Mateus 28 encerra o Evangelho com uma mensagem de triunfo e esperança. Neste capítulo, a ressurreição de Jesus e a grande comissão aos discípulos confirmam que Ele é o Messias prometido e que Sua missão continua viva através da Igreja. Ao analisar esse texto, fica evidente que não se trata apenas de um encerramento histórico, mas de um convite atual à fé e à obediência.
Qual o contexto histórico e teológico de Mateus 28?
Mateus escreveu seu Evangelho por volta dos anos 60-70 d.C., provavelmente em Antioquia da Síria, para uma comunidade majoritariamente judaica. Por isso, seu foco está em mostrar que Jesus é o cumprimento das promessas feitas a Abraão, Davi e aos profetas, como vimos desde o início do livro (Mateus 1).
O capítulo 28 acontece após a crucificação e o sepultamento de Jesus. Para os judeus da época, o sábado já havia terminado e o novo dia, o primeiro da semana, se iniciava. Era domingo de manhã, o dia que, como lembra R. C. Sproul, “se tornaria, para a igreja cristã, um novo marco semanal de adoração, por causa da ressurreição” (SPROUL, 2017, p. 737).
Além disso, Mateus destaca a tensão política e religiosa do período. As autoridades judaicas estavam determinadas a impedir a propagação da mensagem da ressurreição, chegando a subornar os guardas para inventarem uma versão alternativa dos fatos (Mt 28.11–15).
Teologicamente, o capítulo revela o ponto culminante da obra de Cristo: sua vitória sobre a morte e a inauguração da missão global da Igreja. Como resume Hendriksen, “Mateus encerra seu Evangelho mostrando o Cristo triunfante, investido de toda autoridade, enviando seus discípulos ao mundo e prometendo Sua presença constante” (HENDRIKSEN, 2010, p. 602).
O que o texto de Mateus 28 nos revela?
>>> Inscreva-se em nosso Canal no YouTube
Como as mulheres descobriram o túmulo vazio? (Mateus 28.1–10)
O relato começa com Maria Madalena e “a outra Maria” indo ao túmulo ao amanhecer do domingo. Elas não esperavam a ressurreição, mas queriam demonstrar respeito ao corpo de Jesus, conforme também aparece em Marcos 16.
De repente, houve um grande terremoto e um anjo desceu do céu, removendo a pedra do túmulo e sentando-se sobre ela. A descrição do anjo é impressionante: “Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve” (Mt 28.3). O terremoto aqui, como destaca Hendriksen, “é um sinal de que Deus está intervindo diretamente na história humana” (HENDRIKSEN, 2010, p. 589).
Os guardas tremeram de medo e ficaram como mortos, mas o anjo tranquilizou as mulheres: “Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito” (Mt 28.5-6).
Nosso sonho é que este site exista sem precisar de anúncios.
Se o conteúdo tem abençoado sua vida, você pode nos ajudar a tornar isso possível.
Contribua para manter o Jesus e a Bíblia no ar e sem publicidade:
O anjo ainda as convida a ver o túmulo vazio e ordena que anunciem a ressurreição aos discípulos. Enquanto elas vão, o próprio Jesus aparece, cumprimentando-as e reafirmando a mensagem: “Não tenham medo. Vão dizer a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá eles me verão” (Mt 28.10).
O texto destaca que as mulheres foram as primeiras testemunhas da ressurreição. Um detalhe significativo, pois, naquela cultura, o testemunho feminino era desprezado. Deus, mais uma vez, confunde as expectativas humanas e exalta os humildes.
O que aconteceu com os guardas? (Mateus 28.11–15)
Enquanto as mulheres levavam a mensagem aos discípulos, alguns guardas se dirigiram aos líderes religiosos e contaram tudo o que haviam presenciado.
O Sinédrio, temendo a repercussão dos fatos, elabora um plano: suborna os soldados para que digam que os discípulos roubaram o corpo enquanto eles dormiam. Como observa Sproul, “essa versão era tão ilógica que se tornava insustentável, mas os líderes estavam dispostos a tudo para abafar a verdade” (SPROUL, 2017, p. 744).
A mentira, no entanto, se espalhou entre os judeus e continuava circulando nos dias de Mateus. A oposição à ressurreição não era apenas uma questão religiosa, mas um embate de poder e influência social.
O que Jesus ordenou aos discípulos? (Mateus 28.16–20)
Os onze discípulos obedeceram à instrução e foram para a Galileia, para o monte indicado por Jesus. Quando o viram, o adoraram, embora alguns ainda hesitassem (Mt 28.17). Essa hesitação reflete o impacto e a incredulidade humanas diante de algo tão extraordinário.
Jesus então proclama a Grande Comissão: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações” (Mt 28.18–19).
Essa autoridade é fruto da obra redentora de Cristo. Ele, o Ressuscitado, possui domínio absoluto sobre todas as esferas: espiritual, natural e histórica. O comando “vão e façam discípulos” revela que o Evangelho não é para ser guardado, mas proclamado em todo o mundo.
Jesus estabelece três ações essenciais:
- Ir às nações;
- Fazer discípulos;
- Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O batismo, como aponta Hendriksen, “não é um ritual vazio, mas um sinal da inserção do crente na comunhão com o Deus Trino” (HENDRIKSEN, 2010, p. 603).
Por fim, Cristo promete Sua presença constante: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28.20). Essa é a garantia que sustenta a missão da Igreja.
Como Mateus 28 cumpre as profecias?
Desde o início, Mateus se dedica a mostrar o cumprimento das Escrituras em Jesus. Aqui, o ápice dessa confirmação acontece.
A ressurreição cumpre o que o próprio Jesus predissera, como em Mateus 16.21 e Mateus 20.19. Além disso, conecta-se diretamente às profecias messiânicas, como o Salmo 16.10: “não permitirás que o teu Santo sofra decomposição”.
A autoridade de Jesus ecoa a visão de Daniel 7.13–14, onde o Filho do Homem recebe domínio eterno. A missão às nações cumpre a promessa feita a Abraão, de que todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio dele (Gênesis 12).
Portanto, Mateus 28 não apenas relata eventos; ele sela a certeza de que Jesus é o Messias, o Rei e Salvador prometido.
Que lições espirituais e aplicações práticas Mateus 28 traz?
Ao ler este capítulo, meu coração se enche de esperança e desafio.
Primeiro, lembro-me de que a ressurreição de Jesus transforma a morte em esperança. Como afirmou Sproul, “nenhum outro líder religioso ressuscitou; apenas Cristo venceu a morte” (SPROUL, 2017, p. 738).
Segundo, vejo que Deus usa os improváveis. As mulheres foram as primeiras a testemunhar o túmulo vazio. Isso me ensina que Deus não age segundo os critérios humanos de status ou poder.
Terceiro, a mentira dos líderes religiosos me lembra que a verdade do Evangelho sempre enfrentará oposição. Até hoje, muitos tentam negar ou distorcer a ressurreição. Mas, como diz o apóstolo Paulo, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé” (1 Coríntios 15).
Quarto, a Grande Comissão é um chamado para mim. Fazer discípulos começa no meu lar, na minha vizinhança e se estende ao mundo. Não é tarefa opcional, mas missão central da Igreja.
Por fim, a promessa da presença de Jesus consola meu coração. Em meio às lutas, incertezas e fraquezas, sei que Ele está comigo, dia após dia, até o fim dos tempos.
Conclusão
Mateus 28 sela o Evangelho com vitória, esperança e responsabilidade. A ressurreição não é um evento isolado do passado, mas a base da nossa fé e missão no presente. Cristo ressuscitou, reina com autoridade e nos envia ao mundo com a certeza de Sua presença constante.
Assim como o Evangelho começou com o anúncio de que Ele é “Emanuel – Deus conosco” (Mt 1.23), ele termina com a garantia de que Ele permanece conosco até o fim.
Ao refletir sobre este capítulo, reconheço: minha vida precisa ser marcada por fé na ressurreição, coragem para testemunhar e alegria por saber que o Cristo vivo caminha ao meu lado.
Referências
- HENDRIKSEN, William. Mateus. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
- SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. 1. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.