Marcos 1 inaugura o Evangelho de forma direta e cheia de impacto. Ao ler esse capítulo, fico impressionado com a maneira como tudo acontece rápido, quase sem pausas. Jesus chega, o Reino de Deus se manifesta, as pessoas são chamadas, curadas e libertas. É o início de algo grande. Um convite para eu também responder com fé e disposição.
Qual é o contexto histórico e teológico de Marcos 1?
O Evangelho de Marcos é considerado, por muitos estudiosos, o mais antigo dos quatro Evangelhos, provavelmente escrito entre 60 e 70 d.C. William Hendriksen (2014) explica que João Marcos, o autor, escreveu baseado no testemunho e nas memórias do apóstolo Pedro. Por isso, o texto tem esse estilo objetivo, prático e cheio de detalhes vívidos, como se estivéssemos vendo tudo acontecer.
Naquela época, o povo judeu vivia sob o domínio romano e ansiava pelo cumprimento das promessas messiânicas. Havia sede de libertação, mas também confusão sobre como o Messias viria. Em meio a esse cenário, Marcos apresenta Jesus não apenas como o Messias, mas como o Filho de Deus que traz o Reino de forma surpreendente: com humildade, poder e autoridade sobre o mal.
Teologicamente, Marcos 1 já revela pontos centrais da fé cristã: o Reino chegou, o Messias é o Servo Sofredor, e seguir Jesus envolve abandonar tudo e confiar completamente nele. Craig S. Keener (2017) destaca que, logo no primeiro capítulo, já vemos Jesus enfrentando o mal, chamando discípulos e mostrando sinais claros de que Deus está agindo na história.
Se você quiser entender melhor o cumprimento final do Reino, recomendo ler Apocalipse 21, onde a vitória de Cristo é plenamente revelada.
Como o texto de Marcos 1 se desenvolve? (Marcos 1.1-45)
O capítulo se organiza em blocos que revelam a identidade e a missão de Jesus.
A introdução do Evangelho (Marcos 1.1-8)
Marcos abre o texto afirmando:
“Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus” (Mc 1.1).
O termo evangelho remete às boas notícias da parte de Deus, como vemos também em Isaías 52.7, que fala sobre o anúncio da paz e da salvação. Não é apenas um relato literário, mas o anúncio real de que Deus está agindo para restaurar o mundo.
Em seguida, Marcos cita Isaías e Malaquias, preparando o cenário para a chegada do Messias:
“Enviarei à tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho” (Mc 1.2).
Segundo Keener (2017), os mestres judeus costumavam unir diferentes profecias que se conectavam por palavras ou temas semelhantes. Aqui, João Batista cumpre o papel do precursor, aquele que abre caminho para o Senhor, como você pode conferir também em Mateus 3.
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João aparece no deserto, com vestes rústicas e alimentação simples (Mc 1.6), lembrando o profeta Elias. Isso reforça a expectativa de que algo grandioso estava prestes a acontecer.
O batismo e a tentação de Jesus (Marcos 1.9-13)
Jesus se apresenta para ser batizado por João no rio Jordão (Mc 1.9). Ao sair da água, os céus se abrem, o Espírito Santo desce sobre ele como pomba, e a voz do Pai declara:
“Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado” (Mc 1.11).
Essa cena une as promessas de Salmos 2.7 e Isaías 42.1, apontando para Jesus como o Rei e o Servo Sofredor. Hendriksen (2014) destaca que aqui já entendemos que o Messias não será um líder político violento, mas o Filho amado que vem para servir e salvar.
Logo depois, o Espírito o conduz ao deserto, onde ele enfrenta Satanás (Mc 1.12-13). Assim como o povo de Israel passou pelo deserto, Jesus também é provado, mas vence, antecipando sua vitória final sobre o mal, algo que fica evidente em textos como Apocalipse 20.
O início da pregação e o chamado dos primeiros discípulos (Marcos 1.14-20)
Após a prisão de João, Jesus inicia sua pregação:
“O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas” (Mc 1.15).
O Reino anunciado pelos profetas agora se manifesta. Como você pode ver em Isaías 52, essa era uma expectativa antiga, e Jesus a torna realidade.
Na sequência, ele chama Simão, André, Tiago e João. O convite é simples, mas transformador:
“Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens” (Mc 1.17).
Segundo Keener (2017), normalmente os discípulos procuravam seus mestres. Mas aqui, é Jesus quem chama, mostrando que o discipulado nasce da iniciativa divina. O mais impressionante é que eles deixam tudo na hora e seguem o Mestre (Mc 1.18-20). Um desafio que continua atual para mim e para você.
Autoridade no ensino e poder sobre o mal (Marcos 1.21-28)
Em Cafarnaum, Jesus ensina na sinagoga e as pessoas ficam admiradas com sua autoridade (Mc 1.22). Diferente dos mestres da lei, ele fala com convicção e poder.
Ali, um homem possesso se manifesta. O espírito imundo reconhece Jesus como o Santo de Deus (Mc 1.24). Jesus o repreende e o expulsa com uma simples ordem (Mc 1.25-26).
Essa cena me lembra que o Reino de Deus não é teoria. É poder real, que confronta o mal. Para entender melhor o alcance dessa vitória, recomendo o estudo de Apocalipse 12, onde a batalha espiritual se torna visível.
Cura e popularidade (Marcos 1.29-34)
Depois da sinagoga, Jesus vai à casa de Simão e cura a sogra dele (Mc 1.30-31). Ela se levanta e os serve, mostrando que a cura de Cristo traz restauração completa.
Com o cair da noite, muitos doentes e endemoninhados se reúnem à porta. Jesus cura, liberta, mas impede que os demônios o revelem antes da hora (Mc 1.32-34).
Essa cena mostra a compaixão e o poder de Jesus, algo que aparece com profundidade também em João 11, onde ele chora com os que sofrem e traz vida onde havia morte.
Oração e expansão do ministério (Marcos 1.35-39)
Mesmo com toda a fama, Jesus se retira para orar (Mc 1.35). Hendriksen (2014) destaca que isso revela sua total dependência do Pai, um modelo para minha vida também.
Quando os discípulos o encontram, Jesus deixa claro que sua missão não é agradar as multidões, mas pregar o Reino em outros lugares (Mc 1.38-39). Ele não se deixa aprisionar pela expectativa popular.
A purificação do leproso (Marcos 1.40-45)
Um leproso se aproxima de Jesus, com humildade e ousadia. Ele diz:
“Se quiseres, podes purificar-me” (Mc 1.40).
Jesus, cheio de compaixão, o toca e diz:
“Quero. Seja purificado!” (Mc 1.41).
Keener (2017) explica que esse toque não apenas cura, mas restaura o homem à sociedade, rompendo o estigma e a exclusão. É o Reino de Deus em ação, resgatando o que estava perdido, algo que se completa plenamente no novo céu e nova terra de Apocalipse 22.
Que conexões proféticas encontramos em Marcos 1?
O capítulo está repleto de ecos proféticos:
- João Batista cumpre Isaías 40.3 e Malaquias 3.1, preparando o caminho para o Senhor.
- O batismo revela o Filho amado, unindo as promessas de Salmos 2.7 e Isaías 42.1.
- A tentação no deserto relembra os 40 anos de Israel e aponta para a vitória de Cristo sobre o mal, como lemos em Apocalipse 12.
- O Reino de Deus anunciado por Jesus cumpre as promessas de restauração esperadas desde os profetas.
Tudo aponta para o Messias que veio inaugurar o Reino e que, um dia, o completará em glória.
O que Marcos 1 me ensina para a vida hoje?
Esse capítulo me desafia profundamente.
Aprendo que o Reino de Deus já está entre nós. Ele não é um conceito abstrato, mas uma realidade que transforma vidas, liberta oprimidos e restaura os que sofrem.
O chamado dos discípulos me mostra que seguir Jesus exige renúncia e fé. Assim como eles deixaram redes, barcos e família, eu também sou chamado a abrir mão do que for necessário para andar com o Mestre.
Vejo que o poder de Jesus é real. Ele vence o mal, cura, restaura e transforma histórias. Mas também percebo que ele busca comunhão com o Pai e não se deixa levar pelo aplauso humano. Isso me ensina a buscar equilíbrio, oração e foco na missão.
A cena do leproso me emociona. Jesus não rejeita minha dor, minhas falhas ou minha vergonha. Quando me aproximo dele com humildade, ele me toca, me purifica e me restaura.
Como Marcos 1 me conecta ao restante das Escrituras?
Esse capítulo é uma porta de entrada para entender toda a Bíblia:
- Em Gênesis 3, o pecado separou o homem de Deus; em Marcos 1, Jesus inicia a restauração.
- As promessas dos profetas se cumprem na pessoa de Cristo.
- O Reino anunciado por Jesus será plenamente estabelecido na nova criação, como vemos em Apocalipse 21.
- A vitória de Cristo sobre o mal já começou e será consumada, como lemos em Apocalipse 20.
Ao seguir Jesus, entro nessa grande história de redenção, proclamando o Reino e aguardando o dia em que tudo será novo.
Referências
- HENDRIKSEN, William. Marcos. Tradução: Lucas Ribeiro. 2. ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2014.
- KEENER, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento. Tradução: José Gabriel Said. Edição Ampliada. São Paulo: Vida Nova, 2017.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.