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Ezequiel 13 Estudo: Deus ainda confronta falsos profetas?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Ezequiel 13 me ensina que nem todo discurso religioso vem de Deus. Entre os exilados na Babilônia, Deus levanta Ezequiel para denunciar líderes que usavam o nome do Senhor para sustentar seus próprios interesses. Homens e mulheres que, em vez de reconstruir o povo, exploravam sua dor com palavras vazias e práticas ocultas. Ao confrontá-los, Deus revela que conhece os alicerces de cada mensagem — e só permanece de pé o que é firmado em sua verdade.

Qual é o contexto histórico e teológico de Ezequiel 13?

O capítulo 13 de Ezequiel foi escrito entre os anos 592 e 591 a.C., durante os primeiros anos do ministério do profeta no exílio. Ele está entre os deportados que foram levados para a Babilônia com o rei Joaquim, após a primeira onda de invasão de Nabucodonosor em Jerusalém (2Rs 24.10–17). Esses exilados viviam no canal do Quebar, numa região dominada pela cultura e religiosidade babilônica.

Segundo Daniel I. Block (2012), esse contexto é importante porque revela que o problema do falso profetismo não estava limitado a Jerusalém. Também havia falsos profetas e profetisas entre os exilados. Ezequiel é chamado para desmascará-los e anunciar o juízo de Deus contra suas práticas enganosas.

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Como destacam Walton, Matthews e Chavalas (2018), os códigos legais mesopotâmicos já condenavam construtores que mascaravam defeitos em obras. Essa referência cultural aparece nas metáforas que Ezequiel usa contra os falsos profetas — como o muro frágil coberto de cal. A ideia é que o problema não era apenas teológico, mas também ético e social: líderes estavam sustentando mentiras em nome de Deus.

A teologia de Ezequiel se torna, assim, profundamente pastoral. Deus não está em silêncio. Ele vê, ouve, e age para proteger seu povo — especialmente quando o engano se disfarça de espiritualidade.

Como o texto de Ezequiel 13 se desenvolve?

O capítulo é dividido em dois grandes oráculos: o primeiro, contra os falsos profetas homens (vv. 1–16); o segundo, contra mulheres que praticavam adivinhações (vv. 17–23). Ambos seguem uma estrutura comum: introdução, acusações, anúncio de juízo e declaração do propósito divino.

1. Quem eram os falsos profetas entre os exilados? (Ezequiel 13.1–7)

O texto começa com uma denúncia direta: “profetizam pela sua própria imaginação” (v. 2). Eles afirmavam ter visto algo, mas não viram nada. Seguiam seus próprios impulsos, não a direção de Deus (v. 3). Suas mensagens eram vazias, mas ditas como se fossem a “palavra do Senhor” (v. 6).

Ezequiel os compara a chacais entre ruínas (v. 4), animais que vasculham entulhos em busca de proveito. Em vez de reconstruir a esperança do povo, os profetas aproveitavam-se da destruição.

Block (2012) explica que esses homens eram como sentinelas omissos. Não “consertaram as brechas do muro” (v. 5), ou seja, não rogaram por renovação espiritual nem advertiram o povo sobre o juízo iminente. Suas profecias criavam uma falsa segurança.

2. O que significa o muro frágil caiado? (Ezequiel 13.8–16)

Essa metáfora é central no capítulo. Ezequiel diz que os profetas “caiaram” um muro mal construído (v. 10). Eles esconderam as rachaduras com cal, como se tudo estivesse bem. Mas a estrutura era instável, e Deus enviaria uma tempestade para derrubá-la (vv. 11–13).

Segundo Walton, Matthews e Chavalas (2018), essa imagem remete a práticas fraudulentas entre os construtores antigos. Em vez de reforçar os alicerces, cobriam os defeitos com reboco barato. No contexto espiritual, trata-se de mensagens que maquiam a verdade, oferecendo promessas de paz sem arrependimento.

“Despedaçarei o muro que vocês caiaram” (v. 14), diz o Senhor. E não apenas o muro, mas também “aqueles que o caiaram”. Isso revela que o juízo recai tanto sobre as mentiras quanto sobre os mentirosos. A destruição da cidade (Jerusalém) revelaria que essas profecias não vinham de Deus.

3. Quem eram as profetisas e o que elas faziam? (Ezequiel 13.17–19)

A segunda parte do capítulo foca nas mulheres que “profetizavam pela sua própria imaginação” (v. 17). Elas usavam berloques e véus — práticas ligadas à magia e encantamentos (v. 18). O objetivo era “enlaçar vidas”, ou seja, dominar espiritualmente suas vítimas.

Walton, Matthews e Chavalas (2018) observam que termos como kesatot e mispahot são raros na Bíblia, mas possuem paralelos com práticas babilônicas de feitiçaria. Faixas nos pulsos e véus na cabeça eram usados como instrumentos de controle mágico.

Block (2012) explica que essas mulheres não apenas enganavam, mas pervertiam a justiça divina. Elas “matavam os que não deviam morrer” e “preservavam os que não deviam viver” (v. 19). Suas práticas manipulavam o povo em troca de cevada e pão — ou seja, vendiam suas supostas revelações por migalhas.

4. Como Deus responde às práticas ocultas? (Ezequiel 13.20–23)

Deus diz claramente: “estou contra os seus berloques de feitiço” (v. 20). Ele promete destruir os objetos usados para prender vidas e libertar seu povo.

Essa libertação é descrita com força e ternura: “libertarei o povo que vocês prendem como passarinhos” (v. 20). A metáfora da caça é revertida. Aqueles que estavam enlaçados serão soltos. Aqueles que eram manipulados conhecerão o Senhor (v. 21).

No final, Deus reafirma o motivo do juízo: “vocês desencorajaram o justo… e encorajaram o ímpio” (v. 22). Por isso, não teriam mais visões falsas. A farsa acabaria. E todos saberiam que Ele é o Senhor.

Como as profecias de Ezequiel 13 se cumprem no Novo Testamento?

No Novo Testamento, Jesus alerta sobre falsos profetas que viriam “vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores” (Mateus 7.15). O padrão é o mesmo de Ezequiel: líderes religiosos que falam em nome de Deus, mas espalham engano.

Em 2 Pedro 2, o apóstolo denuncia mestres falsos que “explorarão vocês com histórias inventadas”. Paulo também adverte Timóteo sobre um tempo em que as pessoas não suportarão a sã doutrina e buscarão mestres que digam o que elas querem ouvir (2Tm 4.3–4).

Esses textos mostram que as mentiras religiosas continuam presentes — e perigosas. Ezequiel 13 é um retrato antigo de um problema eterno: falsos líderes que mascaram a verdade para benefício próprio.

Mas a resposta de Deus também permanece: Ele revela, confronta, liberta. No evangelho, Jesus é a verdade que expõe toda mentira. E o Espírito Santo guia a igreja “em toda a verdade” (João 16.13).

O que Ezequiel 13 me ensina para a vida hoje?

Ao ler Ezequiel 13, eu sou lembrado de que devo ter discernimento espiritual. Nem todo discurso religioso vem de Deus. Nem toda promessa de paz representa a vontade do Senhor. O critério não é a popularidade da mensagem, mas sua fidelidade à Palavra.

Também aprendo que a verdade de Deus não precisa de maquiagem. Quando líderes tentam encobrir falhas morais ou espirituais com slogans e frases de efeito, o resultado é um muro frágil que cairá. Deus não se impressiona com aparência. Ele conhece os alicerces.

Esse texto me alerta a examinar as fontes da minha fé. Estou me alimentando da Palavra ou de opiniões agradáveis? Estou ouvindo mensageiros de Deus ou palhaços espirituais que querem aplausos? A maturidade cristã passa pela capacidade de rejeitar palavras doces que escondem veneno.

Outro ponto que me confronta é o perigo de usar Deus para alcançar poder. As profetisas usavam faixas, véus e encantamentos para prender pessoas e manter sua posição. Elas manipulavam a espiritualidade em troca de status. Isso me faz pensar: será que, às vezes, eu também uso a fé como um meio para me promover?

Deus me chama a ser diferente. A servir, não explorar. A dizer a verdade, mesmo quando ela dói. A proteger o povo, e não se aproveitar dele. Essa é a essência do chamado profético: estar com Deus, ouvir sua voz, e falar com coragem — mesmo que doa.

Por fim, me consola saber que Deus luta por seu povo. Ele não tolera engano indefinidamente. Ele se levanta contra os que o usam para ferir, e intervém para libertar os que foram aprisionados por mentiras. E isso me dá esperança: a verdade sempre vencerá.


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