Mateus 8 marca uma transição importante no Evangelho, em que o foco sai do ensino do Sermão do Monte e passa para demonstrações práticas do poder e autoridade de Jesus. Aqui, Mateus reúne uma série de milagres e encontros que revelam a identidade do Messias de maneira concreta. Cada detalhe aponta para o cumprimento das Escrituras e para a compaixão do Salvador.
William Hendriksen destaca que “os capítulos 8 e 9 de Mateus mostram o Rei em ação, demonstrando, por meio de milagres, aquilo que Ele ensinou no Sermão do Monte” (HENDRIKSEN, 2001, p. 433).
Qual o contexto histórico e teológico de Mateus 8?
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Mateus escreve para um público majoritariamente judeu, e sua intenção, desde o primeiro capítulo, é mostrar que Jesus é o Messias prometido. Após apresentar o ensino de Jesus no Sermão do Monte, o evangelista organiza cuidadosamente relatos de milagres para reforçar que aquele que fala com autoridade também age com autoridade.
Conforme explica R. C. Sproul, “os milagres de Jesus não são meras demonstrações de poder, mas sinais que autenticam Sua identidade como o Enviado de Deus e revelam aspectos do Reino” (SPROUL, 2010, p. 188).
O capítulo se passa na região da Galileia, onde Jesus concentra grande parte do ministério inicial. Cafarnaum se torna o ponto central de Suas atividades, enquanto os milagres servem como confirmação tanto para os judeus quanto para os gentios de que o Reino de Deus havia chegado.
Além disso, o pano de fundo teológico inclui o cumprimento de profecias messiânicas, como as de Isaías 53, e a revelação progressiva da autoridade de Cristo sobre doenças, natureza e o mundo espiritual.
O que Mateus 8 revela sobre o poder de Jesus? (Mateus 8.1–34)
Por que a cura do leproso é tão significativa? (Mateus 8.1–4)
Após o Sermão do Monte, “grandes multidões o seguiram” (v. 1). Mas, no meio dessa multidão, um leproso ousa se aproximar. Segundo a Lei, o leproso era considerado impuro e deveria manter distância (Levítico 13). No entanto, esse homem demonstra fé e humildade ao dizer: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me!” (v. 2).
O toque de Jesus quebra o padrão social e religioso. “Quero. Seja purificado!” (v. 3). Imediatamente, a lepra desaparece. Mais do que um milagre físico, este gesto aponta para o poder de Cristo de restaurar e reintegrar social e espiritualmente o excluído.
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Jesus, então, ordena que o homem vá ao sacerdote, conforme Levítico 14, para que haja confirmação oficial da cura. Hendriksen observa que isso também serviria de “testemunho ao povo”, mostrando que Jesus não aboliu a Lei, mas a cumpriu (HENDRIKSEN, 2001, p. 437).
Como a fé do centurião impressiona Jesus? (Mateus 8.5–13)
A cena seguinte ocorre em Cafarnaum. Um centurião romano — representante do império opressor — procura Jesus, implorando pela cura de seu servo (v. 5–6). A resposta de Jesus é imediata: “Eu irei curá-lo” (v. 7). Porém, o centurião surpreende: “Não mereço receber-te debaixo do meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado” (v. 8).
Essa demonstração de fé, reconhecendo a autoridade de Jesus, maravilha o próprio Cristo: “Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé” (v. 10).
Além disso, Jesus revela aqui o alcance universal do Reino: “Muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus” (v. 11). O Reino não está restrito a Israel; ele é para todos os que creem, sejam judeus ou gentios.
R. C. Sproul comenta que “essa declaração de Jesus abre as portas para o entendimento de que o Reino de Deus é global e baseado na fé, não em herança étnica” (SPROUL, 2010, p. 195).
Por que Jesus cura a sogra de Pedro? (Mateus 8.14–15)
Na casa de Pedro, Jesus encontra a sogra dele com febre. Ele a toca, e imediatamente ela é curada (v. 15). Mais uma vez, o toque de Jesus comunica restauração. A mulher, em gratidão, se levanta e passa a servi-lo.
Este detalhe é importante: a cura leva ao serviço. Hendriksen observa que “a resposta adequada ao toque restaurador de Cristo é o serviço dedicado a Ele” (HENDRIKSEN, 2001, p. 440).
Como Mateus conecta os milagres à profecia de Isaías? (Mateus 8.16–17)
À noite, muitos endemoninhados e doentes são trazidos a Jesus. Com apenas uma palavra, Ele os liberta e cura (v. 16). Mateus interpreta isso à luz de Isaías 53.4: “Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças” (v. 17).
Esse versículo revela o caráter messiânico de Cristo: Ele não apenas remove o pecado, mas assume sobre si as consequências do mundo caído, incluindo as doenças.
Sproul destaca: “Jesus cumpre Isaías, não só ao morrer, mas também ao agir com compaixão e poder sobre o sofrimento humano” (SPROUL, 2010, p. 198).
Por que o discipulado exige renúncia? (Mateus 8.18–22)
Jesus vê as multidões e decide atravessar o mar (v. 18). Um mestre da lei se oferece para segui-lo, mas Jesus responde: “O Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (v. 20). O discipulado exige disposição para abrir mão de conforto e segurança.
Outro homem deseja segui-lo, mas antes precisa sepultar o pai. Jesus responde de forma direta: “Siga-me, e deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos” (v. 22). O chamado de Cristo é prioritário.
Hendriksen explica que “Jesus não desvaloriza o luto, mas destaca que nada deve impedir a obediência imediata ao Reino” (HENDRIKSEN, 2001, p. 442).
Como Jesus revela Seu poder sobre a natureza? (Mateus 8.23–27)
No barco, uma tempestade ameaça os discípulos. Jesus, surpreendentemente, dorme (v. 24). Diante do pânico dos discípulos, Ele se levanta, repreende os ventos e o mar, e faz-se completa bonança (v. 26).
O espanto dos discípulos revela o ponto central: “Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (v. 27). A resposta implícita: Ele é o Senhor da criação, o próprio Deus encarnado, como também vemos em João 1.
O que aprendemos com o encontro com os endemoninhados? (Mateus 8.28–34)
Na região dos gadarenos, dois homens possuídos por demônios vivem entre os sepulcros, aterrorizando a população. Quando veem Jesus, reconhecem Sua identidade: “Que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo?” (v. 29).
Os demônios temem o juízo futuro. Eles suplicam para serem enviados aos porcos. Jesus permite, e a manada se precipita no mar (v. 32). Os moradores, ao saberem do ocorrido, pedem que Jesus vá embora (v. 34).
Sproul observa que “a santidade e o poder de Cristo incomodam os que estão mais preocupados com seus bens do que com a salvação” (SPROUL, 2010, p. 222).
Como Mateus 8 cumpre as profecias do Antigo Testamento?
O capítulo ecoa várias profecias messiânicas:
- Isaías 53.4: Jesus tomou sobre si as enfermidades, cumprindo Seu papel como Servo Sofredor.
- O poder sobre a natureza remete a Salmos que exaltam Deus como Aquele que domina os mares, como em Salmos 89.9.
- A libertação dos endemoninhados demonstra a vitória do Messias sobre o reino das trevas, antecipando o juízo final descrito em Apocalipse 20.
Cada milagre e cada detalhe revelam o Messias prometido, aquele que cumpre as promessas feitas ao povo de Deus.
Quais lições espirituais e aplicações práticas tiramos de Mateus 8?
Ao ler Mateus 8, eu percebo que o poder de Jesus não está limitado a palavras, mas se manifesta em ações concretas:
- Jesus toca o impuro e o restaura.
- Jesus responde à fé, mesmo vinda de um gentio.
- Jesus cura e transforma, gerando gratidão e serviço.
- Jesus chama para o discipulado, mas sem promessas de conforto.
- Jesus domina a natureza e revela Seu senhorio.
- Jesus confronta o mundo espiritual e liberta os oprimidos.
Esse texto me desafia a confiar na Palavra de Cristo, mesmo quando a tempestade parece fora de controle. Também me ensina que seguir Jesus exige renúncia. E, acima de tudo, lembra-me que o Reino de Deus não está restrito a um grupo étnico ou social. Ele é para todos os que creem.
Conclusão
Mateus 8 não é apenas um registro de milagres — é uma revelação do Messias em ação. Cada cura, cada palavra, cada gesto de Jesus aponta para Sua identidade divina e para o avanço do Reino.
Ao ver o poder de Cristo sobre doenças, natureza e demônios, sou convidado a reconhecê-lo como Senhor da minha vida. Mesmo hoje, Ele continua dizendo: “Siga-me”. A questão é se estamos dispostos a deixá-lo conduzir, mesmo que isso custe nosso conforto.
O Rei está presente. Ele cura, restaura e salva. Mas também confronta e exige obediência. Que possamos, como o centurião e o leproso, reconhecer Sua autoridade e nos render a Ele.
Referências
- HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
- SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.