A Parábola do Primeiros Lugares foi contada pelo Senhor Jesus durante uma reunião social muito comum naqueles dias: um banquete. Quem não gosta de uma boa comida na companhia dos amigos, não é mesmo?
Mas aqui, há muito mais elementos por trás de boa comida e conversas amistosas entre pessoas que se gostam. Havia muita presunção, soberba, orgulho, vaidade e falta de educação.
Para confrontar estes e outros elementos nocivos do coração humano, Jesus nos conta uma das parábolas mais socioeducativas do seu repertório.
Se prestarmos atenção a ela, não só seremos agradáveis a Deus, como teremos a apreciação das pessoas por nossa companhia.
Então, prepare uma boa bebida, fique confortável, esqueça as notificações do celular e VEM!
O Contexto da Parábola dos Primeiros Lugares
Certo sábado, entrando Jesus para comer na casa de um fariseu importante, observavam-no atentamente. (Lucas 14:1)
Não é novidade para ninguém que com a popularidade do ministério de Jesus, os fariseus passaram a persegui-lo e a criar várias armadilhas com a intenção de fazê-lo errar e acusa-lo de pecado contra Deus.
Aqui, ele foi convidado por um fariseu para um banquete que seria dado em sua casa no dia de sábado. Lucas conta, que diante de Jesus havia um homem doente, e os fariseus estavam observando qual seria o seu comportamento.
Tendo dito algumas palavras sobre a religiosidade deles, o Senhor operou o milagre e o homem foi imediatamente curado (Lucas 14:2-6).
Jesus Conta a Parábola dos Primeiros Lugares
Quando notou como os convidados escolhiam os lugares de honra à mesa, Jesus lhes contou esta parábola:
“Quando alguém o convidar para um banquete de casamento, não ocupe o lugar de honra, pois pode ser que tenha sido convidado alguém de maior honra do que você. Se for assim, aquele que convidou os dois virá e lhe dirá: ‘Dê o lugar a este’. Então, humilhado, você precisará ocupar o lugar menos importante. (Lucas 14:7-9)
Percebendo como os convidados do banquete eram famintos por honra, o Senhor Jesus tratou de dar-lhes uma lição acerca da vontade de Deus sobre o nosso comportamento em situações como essa: “não ocupe o lugar de honra, a menos que seja convidado”.
De acordo com as regras de etiqueta da época, ao entrar na sala onde estavam as mesas para a refeição, os convidados deveriam procurar assentos adequados na mesa.
Sobre isso, Hendriksen diz o seguinte:
“A posição central (pense na base curva do U) da mesa No. 1 era considerada o lugar de honra mais elevada. À esquerda da pessoa de posição mais elevada se reclinava a segunda em honra; e à direita a terceira ocupava seu lugar”.
Hendriksen, W. (2014). Lucas. (V. G. Martins, Trad.) (2a edição, Vol. 2, p. 240). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.
Jesus percebeu que quando as pessoas se reclinaram a mesa para comer, muitas delas estavam ocupando lugares errados em relação a honra.
Para o Mestre, a atitude delas era muito mais que uma displicência ou erro de educação, mas arrogância e desejo de honra escondidas em seus corações.
Não são poucas as vezes que vemos isso nas Igrejas. Pessoas que querem ocupar lugares para os quais não foram convidados ou não estão preparados.
Tudo o que lhe ocorre é o desejo de honra, o lugar de destaque e a sensação de proeminência.
Humilhação e Honra
Mas quando você for convidado, ocupe o lugar menos importante, de forma que, quando vier aquele que o convidou, diga-lhe: ‘Amigo, passe para um lugar mais importante’. Então você será honrado na presença de todos os convidados. Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado”. (Lucas 14:10,11)
Neste trecho Jesus está fazendo uma critica explicita aos fariseus. Esses religiosos amavam lugares de honra, bajulações, homenagens e tudo o que deixasse o ego deles mais satisfeito.
O Filho de Deus por outro lado, nos apresenta uma realidade diferente. No Reino de Deus, devemos agir com humildade e não viver atrás de qualquer tipo de honra que seja.
Não deve ser a nossa motivação, servir para ser reconhecido. Devemos servir e dar o nosso melhor, para que Deus seja glorificado e o próximo edificado.
Caso a honra venha, considere-a como manifestação da graça de Deus, mas não espere ou se torne dependente dela, para continuar servindo.
A promessa de Deus para nós, seus filhos, é que no final das eras, quando finalmente nos encontrarmos com Ele, seremos galardoados por todo bom serviço que fizemos em Sua presença, segundo o princípio da humildade.
A Parábola dos Primeiros Lugares e o Anfitrião
Então Jesus disse ao que o tinha convidado: “Quando você der um banquete ou jantar, não convide seus amigos, irmãos ou parentes, nem seus vizinhos ricos; se o fizer, eles poderão também, por sua vez, convidá-lo, e assim você será recompensado.
Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá na ressurreição dos justos”. (Lucas 14:12-14)
A parte final da parábola é direcionada para o anfitrião da festa. Jesus dirigiu as palavras a ele, exortando que quando fosse oferecer um banquete, não convidasse seus amigos, mas os excluídos da sociedade – pobres, portadores de necessidades especiais e grupos estigmatizados).
Fazendo isso, ele provaria que o banquete não era algo feito para si mesmo, mas para servir ao próximo. Mostraria que ele não estava buscando elogios e bajulações sociais, mas a dignidade das pessoas, mesmo aquelas com comportamentos mais “grotescos”.
Agindo dessa forma, a honra daquele homem estaria sendo guardada para o tempo futuro, quando todos nós finalmente estivermos diante de Deus, para servi-Lo eternamente.
Conclusão
A lição ministrada por Jesus na Parábola dos Primeiros Lugares não era uma novidade para os fariseus. Este mesmo princípio esta bem expresso em Provérbios 25:6,7, contudo, eles só tiravam do Antigo Testamento as partes que interessavam a sua religiosidade legalista.
Nesta parábola o Mestre não está proibindo as reuniões sociais com parentes e amigos. Ele está criticando fariseu porque isso era algo comum em sua família o que mostrava que ele era um homem de boas condições financeiras, mas que nunca se ocupou de usar seus bens para servir aos mais necessitados.
Suas reuniões sociais possuíam o único proposito de fazer com que ele se sentisse bem, e não de servir ao próximo.
Jesus critica os círculos sociais exclusivistas.
Onde ricos e pobres não frequentam o mesmo ambiente. Onde ilustres e desconhecidos não se cruzam.
Portanto, temos que estar muito atentos sobre quais são as nossas motivações e participações nos círculos sociais que nos cercam, e se estamos interagindo com pessoas que precisam da nossa ajuda e não tem como nos recompensar por isso.