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Levítico 18 Estudo: O que são relações proibidas por Deus?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Levítico 18 é um dos capítulos mais diretos e desafiadores das Escrituras. Ao ler esse texto, sou confrontado com a seriedade com que Deus trata a sexualidade humana. Este não é apenas um conjunto de proibições antigas — é uma declaração clara de que Deus se importa com nossos relacionamentos, com o nosso corpo e com a pureza da comunidade. Em um mundo onde tudo parece ser permitido, Levítico 18 reafirma: há limites que refletem a santidade de Deus.

Qual é o contexto histórico e teológico de Levítico 18?

Levítico foi escrito por Moisés durante a jornada de Israel no deserto, logo após a construção do Tabernáculo. O povo havia sido libertado do Egito, mas ainda carregava muitos dos hábitos e mentalidades daquela cultura (VASHOLZ, 2018). Estavam a caminho de Canaã, uma terra igualmente corrompida por práticas religiosas e sexuais pagãs.

Nesse cenário, Levítico 18 surge como um alerta divino: “Não procedam como se procede no Egito… nem como se procede na terra de Canaã” (Lv 18.3). Deus está formando uma nova nação. Uma nação santa. E, para isso, estabelece padrões que os distinguiriam de tudo ao redor.

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Como destacam Walton, Matthews e Chavalas, as práticas sexuais listadas aqui não eram meramente tabus culturais, mas violações da ordem moral estabelecida por Deus (WALTON; MATTHEWS; CHAVALAS, 2018). O termo “abominação” aparece repetidamente, associando tais ações ao que é diretamente contrário ao caráter divino.

O capítulo também se conecta com o restante da legislação moral de Levítico 17–26, onde a repetição de frases como “Eu sou o Senhor” e “Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” reforça a autoridade do Legislador. A obediência não era motivada apenas por medo, mas por reverência a um Deus que resgatou seu povo com amor e que deseja habitar no meio deles.

Como o texto de Levítico 18 se desenvolve?

1. Qual é o princípio central do capítulo? (Lv 18.1–5)

O texto começa com uma convocação à obediência: “Obedeçam aos meus decretos e ordenanças, pois o homem que os praticar viverá por eles” (Lv 18.5). Essa é uma das declarações mais significativas de toda a Torá.

Paulo cita esse versículo em Romanos 10.5 e Gálatas 3.12 para mostrar a diferença entre viver pela Lei e viver pela fé. No entanto, ele nunca nega a validade do princípio: aquele que ama a Deus buscará obedecer de coração. Vasholz observa que a ênfase do texto está em viver de maneira coerente com a aliança, e não na ideia de merecer a salvação pelas obras (VASHOLZ, 2018).

2. Quais relações sexuais são proibidas? (Lv 18.6–18)

A seção seguinte lista diversos casos de incesto e proíbe cada um deles com detalhes:

  • Relações com a mãe, madrasta, irmã, meia-irmã, neta, tia, nora, cunhada, enteada.
  • Também são proibidas relações simultâneas com uma mulher e sua filha ou neta.
  • É vedado casar-se com a irmã da esposa enquanto esta estiver viva.

A frase repetida “não descobrir a nudez” é um eufemismo que abrange todo tipo de intimidade sexual. Como explica Vasholz, isso incluía desde olhar até o intercurso, dependendo do contexto. A linguagem é propositalmente abrangente, visando preservar a pureza das relações familiares e o respeito mútuo (VASHOLZ, 2018).

Além disso, o texto reflete uma estrutura patriarcal onde as proibições são direcionadas principalmente aos homens, mas com implicações éticas para toda a comunidade. Isso porque, como lembra o Comentário Histórico-Cultural, os homens eram responsáveis pela ordem e honra da casa (WALTON; MATTHEWS; CHAVALAS, 2018).

3. Por que a sexualidade durante a menstruação é tratada com rigor? (Lv 18.19)

A proibição de relações durante a menstruação está ligada ao conceito de pureza cerimonial. Em Levítico 15, o mesmo tema aparece, mas com menos severidade. Aqui, a ênfase é na consciência do ato. Quando o homem sabia da condição da mulher e, ainda assim, se deitava com ela, era considerado uma ofensa grave, resultando em eliminação do povo.

Essa distinção mostra que Deus valoriza não apenas o ato em si, mas também a intenção, a reverência e a obediência ao que foi revelado.

4. Que outros pecados são denunciados? (Lv 18.20–23)

O capítulo prossegue denunciando:

  • Adultério: “Não se deite com a mulher do seu próximo” (v.20).
  • Sacrifício de filhos a Moloque (v.21).
  • Homossexualidade: “é repugnante” (v.22).
  • Bestialidade: “é depravação” (v.23).

Cada uma dessas práticas era comum nas culturas ao redor. O sacrifício a Moloque, por exemplo, era associado a rituais de fertilidade e vitória militar. Como explicam Walton, Matthews e Chavalas, inscrições fenícias registram esse tipo de sacrifício como meio de agradar os deuses e garantir sucesso em batalhas (WALTON; MATTHEWS; CHAVALAS, 2018).

A condenação à homossexualidade é direta. Não se trata apenas de um contexto ritual. O texto é claro: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação” (v.22). Vasholz reforça que o termo tô’ēbâ (abominação) é reservado para práticas extremamente ofensivas a Deus, muitas vezes associadas a idolatria (VASHOLZ, 2018).

5. Qual a consequência para essas ações? (Lv 18.24–30)

A seção final do capítulo nos leva a uma reflexão mais ampla: essas ações não apenas corrompem indivíduos, mas contaminam a terra. “Até a terra ficou contaminada; e eu castiguei a sua iniquidade, e a terra vomitou os seus habitantes” (v.25).

Esse conceito teológico é profundo. Deus está dizendo que há uma ligação direta entre o comportamento moral do povo e a saúde espiritual do lugar onde vivem. Israel seria expulso da terra, assim como os cananeus, caso adotasse as mesmas práticas.

Como observa Vasholz, a imagem da terra vomitando seus habitantes é intencionalmente forte. Ela comunica o desgosto divino diante da corrupção humana (VASHOLZ, 2018).

Como Levítico 18 se cumpre no Novo Testamento?

Levítico 18 ecoa nos ensinamentos de Jesus e dos apóstolos. Em especial, o apóstolo Paulo, ao tratar da imoralidade em 1 Coríntios 5, confronta uma situação de incesto na igreja. Um homem estava tendo relações com a mulher de seu pai — algo condenado mesmo entre os pagãos.

Paulo não apenas aplica o padrão de Levítico, como reforça que a graça não anula a santidade: “Expulsem esse homem do meio de vocês!” (1Co 5.13). A pureza da igreja importa.

Além disso, em Romanos 1, ele descreve a decadência das nações que rejeitam Deus, incluindo a prática da homossexualidade e outros pecados sexuais. O apóstolo afirma que isso é resultado de um coração que trocou o Criador pela criatura.

Levítico 18, portanto, continua relevante. Ele revela o padrão eterno de Deus para a sexualidade e a necessidade de pureza no corpo e na comunidade.

Quais lições espirituais e aplicações práticas podemos tirar de Levítico 18?

Ao meditar em Levítico 18, sou levado a avaliar com seriedade minha vida sexual, meus limites e minhas influências. A sexualidade não é uma área neutra. Ela revela muito sobre nossa submissão a Deus ou nossa rebelião contra Ele.

Primeiro, aprendo que Deus se importa com o que faço com meu corpo. Ele o criou. Ele o redimiu. Ele o habita. Meu corpo é sagrado. Como Paulo diz em 1 Coríntios 6: “Fujam da imoralidade sexual… Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo?”

Segundo, vejo que o ambiente ao meu redor pode influenciar — mas não deve ditar — meu comportamento. Os israelitas viviam cercados por culturas que banalizavam o sexo, exaltavam o desejo e desprezavam a fidelidade. O mesmo acontece hoje. Mas Deus nos chama a sermos diferentes.

Terceiro, entendo que o pecado sexual afeta mais do que apenas quem o comete. Ele contamina famílias, igrejas e até comunidades inteiras. Por isso, precisamos tratá-lo com seriedade, graça e verdade.

Também sou lembrado da importância de educar meus filhos com clareza sobre esses assuntos. O silêncio da igreja contribuiu para uma geração confusa. Precisamos falar — com amor, com firmeza e com fidelidade à Palavra.

Por fim, reconheço que a graça de Deus é maior que o pecado. Muitos que praticaram as abominações listadas aqui foram alcançados por Jesus. Em 1 Coríntios 6.11, Paulo diz: “E é o que alguns de vocês foram. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados…”

Levítico 18 não é um chamado ao legalismo. É um convite à santidade. Um lembrete de que fomos comprados por alto preço. E que viver em obediência é a resposta natural de quem foi amado e resgatado por Deus.


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