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Marcos 7 Estudo: Como Jesus quebra as tradições humanas?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Marcos 7 revela um dos debates mais profundos entre Jesus e os líderes religiosos de sua época. Aqui, vejo como o Mestre confronta a falsa religiosidade e aponta o que realmente contamina o ser humano: o pecado que brota do coração. A leitura desse texto me faz refletir sobre como, muitas vezes, posso me apegar a rituais e tradições e esquecer o que Deus realmente deseja: um coração puro e transformado.

Qual é o contexto histórico e teológico de Marcos 7?

O Evangelho de Marcos foi escrito, provavelmente, entre 60 e 70 d.C., para cristãos gentios, muitos deles em Roma, como destaca Keener (2017). Era um tempo de perseguição e o Evangelho trazia ânimo aos que sofriam por seguir a Cristo.

O capítulo 7 se passa, em parte, na Galileia e também na região de Tiro e Sidom, território gentio. Ali, Jesus encontra tanto oposição religiosa quanto pessoas que, mesmo sem tradição judaica, demonstram fé verdadeira.

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Teologicamente, o texto revela o conflito entre a tradição humana e a revelação divina. Hendriksen (2014) explica que a religiosidade dos fariseus se baseava em normas externas, mas Jesus mostra que o pecado nasce no interior do ser humano.

Keener (2017) destaca ainda que, ao declarar “puros todos os alimentos” (Marcos 7.19), Jesus começa a derrubar as barreiras entre judeus e gentios, preparando o caminho para a universalidade do Evangelho, como vemos em Atos 10.

Como o texto de Marcos 7 se desenvolve?

O capítulo se organiza em três momentos principais:

1. Por que Jesus confrontou os fariseus sobre a tradição? (Marcos 7.1-23)

Os fariseus e mestres da lei vieram de Jerusalém para questionar Jesus. Eles criticavam o fato de os discípulos comerem sem lavar as mãos, conforme a tradição dos anciãos.

Jesus responde com firmeza, citando Isaías:

“Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Marcos 7.6).

Ele denuncia a hipocrisia religiosa. Eles anulavam a Palavra de Deus ao se apegarem a tradições humanas, como o caso do “Corbã”, que permitia alguém deixar de ajudar os pais sob pretexto religioso.

Depois, Jesus ensina à multidão e explica aos discípulos que a verdadeira impureza não vem de fora, mas de dentro:

“O que sai do homem é que o torna ‘impuro’” (Marcos 7.20).

Jesus lista atitudes que procedem do coração, como imoralidade, roubo, homicídio, inveja, orgulho e outros males. Esse ensino confronta diretamente o legalismo dos fariseus.

Essa passagem me faz lembrar de Mateus 23, onde Jesus também denuncia a religiosidade de aparência. Aprendo aqui que posso me iludir com gestos externos e, ao mesmo tempo, cultivar um coração distante de Deus.

2. O que revela o encontro com a mulher siro-fenícia? (Marcos 7.24-30)

Jesus vai até a região de Tiro e Sidom e entra numa casa. Uma mulher grega, siro-fenícia, vem até Ele, suplicando pela libertação da filha endemoninhada.

A princípio, Jesus ressalta a prioridade dos judeus no plano de Deus, dizendo:

“Não é correto tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos” (Marcos 7.27).

Mas a mulher, com humildade e fé, responde:

“Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças” (Marcos 7.28).

Admirado com sua fé, Jesus liberta a menina à distância.

Hendriksen (2014) explica que essa mulher representa os gentios, considerados “impuros” pelos judeus, mas que, pela fé, se tornam participantes das bênçãos do Reino.

Esse episódio ecoa o que Deus já havia revelado em Isaías 49.6: o Messias seria “luz para os gentios”.

Ao ler esse texto, lembro que o amor de Deus rompe as barreiras culturais e religiosas. Ninguém está longe demais para ser alcançado pela graça.

3. Qual o significado da cura do surdo e mudo? (Marcos 7.31-37)

Jesus segue para a região da Decápolis, ainda em território predominantemente gentio. Ali, trazem-lhe um homem surdo e com dificuldade de falar.

Jesus o leva à parte, coloca os dedos nos ouvidos do homem, toca sua língua e diz:

“Efatá!”, que significa: “Abra-se” (Marcos 7.34).

Imediatamente, o homem passa a ouvir e falar claramente.

Essa cura lembra a promessa de Isaías 35.5-6, sobre a era messiânica:

“Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos… os mudos gritarão de alegria.”

O povo fica admirado e diz:

“Quão bem ele faz todas as coisas!” (Marcos 7.37).

Keener (2017) destaca que, ao curar em regiões gentias, Jesus já sinaliza que as bênçãos do Reino estão sendo estendidas a todos os povos.

Essa cena me ensina que o poder de Cristo transforma por completo: Ele abre ouvidos, liberta a fala e restaura o ser humano.

Que conexões proféticas encontramos em Marcos 7?

Este capítulo mostra o cumprimento de várias profecias e prepara o caminho para o anúncio do Evangelho aos gentios:

  • A denúncia contra os fariseus cumpre o padrão profético de confrontar a hipocrisia religiosa, como já se via em Isaías 29.13.
  • A mulher siro-fenícia representa os gentios incluídos no plano da salvação, conforme Isaías 49.6.
  • A cura do surdo e mudo cumpre o que foi dito sobre o Messias em Isaías 35.5-6.
  • A declaração de Jesus sobre os alimentos abre caminho para a inclusão dos gentios na comunhão cristã, algo que será plenamente compreendido em Atos 10.

O que Marcos 7 me ensina para a vida hoje?

Este capítulo confronta meu coração e revela verdades práticas:

  • Preciso cuidar para não transformar minha fé em um ritual vazio, como os fariseus.
  • Deus se importa mais com o que sai do meu coração do que com gestos externos.
  • Nenhuma tradição pode substituir a obediência sincera à Palavra de Deus.
  • O amor de Cristo alcança pessoas “improváveis”, como a mulher siro-fenícia. Não devo limitar a graça de Deus.
  • A fé humilde e persistente move o coração de Deus. Não importa minha origem ou passado.
  • Jesus tem poder para restaurar o que está bloqueado na minha vida: seja audição, fala ou outra área.
  • O Reino de Deus quebra barreiras e inclui todos os que creem.

Como Marcos 7 me conecta ao restante das Escrituras?

Este capítulo me ajuda a ver como a Bíblia é um plano contínuo de redenção:

  • Jesus denuncia a religiosidade vazia, como os profetas já faziam em Isaías 29.
  • Ele começa a derrubar as barreiras entre judeus e gentios, preparando o caminho para o que acontece em Atos 10.
  • A inclusão dos gentios já estava prevista em profecias como Isaías 49.6.
  • A cura do surdo e mudo sinaliza o cumprimento de Isaías 35, mostrando que a era do Messias chegou.

Jesus, em Marcos 7, me chama a abandonar o legalismo e a religiosidade de fachada e a me abrir para a graça que transforma o coração e alcança todos.


Referências

  • HENDRIKSEN, William. Marcos. Tradução: Lucas Ribeiro. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2014.
  • KEENER, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento. Tradução: José Gabriel Said. Edição Ampliada. São Paulo: Vida Nova, 2017.
  • Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.
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