel. 11 Na frente deles estavam setenta autoridades da nação de Israel, e Jazanias, filho de Safã, estava no meio deles. Do incensário que cada um tinha em suas mãos, elevava-se uma nuvem aromática. 12 Ele me disse: “Filho do homem, você viu o que as autoridades da nação de Israel estão fazendo nas trevas, cada uma no santuário de sua própria imagem esculpida? Elas dizem: ‘O Senhor não nos vê; o Senhor abandonou o país’ ”. 13 E de novo disse: “Você os verá cometerem práticas ainda mais repugnantes”. (Ez 8.7–13 NVI).

Aqui, Deus guiou Ezequiel pelo portão até a entrada do pátio interno, e lá ele viu um buraco na parede que cercava a quadra. Em sua visão, Deus disse a Ezequiel para cavar através da parede e, quando ele fez isso, viu uma porta que o levou a uma câmara.

Lá dentro, Ezequiel testemunhou uma cena desoladora – retratos de todas as coisas que rastejam, animais detestáveis e ídolos da casa de Israel decoravam as paredes. Entre os retratos, Ezequiel viu 70 anciãos, incluindo Jazanias, filho de Safã, que estavam de pé com incensários diante dos retratos. Esses 70 anciãos representavam os líderes de Jerusalém, e Ezequiel ficou surpreso ao ver Jazanias, cujos parentes desempenharam papéis importantes nos assuntos de estado durante os últimos anos de Judá.

Esses líderes de Israel haviam abandonado o verdadeiro Deus e estavam adorando ídolos, cada um no santuário de seu próprio ídolo. Evidentemente, cada ancião tinha seu próprio deus favorito. Deus, que conhecia seus corações, explicou a Ezequiel que os anciãos procuravam justificar seu pecado dizendo que o Senhor não nos vê; o Senhor abandonou a terra. Eles pensavam que o que faziam em seus aposentos escuros escaparia à atenção de Deus. Eles pensaram que Ele era apenas um deus mesquinho que os havia abandonado.

A atitude desses anciãos foi logo transmitida ao povo, e a progressão da idolatria do povo passou de exibição aberta de ídolos para adoração secreta de ídolos sob a própria sombra do Todo-Poderoso. Mas isso não era toda a extensão da maldade de Israel, pois eles estavam fazendo coisas ainda mais detestáveis. A idolatria e a rebelião contra Deus estavam profundamente enraizadas na nação, e a mão do Senhor estava prestes a se mover contra eles.

Ezequiel 8.14,15: A lamentação por Tamuz

14 Então ele me levou para a entrada da porta norte da casa do Senhor. Lá eu vi mulheres sentadas, chorando por Tamuz. 15 Ele me disse: “Você vê isso, filho do homem? Você verá práticas ainda mais repugnantes do que esta”. (Ez 8.14–15 NVI).

Ezequiel foi levado até a entrada do portão norte do templo, onde ele testemunhou uma cena chocante. Ao lado deste portão, ele viu mulheres lamentando por Tamuz, a divindade da vegetação da primavera. A aparente morte de toda a vegetação no Oriente Médio durante os meses quentes e secos do verão foi explicada na mitologia como causada pela morte de Tamuz e sua descida ao submundo.

Essa adoração de uma divindade pagã suplantou a adoração do verdadeiro Doador da chuva. A adoração do Criador foi substituída pela adoração dos ciclos da criação que Ele havia estabelecido. Essa é uma grande tragédia, e Deus não pode tolerar a idolatria e a desobediência de Seu povo. Ezequiel deveria ver coisas ainda mais detestáveis do que essa adoração pagã.

Esta passagem nos lembra da importância da pureza e da fidelidade na adoração ao nosso Deus. Devemos adorá-Lo em espírito e em verdade, e não devemos nos desviar para seguir os ídolos e falsas divindades que nos afastam da verdade. Devemos buscar a vontade de Deus em nossas vidas e ser fiéis a Ele em tudo o que fazemos.

Ezequiel 8.16: Os sacerdotes que se curvam ao sol

16 Ele então me levou para dentro do pátio interno da casa do Senhor, e ali, à entrada do templo, entre o pórtico e o altar, havia uns vinte e cinco homens. Com as costas para o templo do Senhor e os rostos voltados para o oriente, estavam se prostrando na direção do sol. (Ez 8.16 NVI).

Deus, em sua misericórdia, mostrou ao profeta Ezequiel a extensão da idolatria que havia se infiltrado no coração de seu povo. Ezequiel foi levado em visão pelos pátios do templo em Jerusalém, e o que ele viu lá era um testemunho da triste condição espiritual em que o povo escolhido de Deus havia caído.

No pátio interno do templo, Ezequiel viu cerca de 25 homens, que eram sacerdotes. Eles estavam em um lugar sagrado, perto do altar de bronze, onde os sacrifícios eram oferecidos. Esse era um lugar de arrependimento e intercessão pelos pecados do povo, mas o que Ezequiel viu foi um ato de adoração a um deus pagão – o sol. Esses homens que deveriam ser mediadores entre o povo e Deus, estavam se curvando em submissão ao sol, uma prática diretamente proibida por Deus.

Essa cena é um exemplo claro da queda do homem em sua adoração. O homem que foi criado para adorar a Deus e servi-lo, agora está adorando a criação em vez do Criador. Essa é uma triste realidade que continua a nos assombrar hoje. Muitas vezes, colocamos nossa adoração em coisas passageiras e esquecemos o Deus que nos criou e nos sustenta.

Ezequiel 8.17,18: A maldade que enche a nação

17 Ele me disse: “Você viu isso, filho do homem? Será que essas práticas repugnantes são corriqueiras para a nação de Judá? Deverão também encher a terra de violência e continuamente me provocar a ira? Veja! Eles estão pondo o ramo perto do nariz! 18 Por isso com ira eu os tratarei; não olharei com piedade para eles nem os pouparei. Mesmo que gritem aos meus ouvidos, não os ouvirei”. (Ez 8.17–18 NVI).

O que começou como uma visão do templo de Deus, rapidamente se transformou em uma exposição da depravação que havia se espalhado por toda a nação. A descrição de Ezequiel dos horrores que testemunhou é suficiente para fazer estremecer qualquer coração devoto a Deus.

Mas a maldade não estava confinada ao templo. A violência encheu a nação, e o povo continuamente provocou a ira de Deus. O que é pior, eles haviam abandonado o culto ao verdadeiro Deus e se voltado para adorar ídolos e deuses pagãos. Eles estavam até mesmo realizando gestos insultuosos e degradantes diante de Deus, como levar um galho ao nariz, um gesto que era considerado um ato ritual associado à adoração de outros deuses.

Deus não permitiria que essa rebelião aberta continuasse. Ele declarou sua intenção de lidar com o povo com raiva e sem piedade. Mesmo aqueles que tentassem clamar por misericórdia em um esforço desesperado de última hora não seriam poupados do julgamento que estava por vir.

A mensagem de Ezequiel é clara e atemporal. Deus não tolera a corrupção e a idolatria, especialmente quando elas são praticadas por aqueles que se dizem Seu povo. O julgamento é certo para aqueles que persistem na rebelião e na desobediência. Que a história do povo de Deus em Ezequiel sirva como um lembrete solene de que, se abandonarmos a Deus e nos voltarmos para o mal, seremos confrontados com a ira justa de Deus.

Reflexão de Ezequiel 8 para os nossos dias

Amados irmãos e irmãs, a visão de Ezequiel 8 nos ensina uma importante lição sobre a natureza do pecado humano e a necessidade de uma vida de santidade diante de Deus.

Nesta visão, Ezequiel é levado em espírito a Jerusalém, onde testemunha as abominações cometidas pelos líderes e pelo povo de Israel dentro do templo de Deus. Eles estavam adorando ídolos, fazendo imagens pagãs e adorando o sol. Em outras palavras, eles estavam desobedecendo a Deus e desrespeitando a santidade do templo, que era o lugar sagrado onde Deus deveria ser adorado.

Hoje em dia, assim como nos tempos de Ezequiel, muitas pessoas têm desrespeitado a santidade de Deus em suas vidas. Eles adoram coisas que não deveriam, e negligenciam sua vida espiritual. Eles se entregam ao pecado, em vez de buscar a vontade de Deus em suas vidas.

Mas Deus não se esqueceu de nós. Ele ainda está presente, disposto a perdoar e a restaurar aqueles que se arrependem e buscam a sua face. É hora de nos voltarmos para Ele, deixar de lado nossos ídolos e nos dedicarmos a uma vida de santidade e devoção a Deus.

Charles Spurgeon costumava enfatizar que o pecado é um assunto sério, e que aqueles que se entregam a ele estão se afastando da graça e do amor de Deus. Ele nos ensinou a reconhecer a seriedade do pecado em nossas vidas, e a nos arrependermos e buscarmos a face de Deus.

Que esta visão de Ezequiel 8 nos lembre da necessidade de uma vida de santidade e obediência diante de Deus. Que possamos buscar a sua vontade em nossas vidas, e nos afastar de tudo o que nos afasta da sua graça e amor. Que possamos nos arrepender de nossos pecados e buscar a face de Deus, sabendo que Ele está sempre pronto para nos perdoar e nos receber de volta em seus braços.

Motivos de oração em Ezequiel 8

1. Arrependimento pelos nossos próprios pecados e da nossa nação: A visão que Ezequiel teve do templo de Deus sendo profanado pelos líderes e pelo povo de Israel nos lembra da importância do arrependimento. Podemos orar para que Deus nos ajude a ver nossos próprios pecados e os pecados da nossa nação e nos conceda a graça do arrependimento.
2. Interceder pela liderança religiosa e política: Ezequiel viu os líderes do templo e da cidade adorando ídolos e cometendo atos de violência. Podemos orar para que Deus levante líderes fiéis e justos em nossas igrejas e governos, que sejam comprometidos com a Sua vontade e que sirvam ao povo com integridade e justiça.
3. Pedir pelo avivamento espiritual: A visão que Ezequiel teve do templo profanado é um lembrete da importância do avivamento espiritual. Podemos orar para que Deus desperte os corações do Seu povo, trazendo um renovado compromisso com a santidade, um fervor renovado pela oração e a Palavra de Deus, e uma disposição renovada para levar o evangelho ao mundo.

A versão bíblica utilizada neste estudo é a Nova Versão Internacional (São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001)