Bíblia de Estudo Online

Êxodo 35 Estudo: Por que Deus pediu ofertas tão específicas?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

Receba no seu e-mail conteúdos que ajudam você a entender e viver a Palavra.

Êxodo 35 é um capítulo que me emociona pela forma como revela o coração voluntário do povo e a presença graciosa de Deus conduzindo cada detalhe. Depois da rebelião no capítulo 32, é como se Deus estivesse dizendo: “Vocês ainda fazem parte dos meus planos”. E ver o povo respondendo com generosidade e dedicação mostra que, mesmo depois do pecado, ainda é possível recomeçar — com obediência e fé.

Qual é o contexto histórico e teológico de Êxodo 35?

Estamos na parte final de Êxodo, logo após a renovação da aliança entre Deus e Israel (Êxodo 34). O povo havia pecado gravemente ao construir o bezerro de ouro em Êxodo 32, mas a intercessão de Moisés e a misericórdia do Senhor abriram o caminho para um novo começo. Agora, Moisés transmite ao povo as instruções para a construção do tabernáculo — um santuário móvel onde Deus habitaria no meio deles.

A ordem de construir o tabernáculo havia sido dada antes da apostasia, nos capítulos 25 a 31. No entanto, depois do pecado, tudo poderia ter sido cancelado. Como destaca Victor Hamilton, o fato de Deus permitir que a construção siga adiante mostra Sua compaixão e o poder da intercessão (HAMILTON, 2017, p. 827).

Meu sonho é que este site exista sem depender de anúncios.

Se o conteúdo tem abençoado sua vida,
você pode nos ajudar a tornar isso possível.

Contribua para manter o Jesus e a Bíblia no ar:

O capítulo 35 marca a transição entre a instrução e a execução. Ele começa com Moisés reunindo toda a congregação para transmitir as palavras do Senhor. O verbo hebraico qāhal, usado aqui para “reunir” (v. 1), é o mesmo usado em Êxodo 32.1 para descrever a reunião hostil em torno de Arão. Mas agora, em um contexto de obediência, esse verbo ganha um novo sentido: o povo é reunido para ouvir, não para rebelar-se. O caos dá lugar à adoração.

Como o texto de Êxodo 35 se desenvolve?

Por que o sábado é reafirmado antes da construção? (Êxodo 35.1–3)

Logo no início, Moisés reafirma a importância do sábado. “Em seis dias qualquer trabalho poderá ser feito, mas o sétimo dia lhes será santo, um sábado de descanso consagrado ao Senhor” (v. 2). Essa orientação já havia sido dada em Êxodo 31.12–17, mas agora ganha ênfase especial.

A construção do tabernáculo era uma obra santa, mas nem mesmo ela deveria violar o descanso sabático. Isso mostra que, para Deus, o tempo sagrado é tão importante quanto o espaço sagrado. Mesmo em meio ao zelo pela edificação do santuário, Israel deveria descansar. O sábado, portanto, é um lembrete de que a santidade não está apenas no fazer, mas também no parar.

John H. Walton observa que a proibição de acender fogo (v. 3) representa uma intensificação da santidade sabática. Os rabinos posteriormente instruíram que o fogo deveria ser preparado antes do sábado, para que o repouso fosse pleno (WALTON et al., 2018, p. 150).

Como o povo responde à convocação de Moisés? (Êxodo 35.4–29)

Moisés convoca o povo a trazer ofertas voluntárias para a obra do tabernáculo. Ele diz: “Todo aquele que, de coração, estiver disposto, trará como oferta ao Senhor” (v. 5). A lista inclui metais preciosos, tecidos, couro, madeira, óleo, especiarias e pedras. Cada item seria usado em algum aspecto do tabernáculo ou das vestes sacerdotais.

O que mais me toca nesse trecho é o uso do verbo hebraico nādab, traduzido como “impelido” ou “movido de coração” (v. 21). Não se tratava de um imposto ou de uma obrigação. Era uma expressão de amor e devoção. Tanto homens quanto mulheres participaram (v. 22), trazendo o que tinham — até mesmo joias pessoais.

As mulheres são destacadas de forma especial por sua habilidade artesanal (v. 25–26). Isso é significativo, pois em muitos momentos anteriores do livro elas quase não aparecem. Aqui, elas desempenham um papel ativo e criativo. Elas não apenas ofertam, mas também contribuem com trabalho qualificado, tecendo linho e pelos de cabra para as cortinas do santuário.

Victor Hamilton ressalta que a distinção entre os termos hebraicos para oferta (tĕrûmâ, tĕnûpâ, nĕdābâ) revela diferentes nuances de consagração — algumas para o altar, outras para apresentação diante do Senhor (HAMILTON, 2017, p. 835). Independentemente do termo, o ponto principal é a voluntariedade.

Quem são os escolhidos para liderar a construção? (Êxodo 35.30–35)

Moisés então apresenta Bezalel e Aoliabe, os artesãos escolhidos por Deus. “O Senhor escolheu Bezalel… e o encheu do Espírito de Deus, dando-lhe destreza, habilidade e plena capacidade artística” (v. 30–31). Aoliabe também recebeu sabedoria, e ambos foram capacitados para ensinar outros.

Essa é uma das primeiras vezes em que vemos alguém sendo “cheio do Espírito de Deus” no Antigo Testamento. E não é para profetizar ou guerrear — é para construir, esculpir, bordar. Isso me lembra que o Espírito Santo atua também nos dons criativos e artísticos. Deus capacita pessoas comuns para realizarem obras extraordinárias.

Hamilton observa que a raiz hebraica para “sabedoria” (ḥ-k-m) aparece 18 vezes em Êxodo, sendo quase todas relacionadas à habilidade de Bezalel e sua equipe. Em contraste com a “sabedoria” de Faraó que oprimia (Êxodo 1.10), aqui vemos uma sabedoria que edifica e serve à comunidade (HAMILTON, 2017, p. 836).

Há cumprimento profético em Êxodo 35?

O tabernáculo é uma sombra profética de Cristo e da igreja. Ele aponta para a presença de Deus habitando no meio do seu povo — algo que se cumpre plenamente na encarnação de Jesus. João declara: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14), usando a mesma ideia do tabernáculo: Deus entre nós.

A generosidade voluntária do povo em Êxodo 35 ecoa nas palavras de Paulo em 2 Coríntios 9.7: “Deus ama quem dá com alegria”. No Novo Testamento, a edificação do “tabernáculo espiritual” — a igreja — também é feita com contribuições voluntárias e dons dados pelo Espírito.

Bezalel, cheio do Espírito para construir o santuário, antecipa o trabalho do próprio Espírito em capacitar os crentes com dons diversos para edificar o corpo de Cristo (Efésios 4.11-12). Há, portanto, uma continuidade entre o serviço de Bezalel e o ministério dos crentes hoje.

O que Êxodo 35 me ensina para a vida hoje?

Esse capítulo me ensina, antes de tudo, que Deus ainda quer habitar conosco, mesmo depois da queda. Ele não nos abandona após nossos fracassos. Assim como o tabernáculo foi construído depois do bezerro de ouro, Deus também reconstrói nossa comunhão com Ele quando há arrependimento.

Outra lição poderosa é sobre generosidade. O povo ofertou com alegria, sem coação. Eles não esperaram ficar ricos para contribuir. Eles deram o que tinham: ouro, sim, mas também tecido, madeira, mãos habilidosas. Isso me desafia a pensar: com o que posso contribuir hoje para a obra de Deus?

O destaque às mulheres me lembra que todos têm um papel na adoração — homens, mulheres, líderes, artesãos. O Reino de Deus não é construído apenas por teólogos ou sacerdotes, mas por todos os que se dispõem a servir com o que têm.

A ênfase no sábado me lembra que, mesmo em meio a uma tarefa importante, preciso descansar. O ativismo pode parecer espiritual, mas Deus valoriza o descanso. O sábado não é um fardo, mas um presente.

Por fim, vejo em Bezalel e Aoliabe um modelo de como o Espírito capacita pessoas comuns para tarefas extraordinárias. Deus dá sabedoria, habilidade e até mesmo disposição para ensinar. Isso me faz valorizar ainda mais os dons espirituais, não apenas os mais visíveis, mas também os criativos, técnicos e manuais.


Referências

error:

ÓTIMO! Vou Enviar Para SEU E-MAIL

Digite seu E-mail abaixo e AGUARDE A CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO
para receber o E-book de graça!
Claro, seus dados estão 100% seguros!