Mateus 13 marca um ponto de virada no ministério de Jesus. É neste capítulo que o Mestre, de forma deliberada, passa a ensinar as multidões por meio de parábolas. Não se trata apenas de um estilo didático agradável. As parábolas revelam, mas também ocultam. Elas testam o coração dos ouvintes. Quem deseja conhecer o Reino, se aproxima e busca compreender. Quem rejeita a verdade, simplesmente se afasta.
Como afirma R. C. Sproul, “Jesus não usou parábolas apenas para ilustrar, mas para dividir. Aqueles a quem Deus concedeu olhos para ver e ouvidos para ouvir compreenderiam os mistérios do Reino; os demais permaneceriam cegos” (SPROUL, 2010, p. 148).
Neste capítulo, Mateus registra sete parábolas que revelam verdades profundas sobre o Reino dos céus, o caráter de seus súditos e o destino final da humanidade.
Por que Jesus começou a ensinar por parábolas? (Mateus 13.1–17)
>>> Inscreva-se em nosso Canal no YouTube
Nosso sonho é que este site exista sem precisar de anúncios.
Se o conteúdo tem abençoado sua vida, você pode nos ajudar a tornar isso possível.
Contribua para manter o Jesus e a Bíblia no ar e sem publicidade:
O cenário do capítulo é a Galileia. Jesus estava próximo ao mar (provavelmente o Mar da Galileia), de onde se assentou num barco para ensinar as multidões que lotavam a praia. Esse detalhe é significativo. Jesus usa o ambiente a seu favor e, ao mesmo tempo, cumpre um propósito divino.
Segundo William Hendriksen, “a decisão de ensinar em parábolas não foi repentina. Ela fazia parte do plano de Deus para revelar o Reino de maneira seletiva: revelando aos humildes e ocultando dos arrogantes” (HENDRIKSEN, 2010, p. 63).
Os discípulos, intrigados, perguntam por que Jesus fala dessa forma. Ele responde de forma clara: “A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não” (v. 11). Os “mistérios” aqui se referem às verdades espirituais antes ocultas e agora reveladas em Cristo.
Essa divisão cumpre a profecia de Isaías 6.9–10, citada por Jesus no versículo 14. O povo de coração endurecido não compreenderia. Mas os discípulos, agraciados por Deus, teriam olhos para ver e ouvidos para ouvir.
Essa realidade ainda se aplica. Só compreendemos as verdades do Reino quando o Espírito Santo abre nosso entendimento, como também vemos em João 16.13.
O que significa a parábola do semeador? (Mateus 13.3–23)
Jesus começa com uma parábola que é a chave para entender as demais (Mc 4.13). O semeador espalha a semente, que representa a Palavra de Deus. Os diferentes solos representam os corações dos ouvintes.
Beira do caminho (v. 4,19): O coração duro e indiferente. O maligno rouba a Palavra antes que ela produza efeito.
Terreno pedregoso (v. 5–6,20–21): O coração superficial. Recebe com alegria, mas não tem profundidade. Diante das dificuldades, abandona a fé.
Entre espinhos (v. 7,22): O coração dividido. As preocupações e as riquezas sufocam a Palavra.
Boa terra (v. 8,23): O coração receptivo. Ouve, entende e dá fruto.
Eu percebo, ao meditar nesta parábola, que o problema nunca está na semente, mas no solo. Isso me faz refletir: como está o meu coração? Estou permitindo que as distrações, o medo ou a superficialidade roubem o poder da Palavra na minha vida?
Hendriksen comenta que “a frutificação não é uniforme, mas inevitável. Quem ouve e compreende a Palavra produzirá frutos, ainda que em graus diferentes” (HENDRIKSEN, 2010, p. 80).
O que aprendemos com a parábola do joio e do trigo? (Mateus 13.24–30, 36–43)
Esta parábola aprofunda o ensino sobre o Reino. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino; o joio, os filhos do Maligno. O inimigo (diabo) planta o joio secretamente.
No presente, os dois crescem juntos. Isso explica por que o mal ainda prospera. Mas no tempo da colheita, os anjos separarão os justos dos ímpios. Os primeiros brilharão como o sol no Reino do Pai (v. 43). Os outros enfrentarão o juízo eterno.
Jesus não prometeu um Reino perfeito aqui e agora. O mal e o bem coexistem. Como discípulo, sou chamado à paciência e à fidelidade, confiando que no fim, Deus fará a separação justa.
Sproul ressalta: “A parábola do joio não é um convite à inércia, mas à vigilância e à esperança. O julgamento pertence a Deus, e ele não falhará” (SPROUL, 2010, p. 153).
Como as parábolas da mostarda e do fermento revelam o avanço do Reino? (Mateus 13.31–33)
Jesus usa duas imagens simples para mostrar o crescimento do Reino:
A semente de mostarda, menor das sementes plantadas, torna-se uma árvore onde as aves fazem ninhos.
O fermento espalha-se pela massa, transformando-a.
O Reino de Deus pode parecer pequeno e insignificante no início. Mas ele cresce, silenciosa e irresistivelmente, alcançando o mundo.
Ao olhar para a história, percebo esse crescimento. Um grupo pequeno de discípulos se tornou uma multidão de crentes ao redor do mundo, como também vemos em Atos 1.8.
Hendriksen destaca: “O fermento atua de dentro para fora. Assim é o Reino: sua transformação começa no coração e se expande à sociedade” (HENDRIKSEN, 2010, p. 92).
Por que o Reino é comparado a um tesouro e a uma pérola? (Mateus 13.44–46)
Nessas parábolas, o foco está no valor incomparável do Reino. Um homem encontra um tesouro escondido no campo e vende tudo para adquiri-lo. Um negociante descobre uma pérola preciosa e faz o mesmo.
O Reino vale mais do que qualquer bem terreno. Nada se compara à salvação, à paz com Deus e à esperança eterna.
Eu preciso me perguntar: o Reino ocupa esse lugar de valor supremo no meu coração? Tenho colocado minha vida à disposição de Cristo com essa mesma disposição radical?
Sproul observa: “Essas parábolas revelam o custo do discipulado e o valor inestimável da graça” (SPROUL, 2010, p. 156).
O que significa a parábola da rede? (Mateus 13.47–50)
Jesus retoma o tema do juízo final. A rede representa o Reino que alcança todas as pessoas. No fim, os anjos separarão os justos dos perversos. Os ímpios serão lançados na fornalha ardente.
A repetição desse ensino mostra a seriedade do juízo. Não há neutralidade. Ou pertencemos ao Reino ou seremos separados no fim.
Essa realidade me desafia a viver em santidade e a anunciar o evangelho, como Jesus ordenou em Mateus 28.19–20.
O que aprendemos com o escriba instruído? (Mateus 13.51–52)
Jesus compara o mestre da Lei que entende o Reino a um dono de casa que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. Ele valoriza o Antigo Testamento e compreende a revelação em Cristo.
Isso me ensina que todo cristão deve ser como esse escriba: alguém que conhece as Escrituras e aplica as verdades antigas e novas à sua vida.
O Reino não anula o Antigo Testamento. Ele o cumpre e o revela de maneira plena, como explica o próprio Jesus em Mateus 5.17.
Por que Jesus foi rejeitado em Nazaré? (Mateus 13.53–58)
Ao retornar à sua cidade natal, Jesus enfrenta incredulidade. As pessoas conheciam sua família e não conseguiam aceitar que aquele carpinteiro fosse o Messias.
Essa rejeição cumpre o padrão histórico: “Só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra” (v. 57).
Isso me lembra que seguir a Cristo nem sempre traz aceitação. Às vezes, seremos rejeitados, inclusive pelos mais próximos. Mas como Jesus, devemos permanecer firmes.
William Hendriksen conclui: “A incredulidade fecha as portas para o agir poderoso de Deus. Nazaré perdeu uma oportunidade única” (HENDRIKSEN, 2010, p. 100).
O que aprendemos com Mateus 13 hoje? (Mateus 13.1–58)
Este capítulo me ensina que o Reino de Deus é real, presente e precioso. Nem todos o compreenderão. Uns o rejeitam, outros o recebem de coração aberto. Mas ele cresce, transforma vidas e trará juízo final.
Sou desafiado a examinar meu coração: estou sendo boa terra? Valorizo o Reino como um tesouro? Anuncio com fidelidade, mesmo que o mal ainda esteja presente?
Mateus 13 revela que a história caminha para a colheita final. Jesus, o semeador e Rei, voltará. Até lá, devo viver com fé, paciência e esperança, sem esquecer que o Reino, ainda que comece pequeno, será glorioso e eterno, como Apocalipse 21 anuncia.
Referências
- HENDRIKSEN, William. Mateus: Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
- SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.