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Hebreus 7 Estudo: Por que o sacerdócio de Jesus é tão superior?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

Hebreus 7 é um dos textos mais profundos do Novo Testamento sobre o sacerdócio de Cristo. Sempre que leio esse capítulo, fico impressionado com a maneira como o autor mostra que Jesus não apenas substitui o sacerdócio levítico, mas inaugura algo infinitamente superior. Isso muda a forma como me aproximo de Deus e me ensina a confiar completamente em Jesus como meu único Mediador.

Qual é o contexto histórico e teológico de Hebreus 7?

A Epístola aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus que viviam um momento delicado. Eles estavam sendo perseguidos e sofriam enorme pressão para abandonar a fé em Cristo e voltar ao judaísmo tradicional. O templo de Jerusalém, o sacerdócio levítico e os rituais faziam parte do centro da vida religiosa desses irmãos.

Simon Kistemaker explica que, na mente dos judeus, o sacerdócio de Arão era sagrado e perpétuo, pois fora instituído diretamente por Deus por meio da lei mosaica (KISTEMAKER, 2013). Questionar esse sacerdócio era, para eles, quase uma blasfêmia.

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Craig Keener destaca que o autor de Hebreus, profundamente conhecedor das Escrituras e da tradição judaica, utiliza argumentos típicos dos rabinos do primeiro século. Ele interpreta detalhes do texto bíblico, inclusive o silêncio das Escrituras, para construir a ideia de que o sacerdócio de Melquisedeque é um anúncio antecipado do sacerdócio eterno de Cristo (KEENER, 2017).

Teologicamente, esse capítulo é central porque apresenta Jesus como o Sumo Sacerdote perfeito, eterno e superior a Arão. O autor mostra que o sacerdócio levítico era limitado e temporário, mas o de Cristo é baseado em algo que jamais pode ser destruído: sua vida indestrutível.

Como o texto de Hebreus 7 se desenvolve?

1. Quem foi Melquisedeque? (Hebreus 7.1-3)

O capítulo começa lembrando o episódio de Gênesis 14, quando Melquisedeque aparece na história:

“Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou.” (Hb 7.1)

O autor destaca o significado dos nomes e títulos de Melquisedeque: “rei de justiça” e “rei de Salém”, que quer dizer “rei de paz” (Hb 7.2).

Keener lembra que, segundo a tradição judaica, Salém é associada a Jerusalém, e que nomes como Melquisedeque apontam para uma autoridade espiritual e real (KEENER, 2017).

O autor também observa que Melquisedeque não tem genealogia registrada, o que o torna uma figura atemporal e o faz se parecer com Cristo: “feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre” (Hb 7.3).

2. Melquisedeque é maior que Abraão (Hebreus 7.4-10)

O argumento do autor é simples: Abraão, o grande patriarca da fé, deu o dízimo a Melquisedeque e foi abençoado por ele. Isso demonstra que Melquisedeque era superior a Abraão:

“Considerem a grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos despojos!” (Hb 7.4)

Na cultura judaica, Abraão é o pai da fé. Se ele reconheceu Melquisedeque como superior, isso mostra que o sacerdócio de Melquisedeque é superior ao sacerdócio dos levitas, descendentes de Abraão.

Kistemaker destaca ainda que o autor utiliza um argumento rabínico ao dizer que Levi, de certa forma, também deu o dízimo a Melquisedeque, pois “ainda estava no corpo de seu antepassado” (Hb 7.10) (KISTEMAKER, 2013).

3. O sacerdócio levítico foi substituído (Hebreus 7.11-19)

O autor de Hebreus questiona:

“Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (…), por que haveria ainda necessidade de se levantar outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e não de Arão?” (Hb 7.11)

Isso me faz refletir: nenhum sistema religioso, por mais respeitado que seja, pode resolver o problema do pecado. O autor afirma que houve uma mudança de sacerdócio e, com ela, uma mudança na lei (Hb 7.12).

Jesus, descendente da tribo de Judá, se torna sacerdote não por genealogia, mas “segundo o poder de uma vida indestrutível” (Hb 7.16).

O Salmo 110, muito citado nesse capítulo, já havia profetizado:

“Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hb 7.17)

Keener explica que esse argumento teria sido impactante para os judeus da época, pois eles viam o sacerdócio levítico e a lei como inseparáveis. Mas o autor mostra que a esperança superior, que permite ao homem se aproximar de Deus, está em Cristo e não na antiga lei (Hb 7.18-19) (KEENER, 2017).

4. O sacerdócio de Jesus é confirmado por juramento (Hebreus 7.20-22)

Enquanto os sacerdotes levíticos eram designados por lei, Jesus foi instituído sacerdote por meio de um juramento divino:

“O Senhor jurou e não se arrependerá: ‘Tu és sacerdote para sempre’.” (Hb 7.21)

Isso me traz uma segurança tremenda. O que Deus promete, Ele cumpre. E o juramento do Senhor garante a permanência e a superioridade do sacerdócio de Cristo.

Por isso, Jesus se torna “a garantia de uma aliança superior” (Hb 7.22).

5. Um sacerdócio eterno e perfeito (Hebreus 7.23-28)

Os sacerdotes levíticos morriam, eram substituídos e o sistema seguia. Mas com Jesus é diferente:

“Visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente.” (Hb 7.24)

Isso me enche de confiança. Jesus não apenas vive para sempre, como intercede continuamente por mim:

“Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles.” (Hb 7.25)

Saber que Cristo intercede por mim todos os dias me traz paz. Não estou sozinho diante de Deus. Tenho um Sumo Sacerdote santo, inculpável e puro (Hb 7.26).

Diferente dos outros sacerdotes, Jesus não precisa oferecer sacrifícios diariamente. Ele se ofereceu “de uma vez por todas” na cruz (Hb 7.27).

Kistemaker explica que o autor conclui o capítulo destacando que, enquanto a lei designava homens pecadores como sacerdotes, o juramento de Deus designou o Filho, perfeito para sempre (Hb 7.28) (KISTEMAKER, 2013).

Que conexões proféticas encontramos em Hebreus 7?

Hebreus 7 se apoia fortemente no Salmo 110, especialmente no verso 4:

“Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”

Esse salmo mostra que Deus já havia planejado substituir o sacerdócio levítico por algo maior.

Além disso, a figura de Melquisedeque, descrita em Gênesis 14, funciona como um tipo de Cristo: rei de justiça, rei de paz e sacerdote eterno.

O autor também ecoa o conceito de esperança superior e acesso direto a Deus, temas que aparecem em textos como Jeremias 31.31-34, onde Deus promete uma nova aliança.

Essas conexões mostram que o Antigo Testamento já apontava para a necessidade de um sacerdote maior e definitivo, e esse sacerdote é Jesus.

O que Hebreus 7 me ensina para a vida hoje?

Sempre que leio esse capítulo, sou lembrado de que minha fé não se baseia em estruturas humanas ou rituais religiosos, mas em Cristo.

Eu aprendo que:

  • Jesus é meu único e eterno Sumo Sacerdote.
  • Posso me aproximar de Deus com confiança, porque Cristo intercede por mim.
  • A salvação que Ele oferece é completa e definitiva.
  • Não preciso de intermediários humanos. Jesus é o caminho, o Mediador e a garantia da nova aliança.
  • O que Deus prometeu, Ele cumpriu em Cristo.

Esse texto me desafia a abandonar qualquer tentativa de me justificar por obras ou religiosidade vazia e confiar plenamente na obra perfeita de Jesus.

Quando olho para o sacerdócio eterno de Cristo, entendo que Ele é suficiente. Não preciso de mais nada além Dele para ter acesso ao Pai e viver em comunhão com Deus.


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