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Levítico 7 Estudo: O que Deus ensinava com as ofertas?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

Levítico 7 aprofunda os detalhes sobre as ofertas pela culpa, de comunhão e gratidão, e mostra como o povo deveria se relacionar com o sagrado, com os sacerdotes e com Deus. Ao ler esse capítulo, sou lembrado de que o culto bíblico não é desorganizado. Ele é cuidadosamente desenhado por Deus para proteger a santidade, honrar a vida e promover comunhão.

Qual é o contexto histórico e teológico de Levítico 7?

Levítico foi escrito por Moisés durante a jornada de Israel pelo deserto, logo após a construção da Tenda do Encontro (VASHOLZ, 2018). Esse santuário portátil ficava no centro do acampamento e simbolizava a presença real de Deus entre o povo. A partir dali, Israel não podia mais adorar conforme suas preferências. A adoração agora obedecia às instruções reveladas por Deus.

Como destacam Walton, Matthews e Chavalas, as práticas sacrificiais descritas aqui não foram copiadas das religiões ao redor, mas reveladas diretamente por Deus: “Chamou o Senhor a Moisés…” (Lv 1.1). A palavra hebraica wayyiqrā’ indica continuidade com o final de Êxodo 40, onde a glória de Deus enche a Tenda.

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Levítico 7 encerra a primeira seção do livro (capítulos 1 a 7), onde Deus dá a Moisés uma visão completa do sistema sacrificial. Nesse capítulo, as instruções são voltadas tanto para os sacerdotes quanto para o povo. Aqui também aparecem os termos “estatuto perpétuo” e “decreto para todas as gerações”, destacando o valor duradouro das leis.

Como o texto de Levítico 7 se desenvolve?

1. Como funciona a oferta pela culpa? (Levítico 7.1–6)

A oferta pela culpa era um tipo especial de sacrifício que tratava de pecados que envolviam danos financeiros ou profanação do sagrado. O texto começa afirmando: “Esta é a regulamentação da oferta pela culpa, que é oferta santíssima” (Lv 7.1). Isso significa que ela era separada exclusivamente para Deus.

O animal era sacrificado no mesmo local dos holocaustos (v.2), e o sangue era aspergido nos lados do altar. Essa aspersão simbolizava a purificação do ambiente e a restauração da comunhão com Deus. Como mostram Hebreus 9.21–22, quase tudo na Lei se purificava com sangue.

A gordura — parte mais rica do animal — era toda queimada no altar (v.3–5). Isso incluía a cauda, os rins e o lóbulo do fígado. Segundo Walton e colegas, a gordura simbolizava a parte mais preciosa do animal e era reservada somente a Deus (WALTON; MATTHEWS; CHAVALAS, 2018).

A carne pertencia ao sacerdote, desde que fosse comida em lugar sagrado (v.6). Esse cuidado evitava profanações e preservava a santidade da oferta.

2. Como as ofertas de cereal eram divididas? (Levítico 7.9–10)

As ofertas de cereal, preparadas no forno ou na panela, eram dadas ao sacerdote que as apresentava. Quando não havia preparo, o alimento era dividido entre os descendentes de Arão (v.10). Deus, com sabedoria, organizava as porções para garantir que os sacerdotes fossem sustentados com justiça.

Essa distribuição cuidadosa mostra que o serviço no altar era digno de reconhecimento prático. Como Paulo escreveu mais tarde: “O trabalhador é digno do seu salário” (1 Timóteo 5.18).

3. O que diferencia as ofertas de comunhão? (Levítico 7.11–21)

A oferta de comunhão tinha três modalidades: gratidão (v.12–15), votos e ofertas voluntárias (v.16–18). No caso da gratidão, o adorador levava bolos e pães sem fermento, preparados com óleo, e também pães com fermento (v.13). Era uma oferta rica e diversificada.

A carne da oferta deveria ser comida no mesmo dia, sem sobras (v.15). Se fosse um voto ou oferta voluntária, o que sobrasse poderia ser comido no dia seguinte — mas nunca no terceiro dia (v.16–17). Comer no terceiro dia traria consequências: “quem dela comer sofrerá as consequências da sua iniquidade” (v.18).

Essas regras ensinavam que o culto não podia ser tratado com negligência. Deus queria frescor, pureza e zelo. O alimento sagrado não podia ser tratado como algo comum.

Além disso, se alguém impuro comesse dessa carne, seria “eliminado do meio do seu povo” (v.20). Esse julgamento era feito por Deus. Como observam Walton e colegas, isso indicava um rompimento espiritual grave, não apenas uma punição social.

4. Por que Deus proíbe comer gordura e sangue? (Levítico 7.22–27)

Essa parte do texto é direta: “Não comam gordura alguma de boi, carneiro ou cabrito” (v.23). A gordura, como já vimos, simbolizava a parte mais nobre do animal e pertencia a Deus. Mesmo quando o animal morria de forma natural ou era atacado por feras, sua gordura podia ter outros usos, mas jamais deveria ser comida (v.24).

O sangue era ainda mais sagrado. Representava a vida: “A vida da carne está no sangue” (Levítico 17.11). Comer sangue era uma afronta à santidade da vida e da expiação.

Essa proibição já aparece em Gênesis 9.4, quando Deus estabelece aliança com Noé. E é reafirmada no Novo Testamento, quando os apóstolos instruem os gentios a se absterem do sangue (Atos 15.20).

Vasholz observa que o tratamento do sangue em Levítico é singular no Antigo Oriente Próximo. Nenhuma outra cultura dava ao sangue tamanha atenção espiritual. O sangue era o canal da aliança, purificação e consagração (VASHOLZ, 2018).

5. O que são as ofertas movidas e a contribuição? (Levítico 7.28–36)

O adorador deveria trazer “com suas próprias mãos” as porções ao sacerdote (v.30). Isso destaca a responsabilidade pessoal na adoração. Ele entregava a gordura e o peito, que seriam balançados diante do Senhor como oferta movida.

O verbo hebraico usado para “movida” (nwf) indica o ato de balançar a oferta para frente e para trás — gesto simbólico que apontava para a entrega aos céus. A coxa direita era chamada de contribuição e era dada ao sacerdote que ministrava o sangue e a gordura (v.33).

Ambas as partes — peito e coxa — eram concedidas perpetuamente aos sacerdotes como porção sagrada, desde os dias da unção de Arão (v.34–36). Isso mostra o compromisso divino com o sustento daqueles que cuidavam do povo em nome de Deus.

6. Como o capítulo termina? (Levítico 7.37–38)

O texto fecha com um resumo dos tipos de ofertas: holocausto, cereal, pecado, culpa, ordenação e comunhão (v.37). Todas essas instruções foram entregues a Moisés no Sinai, com o objetivo de preparar Israel para uma vida de comunhão santa com Deus (v.38).

Como Levítico 7 aponta para Cristo?

Cada sacrifício descrito aqui encontra seu cumprimento em Jesus. A oferta pela culpa? Ele é o Cordeiro que levou nossas culpas (Isaías 53.5). As ofertas de comunhão? Ele é a nossa paz, que nos reconcilia com o Pai (Efésios 2.14).

A proibição de sangue mostra como a vida era preciosa diante de Deus. Agora, é o sangue de Cristo que nos purifica de todo pecado (1 João 1.7). Ele é a nova aliança em Seu sangue (Lucas 22.20).

Ao apresentar “com as próprias mãos” suas ofertas, o adorador se envolvia pessoalmente com o culto. Hoje, sou chamado a fazer o mesmo: “ofereçam seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Romanos 12.1).

O que Levítico 7 me ensina para a vida hoje?

Levítico 7 me ensina que devo tratar o culto com seriedade. Cada gesto, cada oferta, cada palavra diante de Deus precisa ser feita com respeito, zelo e santidade.

Aprendo também que devo ser generoso. Deus se agradava das porções dadas aos sacerdotes. Hoje, devo honrar aqueles que dedicam sua vida ao ministério com cuidado e sustento.

A proibição de comer sangue me lembra do valor da vida e da reverência que devo ter pelo sacrifício de Cristo. Não posso tratar a cruz com descaso. O sangue foi derramado para que eu vivesse.

As ofertas movidas me desafiam a apresentar minha adoração com intencionalidade. Não devo ir até Deus de qualquer jeito, mas com coração entregue.

E por fim, esse capítulo me chama a gratidão. Quando ofereço a Deus algo com sinceridade, Ele se agrada. Não importa se tenho muito ou pouco. O que importa é a pureza da minha entrega. Tudo o que faço por amor, Ele recebe como aroma suave.


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