João 20 é um dos capítulos mais emocionantes e fundamentais de toda a Bíblia. Ele narra o ponto central do cristianismo: a ressurreição de Jesus. Neste capítulo, vemos o sepulcro vazio, os primeiros encontros do Cristo ressurreto e a transformação de discípulos que estavam cheios de medo em testemunhas corajosas. A ressurreição não é apenas um detalhe da fé cristã. É o alicerce sobre o qual tudo se sustenta. Como eu aprendo ao ler este texto, sem a ressurreição, não há perdão de pecados, não há esperança e não há Evangelho.
Qual é o contexto histórico e teológico de João 20?
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O Evangelho de João foi escrito no final do primeiro século, provavelmente entre os anos 85 e 95 d.C., por João, o discípulo amado. Nessa época, as primeiras gerações de cristãos já enfrentavam perseguições e o surgimento de falsas doutrinas, como o gnosticismo, que negava a verdadeira humanidade e divindade de Cristo.
João escreve para afirmar, com clareza, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que a salvação só é possível por meio da fé nele. Hernandes Dias Lopes destaca que “a ressurreição de Cristo é a pedra de esquina do cristianismo. Um Cristo vencido pela morte não poderia salvar a si mesmo e muito menos a nós” (LOPES, 2015, p. 490).
O cenário histórico do capítulo 20 é o domingo da ressurreição, o primeiro dia da semana. Jesus havia sido crucificado e sepultado, e agora, conforme as Escrituras, ele ressuscita, abrindo um novo tempo para os seus seguidores.
Como João 20 revela a vitória de Cristo sobre a morte? (João 20.1–31)
O capítulo se divide em quatro grandes momentos: o túmulo vazio, o encontro de Jesus com Maria Madalena, a aparição aos discípulos e o episódio com Tomé.
O túmulo vazio (João 20.1–10)
Na madrugada do domingo, Maria Madalena vai ao sepulcro e encontra a pedra removida. Assustada, corre para contar a Pedro e João. Ambos correm até o túmulo. João chega primeiro, mas não entra. Pedro entra e vê os lençóis e o lenço dobrado, separado. João também entra, vê e crê.
Hernandes Dias Lopes explica que “o túmulo vazio é o berço da fé. O sepulcro não foi aberto para Jesus sair, mas para os discípulos entrarem e crerem” (LOPES, 2015, p. 492). J. C. Ryle destaca que “aqueles que mais amam a Cristo são os que mais recebem dele. Maria Madalena, com seu amor perseverante, foi honrada ao ser a primeira a testemunhar o túmulo vazio” (RYLE, 2018, p. 371).
O encontro de Jesus com Maria Madalena (João 20.11–18)
Enquanto os discípulos voltam para casa, Maria permanece chorando no sepulcro. Ela vê dois anjos e, depois, o próprio Jesus, mas não o reconhece de imediato. Quando Jesus a chama pelo nome, ela o reconhece e se entrega em adoração, chamando-o de “Rabôni”.
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Esse momento mostra que o amor sincero e perseverante é recompensado. Como eu aprendo aqui, quanto mais busco ao Senhor, mais ele se revela a mim.
Jesus a envia para anunciar aos discípulos: “Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (João 20.17). Aqui, Jesus declara que, por sua morte e ressurreição, os discípulos são feitos filhos de Deus e irmãos dele.
A aparição de Jesus aos discípulos (João 20.19–23)
Naquela mesma tarde, Jesus aparece aos discípulos reunidos a portas trancadas, por medo dos judeus. Ele saúda dizendo: “Paz seja com vocês!”. Essa paz é mais que uma saudação, é o anúncio do perdão e da reconciliação. J. C. Ryle comenta que “não era uma simples expressão de cortesia. Cristo falou diretamente ao estado de medo e confusão dos discípulos” (RYLE, 2018, p. 381).
Jesus mostra as mãos e o lado, evidências da sua vitória sobre a morte. Sopra sobre eles o Espírito Santo e os comissiona para anunciar o Evangelho e proclamar o perdão dos pecados.
O encontro com Tomé (João 20.24–29)
Tomé não estava presente na primeira aparição. Quando os discípulos lhe contam, ele duvida. Oito dias depois, Jesus aparece novamente e, com graça e paciência, convida Tomé a tocar suas feridas. Tomé, impactado, declara: “Senhor meu e Deus meu!”.
Jesus responde: “Felizes os que não viram e creram”. Essa declaração alcança todos nós hoje. Creio sem ter visto, e isso agrada ao Senhor.
O propósito do Evangelho (João 20.30–31)
João encerra o capítulo explicando que escreveu esses sinais para que creiamos que Jesus é o Cristo e, crendo, tenhamos vida em seu nome. Essa é a razão de todo o Evangelho.
Que profecias se cumprem em João 20?
O capítulo cumpre diversas promessas do Antigo Testamento e palavras do próprio Jesus.
Em Salmos 16.10, está escrito: “não permitirás que o teu santo sofra decomposição”. A ressurreição de Cristo cumpre essa profecia, pois o corpo dele não permaneceu na sepultura.
Isaías também aponta para a vitória do Messias sobre a morte em Isaías 53.11: “Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito”.
Além disso, o próprio Jesus havia dito em João 2.19: “Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias”, referindo-se ao seu corpo. Agora, o que ele anunciou se cumpre com exatidão.
Como Hernandes Dias Lopes enfatiza, “Cristo morreu segundo as Escrituras e ressuscitou segundo as Escrituras. Sem a ressurreição, nossa fé seria vã e nossa pregação, vazia” (LOPES, 2015, p. 490).
O que João 20 me ensina para a vida hoje?
Ao meditar nesse capítulo, meu coração se enche de esperança. A ressurreição de Jesus transforma tudo. Não importa o tamanho do medo, da dúvida ou da culpa. O túmulo está vazio e Cristo está vivo.
Aprendo com Maria Madalena que o amor perseverante é recompensado. Ela buscou o Senhor, mesmo sem entender o que havia acontecido, e o encontrou. Se eu buscar com sinceridade, também o verei agir.
Vejo em Pedro e João que cada discípulo tem seu jeito. João foi mais rápido, mas Pedro foi mais ousado ao entrar no túmulo. Deus usa nossa personalidade no Reino. Não preciso me comparar aos outros. Preciso apenas me colocar à disposição.
O encontro de Jesus com os discípulos mostra que ele vence o medo. Eles estavam trancados, mas o Senhor entra, traz paz e restaura a alegria. Quantas vezes também me sinto trancado, preso pelo medo ou pela insegurança. Mas Jesus chega, mostra as marcas da cruz e diz: “Paz seja com vocês”.
Com Tomé, vejo que o Senhor é paciente com minha fraqueza. Às vezes, tenho dúvidas, oscilo na fé. Mas ele não me rejeita. Ele se revela de forma tão clara que meu coração, assim como o de Tomé, só pode declarar: “Senhor meu e Deus meu”.
Por fim, esse capítulo me ensina que a fé não depende de ver para crer. Sou convidado a crer na Palavra, a confiar na obra de Cristo e a experimentar vida em seu nome.
Como João 20 me conecta ao restante das Escrituras?
João 20 ecoa as Escrituras desde o Antigo Testamento até o Novo.
O túmulo vazio confirma o que Salmos 16 e Isaías 53 anunciaram: o Messias venceria a morte.
O envio dos discípulos conecta-se com a Grande Comissão de Mateus 28, mostrando que a missão da Igreja nasce da ressurreição.
A incredulidade de Tomé e o ensino sobre fé apontam para o que Paulo ensina em 2 Coríntios 5.7: “Vivemos por fé, e não pelo que vemos”.
A promessa da presença do Espírito Santo, soprada sobre os discípulos, se cumpre plenamente em Atos 2, no Pentecostes.
O que Deus fala ao meu coração em João 20?
Deus me lembra que, mesmo quando não entendo tudo, ele continua agindo. Mesmo quando o medo me tranca, Jesus vem ao meu encontro. Mesmo quando a dúvida tenta me paralisar, o Senhor se apresenta e confirma sua vitória.
Ele me chama a olhar para o túmulo vazio e lembrar que a morte foi vencida. Me convida a crer, mesmo sem ver. E me envia ao mundo para anunciar que ele vive.
Posso ter a mesma certeza de Maria Madalena: “Eu vi o Senhor!”. E mesmo sem tê-lo visto fisicamente, creio e, por isso, tenho vida em seu nome.
Referências
- LOPES, Hernandes Dias. João: As Glórias do Filho de Deus. São Paulo: Hagnos, 2015.
- RYLE, J. C. Meditações no Evangelho de João. 2. ed. São José dos Campos: Editora Fiel, 2018.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.
Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.