Atos 19 é um dos capítulos mais marcantes da terceira viagem missionária de Paulo. Ao ler esse texto, fico impressionado em ver como o poder do Evangelho confronta tanto as estruturas religiosas quanto o comércio e os ídolos de uma sociedade. É um capítulo que mostra como o Reino de Deus avança, mas também como gera resistência e transformação.
Qual é o contexto histórico e teológico de Atos 19?
O livro de Atos, como já vimos, foi escrito por Lucas. Segundo Kistemaker (2016), Atos 19 se passa durante a terceira viagem missionária de Paulo, provavelmente entre os anos 53 e 56 d.C., quando ele passa um longo período em Éfeso.
Éfeso era uma das cidades mais importantes do Império Romano. Localizada na província da Ásia (atual Turquia), era conhecida por seu porto movimentado, sua cultura grega e, principalmente, pelo templo dedicado à deusa Ártemis, uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Keener (2017) destaca que o culto a Ártemis não era apenas uma questão religiosa, mas também econômica e política. O templo de Ártemis atraía peregrinos, comerciantes e artesãos, tornando-se um símbolo de orgulho para os efésios e uma fonte significativa de lucro.
Teologicamente, o capítulo mostra o avanço do Evangelho em um ambiente profundamente pagão e hostil. Também revela o poder do Espírito Santo atuando de forma visível, como sinal da chegada do Reino de Deus, algo que já havia sido prometido em Atos 1.8.
Como o texto de Atos 19 se desenvolve?
O capítulo pode ser dividido em três grandes momentos que mostram o impacto do Evangelho em Éfeso.
1. O que aprendemos com o encontro dos discípulos e o Espírito Santo? (Atos 19.1-7)
O texto começa relatando que Paulo encontra alguns discípulos em Éfeso e faz uma pergunta direta:
“Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?” (Atos 19.2).
Essa pergunta me faz refletir. Mostra como, para Paulo, a presença do Espírito não era um detalhe, mas uma evidência clara da fé verdadeira.
Os discípulos afirmam que não ouviram falar do Espírito Santo e haviam recebido apenas o batismo de João. Paulo, então, explica que o batismo de João apontava para Jesus. Após isso, eles são batizados em nome do Senhor e, ao impor as mãos sobre eles, o Espírito Santo vem sobre eles, que falam em línguas e profetizam.
Kistemaker (2016) entende que esse episódio não significa que o batismo de João era inválido, mas que o Evangelho estava agora em sua plenitude em Cristo, e esses homens precisavam experimentar essa realidade.
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Keener (2017) lembra que esse episódio se assemelha ao que aconteceu em Atos 2, Atos 8 e Atos 10, onde o Espírito Santo vem como confirmação da inclusão de novos grupos no Reino.
2. Como o Evangelho transforma Éfeso? (Atos 19.8-20)
Nos versículos seguintes, vemos o poder da Palavra atuando.
Paulo prega na sinagoga por três meses, mas encontra resistência. Diante disso, ele passa a ensinar na escola de Tirano. O texto diz:
“Isso continuou por dois anos, de forma que todos os judeus e os gregos que viviam na província da Ásia ouviram a palavra do Senhor” (Atos 19.10).
Isso me impressiona. Paulo não estava apenas pregando em uma cidade, mas de Éfeso o Evangelho se espalhava por toda a região.
Deus também confirma essa mensagem com milagres extraordinários. Até lenços e aventais usados por Paulo eram levados aos enfermos, que eram curados e libertos.
O episódio dos filhos de Ceva chama atenção. Eles tentam expulsar demônios em nome de Jesus, mas o espírito maligno os confronta:
“Jesus, eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” (Atos 19.15).
Isso me faz pensar. O nome de Jesus não é uma fórmula mágica. Ele exige relacionamento e submissão. O episódio termina de forma humilhante para os filhos de Ceva, mas resulta em temor e crescimento do Evangelho.
Muitos que praticavam ocultismo queimam seus livros, o que mostra arrependimento genuíno. Keener (2017) destaca que o valor dos livros queimados era altíssimo, equivalente a milhares de dias de trabalho, o que demonstra o impacto profundo da conversão.
O versículo 20 resume o momento:
“Dessa maneira a palavra do Senhor muito se difundia e se fortalecia”.
3. O que o tumulto revela sobre o poder do Evangelho? (Atos 19.21-41)
A terceira parte do capítulo mostra a resistência ao Evangelho.
Demétrio, um ourives que lucrava com miniaturas do templo de Ártemis, convoca os artesãos e denuncia Paulo. Ele entende que a pregação de Paulo ameaça não só a religião, mas também o comércio local.
Isso me mostra como o Evangelho não é neutro. Ele confronta estruturas injustas e idólatras. Keener (2017) ressalta que a reação de Demétrio era motivada tanto por zelo religioso quanto por interesses econômicos.
O tumulto toma a cidade. O povo se reúne no teatro e grita por cerca de duas horas: “Grande é a Ártemis dos efésios!” (Atos 19.34).
É interessante ver que, no fim, o escrivão da cidade reconhece que os cristãos não haviam cometido crime ou blasfêmia. Ele acalma a multidão e o tumulto termina.
Esse episódio revela como o Evangelho incomoda o sistema, mas também como Deus protege seus servos.
Que conexões proféticas encontramos em Atos 19?
Esse capítulo ecoa temas do Antigo e do Novo Testamento:
- A presença do Espírito Santo confirma as promessas de Joel 2.28-29.
- O confronto com o ocultismo lembra a autoridade de Cristo sobre as trevas, como já vimos em Lucas 10.17-20.
- A resistência das autoridades e do comércio à pregação do Reino cumpre o que Jesus já havia alertado em João 15.18-20.
Vejo que o avanço do Evangelho sempre cumpre o plano de Deus, mas não acontece sem oposição.
O que Atos 19 me ensina para a vida hoje?
Esse texto traz lições práticas muito atuais:
- Preciso buscar a plenitude do Espírito, como aqueles discípulos de Éfeso.
- O Evangelho transforma vidas e sociedades, mas também incomoda quem vive do erro.
- Milagres e manifestações espirituais são importantes, mas o maior sinal do Reino é a transformação de corações.
- Não posso brincar com o nome de Jesus. Ele exige compromisso, não apenas palavras.
- O avanço do Reino gera resistência, mas Deus continua no controle.
- Minha fé precisa gerar impacto público, assim como aconteceu em Éfeso.
Como Atos 19 me conecta ao restante das Escrituras?
Ao ler esse capítulo, percebo que ele se conecta com vários textos da Bíblia:
- O poder do Espírito confirma a promessa de Atos 1.8.
- A transformação dos discípulos reflete o que Jesus ensinou sobre o novo nascimento em João 3.3-5.
- O confronto com as autoridades se repete em Atos 4.
- O impacto social do Evangelho cumpre o que os profetas disseram sobre o Reino de Deus, como em Isaías 2.2-4.
- A oposição e os tumultos apontam para o que Jesus já havia dito em Mateus 10.16-22.
Tudo isso me mostra que o avanço do Evangelho segue um padrão bíblico. Ele traz vida, poder, transformação e, ao mesmo tempo, resistência.
Referências
- KEENER, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento. Tradução: José Gabriel Said. Edição Ampliada. São Paulo: Vida Nova, 2017.
- KISTEMAKER, Simon. Atos. Tradução: Ézia Mullis e Neuza Batista da Silva. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2016.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.