Mateus 21 marca um dos momentos mais solenes do Evangelho: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Era o início da última semana antes da crucificação, conhecida como a Semana da Paixão. A cidade estava cheia de peregrinos para a festa da Páscoa, a celebração mais importante do calendário judaico.
Jerusalém não era apenas um centro político e cultural. Era o lugar do templo, onde Deus havia prometido habitar no meio do povo. Jesus se dirige à cidade como o Messias, cumprindo antigas profecias. Sua entrada não foi casual, mas cuidadosamente planejada para evidenciar sua realeza e ao mesmo tempo expor a corrupção espiritual dos líderes judeus.
Segundo William Hendriksen, “Jesus sabia o que o aguardava em Jerusalém, mas entrou como Rei, não com orgulho terreno, mas com a humildade e autoridade messiânica previstas pelos profetas” (HENDRIKSEN, 2001, p. 784).
R. C. Sproul também destaca que esta entrada pública de Jesus foi uma demonstração deliberada de que ele não se esconderia mais: “A partir daqui, Cristo confrontaria diretamente os líderes religiosos e deixaria claro que o reino de Deus estava sendo retirado deles” (SPROUL, 2010, p. 540).
Mateus 21 mostra o contraste gritante entre a expectativa popular por um rei libertador e o verdadeiro caráter do Messias: manso, justo e santo.
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Como entender Mateus 21 versículo por versículo?
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Por que Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho? (Mateus 21.1–11)
Jesus orienta seus discípulos a trazerem uma jumenta e seu filhote (v. 2). Isso cumpre a profecia de Zacarias 9.9, citada no verso 5: “Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento”. Não era um detalhe aleatório, mas uma declaração clara de sua realeza messiânica, em contraste com os reis guerreiros que chegavam montados em cavalos.
O povo, ao vê-lo, estende mantos e ramos no caminho (v. 8), um gesto de honra semelhante ao tributo dado a reis em 2 Reis 9.13. Eles exclamam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor!” (v. 9), reconhecendo Jesus como o Messias, o descendente prometido de Davi.
Mesmo assim, muitos o viam apenas como “o profeta de Nazaré” (v. 11), sem compreender a profundidade de sua identidade.
Este episódio revela que Jesus não veio para satisfazer expectativas políticas ou nacionalistas, mas para estabelecer um reino espiritual e eterno, como afirmado em Mateus 2.
Por que Jesus purifica o templo? (Mateus 21.12–17)
Ao entrar no templo, Jesus expulsa os cambistas e vendedores de animais (v. 12). Ele cita Isaías 56.7: “Minha casa será chamada casa de oração”, e Jeremias 7.11: “mas vocês estão fazendo dela um covil de ladrões”.
O templo deveria ser o lugar de encontro entre Deus e o povo, mas havia se tornado palco de exploração. R. C. Sproul explica: “Jesus ficou indignado não apenas pelo comércio em si, mas porque ele se misturava à exploração e profanava o propósito santo do templo” (SPROUL, 2010, p. 543).
Interessante notar que, logo depois, “cegos e coxos” se aproximam e são curados por Jesus (v. 14). Isso simboliza o verdadeiro propósito do templo: acolher, restaurar e aproximar as pessoas de Deus.
As crianças também louvam Jesus, dizendo “Hosana ao Filho de Davi” (v. 15). Jesus confirma o louvor ao citar Salmo 8.2, mostrando que até os mais simples reconhecem sua glória.
Qual o significado da maldição da figueira? (Mateus 21.18–22)
A figueira, com folhas abundantes, aparentava ter frutos, mas estava vazia (v. 19). Jesus a amaldiçoa, e ela seca imediatamente.
William Hendriksen explica que “a figueira representava Israel, que exibia religiosidade exterior, mas carecia de frutos espirituais genuínos” (HENDRIKSEN, 2001, p. 788).
Essa ação de Jesus é uma parábola viva. Revela o juízo sobre a hipocrisia religiosa e aponta para o destino de Jerusalém, como vemos também em Mateus 23.
Jesus aproveita o momento para ensinar sobre fé e oração (v. 21–22), mostrando que a verdadeira espiritualidade produz frutos e se expressa em confiança ousada em Deus.
Por que os líderes questionam a autoridade de Jesus? (Mateus 21.23–27)
Os chefes religiosos, incomodados com o impacto de Jesus, perguntam: “Com que autoridade fazes estas coisas?” (v. 23). Eles queriam descredenciá-lo diante do povo.
Jesus, porém, responde com outra pergunta: “De onde era o batismo de João? Do céu ou dos homens?” (v. 25). Eles se recusam a responder por medo da reação popular, e Jesus também se recusa a responder diretamente.
R. C. Sproul observa: “Ao virar o jogo, Jesus expôs a hipocrisia e o oportunismo dos líderes, revelando que eles não estavam interessados na verdade, mas em manter o poder” (SPROUL, 2010, p. 545).
O que significa a parábola dos dois filhos? (Mateus 21.28–32)
Nessa parábola, o primeiro filho diz que não obedecerá ao pai, mas depois se arrepende e vai trabalhar na vinha. O segundo promete ir, mas não cumpre.
Jesus aplica isso aos líderes judeus: os publicanos e prostitutas, considerados pecadores, se arrependem e entram no Reino. Já os líderes religiosos, com aparência de obediência, rejeitam a mensagem e permanecem fora.
Aqui, Jesus reforça a importância de um arrependimento sincero, como vemos em Lucas 15.
Qual o significado da parábola dos lavradores maus? (Mateus 21.33–46)
Essa parábola retrata a história da salvação. O proprietário representa Deus, a vinha é Israel, os servos são os profetas enviados ao longo dos séculos, e o filho é Jesus.
Os lavradores, símbolo dos líderes religiosos, rejeitam e matam tanto os servos quanto o filho. Jesus cita Salmo 118.22, dizendo que a “pedra rejeitada” se torna a “pedra angular”, ou seja, ele próprio, o fundamento do Reino de Deus.
O Reino seria tirado dos líderes infiéis e entregue a um povo que produzisse frutos — referência à igreja formada por judeus e gentios, como Jesus antecipou em Mateus 16.18.
Os líderes entendem a crítica (v. 45), mas ao invés de se arrependerem, conspiram para matar Jesus, cumprindo exatamente o que a parábola anunciava.
Como Mateus 21 cumpre as profecias do Antigo Testamento?
Mateus 21 está repleto de citações e alusões proféticas:
- Zacarias 9.9 anuncia a entrada triunfal do Messias montado em um jumento.
- Isaías 56.7 e Jeremias 7.11 denunciam a corrupção do templo.
- Salmo 8.2 confirma o louvor espontâneo das crianças.
- Salmo 118.22 revela que Jesus é a pedra angular rejeitada pelos líderes.
Essas profecias apontam para o Messias que viria em humildade, purificaria o culto a Deus e seria rejeitado pelos homens, mas exaltado pelo Pai, como é enfatizado em Filipenses 2.
O que Mateus 21 me ensina para a vida hoje?
Ao ler Mateus 21, eu sou confrontado com a mesma pergunta que os líderes religiosos evitaram: “Quem é Jesus para mim?”
Não posso simplesmente admirá-lo como profeta ou líder. Ele é o Rei prometido, o Filho enviado por Deus. Minha resposta a Ele define meu lugar no Reino.
Este capítulo também me alerta contra a religiosidade vazia. Não basta ter aparência de fé, como a figueira cheia de folhas. Deus espera frutos: arrependimento, obediência e amor sincero.
Aprendo ainda sobre oração ousada. Jesus ensina que devo orar com fé, confiando no poder de Deus, sem limitar o que Ele pode fazer.
Por fim, sou lembrado de que o Reino de Deus pertence aos que se arrependem e produzem frutos. Deus não se impressiona com títulos ou aparências. Ele busca corações quebrantados e sinceros, como os publicanos e prostitutas que creram.
Referências
- HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
- SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.