Em 2 Samuel 19 vemos que após a derrota de Absalão, o povo de Judá e Jerusalém enviou Joabe a Davi, para lhe pedir que retorne ao governo. O rei estava de luto, profundamente triste.
Não é para menos, em poucos anos sua família viveu grandes perdas e dores. Muitas dessas lágrimas, provavelmente, ainda lamentavam o erro cometido. De toda forma, ele voltou e seguiu liderando o povo.
A batalha contra Absalão havia deixado muitas pontas soltas, não apenas com Davi, mas no relacionamento de muitos que viviam junto à ele, como por exemplo entre Mefibosete e Ziba.
Quando Davi encontra a Mefibosete o questiona: “por que não foste comigo?”.
Durante a fuga de Davi, ele percebeu que Mefibosete não o havia seguido. A justificativa do filho de Jônatas, foi a de que Ziba o havia deixado para trás.
Sem procurar saber se era verdade ou não, Davi recebeu tanto a ele quanto a Ziba de volta à mesa da família real.
Davi era agora um homem ainda mais experiente e maduro, questões irrelevantes não lhe perturbavam mais.
Assim deve ser conosco, devemos ter a sensibilidade e a maturidade para não dar atenção ao que não merece. Muitas pessoas seguem angustiadas e preocupadas, com questões triviais e esquecem de confiar no Senhor, o Deus de toda a Terra.
Esboço de 2 Samuel 19:
2 Sm 19.1-3: Lágrimas ou sorriso?
2 Sm 19.4-8: O preço da liderança
2 Sm 19.9-13: O que é seu, ninguém toma!
2 Sm 19.14-23: Perdão!
2 Sm 19.24-30: Não importa!
2 Sm 19.31-38: Um amigo incomum
2 Sm 19.40-43: De quem é a razão?
Estudo de 2 Samuel 19 em vídeo
2 Samuel 19.1-3: Lágrimas ou sorriso?
Informaram a Joabe que o rei estava chorando e se lamentando por Absalão. 2 Para todo o exército a vitória daquele dia se transformou em luto, porque as tropas ouviram dizer: “O rei está de luto por seu filho”. 3 Naquele dia o exército ficou em silêncio na cidade, como fazem os que fogem humilhados da batalha. (2Sm 19.1–3 NVI).
O que deveria ter sido um dia de alegria triunfante, tornou-se para Davi um dia de profunda dor. Sua alegria por ter recuperado o reino foi superada pela dor por ter perdido outro filho. Os soldados de Davi ficaram tão desapontados que deixaram Maanaim como se fossem perdedores em vez de vencedores.
Apesar da vitória de Davi na batalha, ele foi dominado pela tristeza devido à morte de seu filho, Absalão. Era de se esperar que Davi estivesse alegre depois de uma grande vitória como esta, mas ao invés disso ele expressou uma tristeza sem igual.
O rei estava acostumado a ter grandes vitórias no campo de batalha e a vencer inimigos muito fortes, mas naquele dia, vencer no campo de batalha o próprio filho, não lhe trouxe nenhuma alegria.
Esse episódio nos mostra que há coisas na vida que realmente não compensam. Ser uma pessoa bem sucedida, respeitada e influente, não substitui o fracasso na liderança familiar.
Ao que tudo indica, Davi negligenciou o mandamento de Deuteronômio 6.1-11, sobre como deveria educar seus filhos, e isso lhe custou muito caro, assim como ainda hoje custa.
Muitos cristãos estão se saindo muito bem no que se refere a carreira profissional, mas estão esquecendo de liderar com excelência suas famílias.
Isso tem gerado muitos filhos que além de não amar a Deus, não honram a seus pais.
2 Samuel 19.4-8: O preço da liderança
4 O rei, com o rosto coberto, gritava: “Ah, meu filho Absalão! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!” 5 Então Joabe entrou no palácio e foi falar com o rei…8 Então o rei levantou-se e sentou-se junto à porta da cidade. Quando o exército soube que o rei estava sentado junto à porta, todos os soldados juntaram-se a ele. (2 Sm 19.4–8 NVI).
Joabe, confrontou Davi e o repreendeu por sua insensibilidade em relação a seus oficiais e pessoas que lhe ajudaram a recuperar o trono. Parecia, disse Joabe, que Davi teria ficado mais satisfeito se Absalão tivesse vivido e todos eles tivessem morrido.
A fim de salvar o pouco moral que restava, Joabe insistiu com Davi para que ele aparecesse diante das tropas e deixasse clara sua gratidão ao serviço que prestavam a ele.
A posição de Davi era muito difícil, porque de fato, a perda de um filho é algo que só quem passou é que sabe descrever o quanto dói, especialmente quando a perda é trágica. Por outro lado, Absalão foi morto pelos exércitos de Davi, porque queria matar o rei.
Ao mesmo tempo que a dor era grande, Davi não podia deixar de ser grato pela lealdade dos seus súditos, que estavam dispostos a fazer o que fosse necessário para que ele continuasse a liderá-los.
Posições de lideranças exigem muita sabedoria e graça de Deus. Por mais difícil que seja lidar com as responsabilidades, precisamos encará-las de frente, suplicando a Deus que nos ajude e capacite no processo.
2 Samuel 19.9-13: O que é seu, ninguém toma!
Enquanto isso os israelitas fugiam para casa. 9 Em todas as tribos de Israel o povo discutia, dizendo: “Davi nos livrou das mãos de nossos inimigos; foi ele que nos libertou dos filisteus. Mas agora fugiu do país por causa de Absalão; 10 e Absalão, a quem tínhamos ungido rei, morreu em combate. E, por que não falam em trazer o rei de volta?” 11 Quando chegou aos ouvidos do rei o que todo o Israel estava comentando, Davi mandou a seguinte mensagem aos sacerdotes Zadoque e Abiatar: “Perguntem às autoridades de Judá: Por que vocês seriam os últimos a conduzir o rei de volta ao seu palácio? 12 Vocês são meus irmãos, sangue do meu sangue ! Por que seriam os últimos a ajudar no meu retorno?” 13 E digam a Amasa: “Você é sangue do meu sangue! Que Deus me castigue com todo o rigor se, de agora em diante, você não for o comandante do meu exército em lugar de Joabe”. (2 Sm 19.9–13 NVI).
Os soldados restantes do exército de Absalão voltaram para casa e junto com o resto de Israel se encontraram em um dilema. Eles haviam seguido Absalão, mas agora ele estava morto. Além disso, sob a liderança de Davi eles haviam prosperado.
Então, surgiu a questão: por que os anciãos não estavam agindo para trazer o rei de volta?
Percebendo a indecisão das autoridades locais, Davi enviou os sacerdotes Zadoque e Abiatar, para perguntar por que eles estavam tão relutantes em restaurar o seu trono, quando estava claro que o povo estava disposto e pronto para fazê-lo.
Para obter apoio especialmente de Judá, o rei Davi disse aos sacerdotes que prometessem a Amasa, seu sobrinho, que ele seria seu comandante em lugar de Joabe.
Joabe, também sobrinho de Davi por meio de outra meia-irmã Zeruia (1 Crônicas 2:16), já havia se tornado completamente desacreditado aos olhos de Davi por causa de suas discordâncias públicas com a sua liderança.
Uma das coisas que toda essa história me ensina, é que aquilo que Deus lhe deu, ninguém toma. Uma vez que permanecemos na presença de Deus, submissos a ele e com um coração quebrantado, por maiores que sejam as adversidades, elas não são capazes de nos impedir de viver as promessas de Deus.
2 Samuel 19.14-23: Perdão!
14 As palavras de Davi conquistaram a lealdade unânime de todos os homens de Judá. E eles mandaram dizer ao rei que voltasse com todos os seus servos. 15 Então o rei voltou e chegou ao Jordão. E os homens de Judá foram a Gilgal, ao encontro do rei, para ajudá-lo a atravessar o Jordão. 16 Simei, filho de Gera, benjamita de Baurim, foi depressa com os homens de Judá para encontrar-se com o rei Davi. 17 Com ele estavam outros mil benjamitas e também Ziba, supervisor da casa de Saul, com seus quinze filhos e vinte servos. Eles entraram no Jordão antes do rei 18 e atravessaram o rio a fim de ajudar a família real na travessia e fazer o que o rei desejasse. Simei, filho de Gera, atravessou o Jordão, prostrou-se perante o rei 19 e lhe disse: “Que o meu senhor não leve em conta o meu crime. E que não te lembres do mal que o teu servo cometeu no dia em que o rei, meu senhor, saiu de Jerusalém. Que o rei não pense mais nisso! 20 Eu, teu servo, reconheço que pequei. Por isso, de toda a tribo de José, fui o primeiro a vir ao encontro do rei, meu senhor”. 21 Então Abisai, filho de Zeruia, disse: “Simei amaldiçoou o ungido do Senhor; ele deve ser morto!” 22 Davi respondeu: “Que é que vocês têm com isso, filhos de Zeruia? Acaso se tornaram agora meus adversários? Deve alguém ser morto hoje em Israel? Ou não tenho hoje a garantia de que voltei a reinar sobre Israel?” 23 E o rei prometeu a Simei, sob juramento: “Você não será morto”. (2 Sm 19.14–23 NVI).
A missão de Zadoque e Abiatar foi bem-sucedida. De comum acordo, o povo de Judá não apenas convidou Davi a voltar para governá-los, mas também enviou uma delegação ao rio Jordão para encontrá-lo e ajudá-lo a atravessar o rio.
Incluídos na delegação estavam Simei, que havia amaldiçoado Davi em seu caminho para o exílio em 2 Samuel 16:5–8, e Ziba, o servo de Mefibosete que havia ajudado Davi ao longo do caminho, na fuga (2 Samuel 16:1 –4).
Simei, percebendo o perigo em que agora se encontrava por causa da restauração de Davi ao trono, prostrou-se diante do rei e buscou seu perdão, um favor que Davi concedeu apesar das objeções de Abisai.
O grande número de benjamitas que acompanhavam Simei e que foram identificados por ele como outros membros de toda a casa de José indica os primeiros passos dados pela tribo de Benjamim para ligar-se a Judá.
2 Samuel 19.24-30: Não importa!
24 Mefibosete, neto de Saul, também foi ao encontro do rei. Ele não havia lavado os pés nem aparado a barba nem lavado as roupas, desde o dia em que o rei partira até o dia em que voltou em segurança. 25 Quando chegou de Jerusalém e encontrou-se com o rei, este lhe perguntou: “Por que você não foi comigo, Mefibosete?” 26 Ele respondeu: “Ó rei, meu senhor! Eu, teu servo, sendo aleijado, mandei selar o meu jumento para montá-lo e acompanhar o rei. Mas o meu servo me enganou. 27 Ele falou mal de mim ao rei, meu senhor. Tu és como um anjo de Deus! Faze o que achares melhor. 28 Todos os descendentes do meu avô nada mereciam do meu senhor e rei, senão a morte. Entretanto, deste a teu servo um lugar entre os que comem à tua mesa. Que direito tenho eu, pois, de te pedir qualquer outro favor?” 29 Disse-lhe então o rei: “Você já disse o suficiente. Minha decisão é que você e Ziba dividam a propriedade”. 30 Mas Mefibosete disse ao rei: “Deixa que ele fique com tudo, agora que o rei, meu senhor, chegou em segurança ao seu lar”. (2 Sm 19.24–30 NVI).
Em seguida veio Mefibosete, que disse a Davi que Ziba havia mentido sobre o motivo de ele permanecer em Jerusalém quando o rei foi forçado a partir.
O filho de Jônatas disse que não tentou usar a fuga do rei como uma oportunidade para restaurar a autoridade da casa de Saul, sobre Israel, como Ziba havia dito. Se isso era verdade ou não, só saberemos na eternidade, porque Davi não se importou em saber quem estava com a razão.
O homem segundo o coração de Deus tinha uma sabedoria fora do comum.
Costumamos exaltar a sabedoria de Salomão, mas devemos lembrar que quem orientou Salomão a fazer da Sabedoria uma prioridade, foi seu pai Davi, algo que ele diz em Provérbios 1.
Davi nos mostra que picuinhas não devem atrair a nossa atenção, nem tampouco tirar o nosso foco do que realmente importa.
O fato de não querer saber quem estava falando a verdade, diz muito sobre Davi. A decisão dele, era a de que a promessa feita a Jônatas, seria mantida, independentemente do comportamento de Mefibosete.
Por isso, não importava se ele estava falando a verdade ou não.
2 Samuel 19.31-38: Um amigo incomum
31 Barzilai, de Gileade, também saiu de Rogelim, acompanhando o rei até o Jordão, para despedir-se dele. 32 Barzilai era bastante idoso; tinha oitenta anos. Foi ele que sustentou o rei durante a sua permanência em Maanaim, pois era muito rico. 33 O rei disse a Barzilai: “Venha comigo para Jerusalém, e eu cuidarei de você”. 34 Barzilai, porém, respondeu: “Quantos anos de vida ainda me restam, para que eu vá com o rei e viva com ele em Jerusalém? 35 Já fiz oitenta anos. Como eu poderia distinguir entre o que é bom e o que é mau? Teu servo mal pode sentir o gosto daquilo que come e bebe. Nem consigo apreciar a voz de homens e mulheres cantando! Eu seria mais um peso para o rei, meu senhor. 36 Teu servo acompanhará o rei um pouco mais, atravessando o Jordão, mas não há motivo para uma recompensa dessas. 37 Permite que o teu servo volte! E que eu possa morrer na minha própria cidade, perto do túmulo de meu pai e de minha mãe. Mas aqui está o meu servo Quimã. Que ele vá com o meu senhor e rei. Faze por ele o que achares melhor!” 38 O rei disse: “Quimã virá comigo! Farei por ele o que você achar melhor. E tudo o mais que desejar de mim, eu o farei por você”. (2 Sm 19.31–38 NVI).
Então Barzilai, o gileadita, que fornecera suprimentos a Davi quando ele cruzou a Transjordânia, apresentou-se ao rei. Grato ao amigo de 80 anos por toda a sua bondade, Davi o incentivou a se mudar para Jerusalém e viver o restante de seus dias com o sustento do rei.
Barzilai agradeceu a generosidade, mas disse que era velho demais para tamanha mudança e preferia morrer em sua própria terra. Ele pediu que seu filho Quimã, fosse em seu lugar e recebesse a recompensa.
Mais uma vez, vemos Davi horando pessoas através da gratidão e praticando uma de suas grandes virtudes: a de desenvolver relacionamentos.
Precisamos de pessoas como Barzilai em nossas vidas, mas para isso precisamos ser pessoas como Davi, que sabem fazer bons amigos e honrá-los.
Muitos cristãos em nossos dias querem viver isolados, distante da comunhão com o povo de Deus e quando se veem em apuros, não sabem a quem pedir oração, ou conselhos; ou mesmo, como Davi, receber ajuda material.
Veja, até mesmo, o maior rei humano que Israel já teve, precisou de ajuda. Quanto mais, eu e você?
2 Samuel 19.40-43: De quem é a razão?
40 O rei seguiu para Gilgal; e com ele foi Quimã. Todo o exército de Judá e a metade do exército de Israel acompanharam o rei. 41 Logo os homens de Israel chegaram ao rei para reclamar: “Por que os nossos irmãos, os de Judá, sequestraram o rei e o levaram para o outro lado do Jordão, como também a família dele e todos os seus homens?” 42 Todos os homens de Judá responderam aos israelitas: “Fizemos isso porque o rei é nosso parente mais chegado. Por que vocês estão irritados? Acaso comemos das provisões do rei ou tomamos dele alguma coisa?” 43 Então os israelitas disseram aos homens de Judá: “Somos dez com o rei; e muito maior é o nosso direito sobre Davi do que o de vocês. Por que nos desprezam? Nós fomos os primeiros a propor o retorno do nosso rei!” Mas os homens de Judá falaram ainda mais asperamente do que os israelitas. (2 Sm 19.40–43 NVI).
Por fim, Davi e sua comitiva cruzaram o Jordão e chegaram a Gilgal, onde foram recebidos por uma multidão de cidadãos de Judá e Israel.
Os israelitas ficaram chateados porque os judeus reivindicaram Davi como um deles, excluindo as outras tribos. Quando os judeus responderam que Davi era parte de sua família, os israelitas disseram que havia 10 tribos deles e, portanto, sua autoridade era muito maior.
Além disso, os israelitas foram os primeiros a insistir que Davi voltasse para governar a nação. O argumento revela a inconstância do povo, que se não apoiou ativamente a rebelião de Absalão, pelo menos, consentiu com ela e agora queria o direito de ser os primeiros a receber Davi de volta.
Algo que fica evidente nesta disputa, é a intriga constante entre Judá e Israel, problema que mais tarde se agravaria e causaria a divisão do reino.
O que aprendo com tudo isso, é que a maioria das pessoas não são leias e não sabem o que quer, são um bando de “Maria vai com as outras”.
A sociedade dos nossos dias não é diferente. Vemos pessoas sem convicção, seguindo a quem grita mais alto e mudando de opinião a todo momento.
Vemos cristãos inconstantes que um dia estão cheios de amor por Jesus, no outro estão celebrando os prazeres da carne.
O comportamento dos israelitas, de inconsistência e reclamação não é novo, e precisamos ter muito cuidado para não sermos arrastados por ele.
Motivos de oração em 2 Samuel 19:
Oro para que:
- Deus nos ajude a liderar com eficiência nas mais diversas áreas da vida;
- O Senhor crie em nós um coração cheio de convicção;
- O nosso coração seja misericordioso e perdoador.