O capítulo 2 de Mateus dá sequência ao anúncio do nascimento de Jesus, agora revelando como esse evento mexeu com o cenário político e espiritual da época. Estamos no reinado de Herodes, conhecido como Herodes, o Grande, governante cruel e paranoico, colocado no trono pelos romanos. Ele não era judeu, mas idumeu, o que já causava desconfiança e desprezo entre o povo.
Esse é o pano de fundo histórico em que o Rei prometido nasce em Belém, uma vila pequena, mas cheia de significado profético. Jesus chega ao mundo num contexto de tensão, ameaças e expectativas messiânicas, conforme já vimos também no início do Evangelho, em Mateus 1.
Teologicamente, Mateus destaca o controle soberano de Deus. Mesmo em meio à oposição política e religiosa, o plano divino segue seu curso. As promessas do Antigo Testamento começam a se cumprir com precisão.
William Hendriksen explica: “Mateus não apenas registra os fatos históricos, mas mostra como Deus dirige cada detalhe para cumprir seu propósito eterno” (HENDRIKSEN, 2001, p. 127).
Quem eram os magos e por que buscaram Jesus? (Mateus 2.1–2)
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“Depois que Jesus nasceu em Belém da Judéia, nos dias do rei Herodes, magos vindos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
Os magos eram estudiosos dos astros, provavelmente vindos da região da Pérsia ou Babilônia. Não eram reis, nem sabemos se eram apenas três, como diz a tradição popular. Essa ideia surgiu por causa dos três presentes mencionados.
O mais impressionante é que esses homens, estrangeiros, discerniram que algo grandioso estava acontecendo em Israel e vieram buscar o Rei, com o objetivo claro: adorá-lo. Isso aponta desde já para o alcance universal da salvação em Jesus, algo que se confirma em Mateus 28.19, quando Cristo envia seus discípulos a todas as nações.
R. C. Sproul comenta: “Deus, em sua providência, moveu até mesmo gentios para reconhecerem o Messias, mostrando que a salvação não seria restrita a Israel” (SPROUL, 2010, p. 28).
Por que Herodes e Jerusalém ficaram alarmados? (Mateus 2.3–6)
A notícia do nascimento de um “rei dos judeus” deixa Herodes inquieto. Sendo um governante inseguro e cruel, qualquer ameaça ao seu trono era intolerável. Mas o espanto não foi só dele — “toda Jerusalém” também se alarmou.
Mateus mostra como o nascimento de Jesus dividiu as pessoas. Uns buscaram adorá-lo, outros o rejeitaram ou ficaram indiferentes, algo que continua até hoje.
Os mestres da lei e sacerdotes, consultados por Herodes, sabiam exatamente onde o Messias nasceria: Belém, conforme a profecia de Miqueias 5.2. Essa cidade, onde Davi nasceu, agora abrigaria o nascimento do Rei prometido, o Bom Pastor de Israel, como o próprio Jesus se descreve depois em João 10.11.
O curioso é que, apesar de conhecerem as Escrituras, esses líderes não demonstram interesse em ir até Belém. Sabiam, mas não buscaram. Isso revela que o mero conhecimento bíblico, sem fé e ação, não transforma o coração.
Qual o verdadeiro plano de Herodes? (Mateus 2.7–8)
Herodes age com falsidade. Secretamente investiga os magos sobre o tempo do aparecimento da estrela e os envia a Belém, dizendo que também deseja adorar o menino. Mas, na verdade, o objetivo dele era eliminar qualquer concorrência ao trono.
Aqui vemos o contraste entre o coração dos magos e o de Herodes: enquanto uns buscam adorar, o outro planeja destruir. Essa oposição entre luz e trevas será uma constante ao longo da vida de Jesus, como Mateus detalha em Mateus 4.
O que aconteceu quando os magos encontraram Jesus? (Mateus 2.9–11)
Os magos seguem sua jornada e a estrela reaparece, guiando-os até onde estava o menino. Não o encontram mais em uma manjedoura, mas em uma casa. Isso reforça que o nascimento já havia ocorrido há algum tempo.
Ao verem o menino com Maria, “prostraram-se e o adoraram”. Gentios reconhecendo Jesus como Rei e Salvador. Um símbolo claro de que o Messias veio para todos os povos.
Os presentes oferecidos — ouro, incenso e mirra — são ricos de significado:
- Ouro: símbolo de realeza, digno de um Rei.
- Incenso: usado no culto a Deus, reconhecendo a divindade de Jesus.
- Mirra: usada em embalsamamento, apontando para o sofrimento e morte que Jesus enfrentaria.
William Hendriksen destaca: “Os presentes, além de valiosos, revelam a percepção espiritual que os magos tinham sobre a missão do menino: Rei, Sacerdote e Salvador” (HENDRIKSEN, 2001, p. 131).
Como Deus protegeu Jesus? (Mateus 2.12–15)
Mais uma vez, Deus age soberanamente. Os magos são advertidos em sonho a não voltarem a Herodes, e José também recebe instrução divina: deve fugir para o Egito com Maria e o menino.
Além de preservar a vida do Salvador, essa fuga cumpre a profecia de Oséias 11.1: “Do Egito chamei o meu filho”. O retorno de Jesus do Egito simboliza a repetição, em Cristo, da trajetória do próprio Israel, o povo de Deus, como Mateus vai reforçar mais adiante em Mateus 5.
R. C. Sproul explica: “Jesus revive a história de Israel, mas sem falhas, sendo o Filho perfeito que cumpre o propósito de Deus” (SPROUL, 2010, p. 30).
O que foi o massacre dos inocentes? (Mateus 2.16–18)
Herodes, ao perceber que foi enganado, fica furioso e manda matar todos os meninos de até dois anos em Belém e arredores.
Embora não haja registros históricos fora dos Evangelhos sobre esse episódio, ele se encaixa perfeitamente no perfil cruel de Herodes, conhecido por assassinar parentes e opositores políticos sem hesitar.
Mateus vê nesse episódio o cumprimento de Jeremias 31.15, onde Raquel chora pelos filhos perdidos. Esse lamento, originalmente ligado ao exílio babilônico, ganha aqui uma dimensão mais profunda: o sofrimento causado pelo ódio ao Messias.
Por que Jesus foi morar em Nazaré? (Mateus 2.19–23)
Com a morte de Herodes, José recebe nova orientação para retornar, mas teme o governo de Arquelau na Judeia. Guiado novamente por Deus, muda-se para Nazaré, na Galileia.
Mateus interpreta isso como cumprimento profético, ainda que não exista uma citação literal no Antigo Testamento dizendo: “Ele será chamado Nazareno”. O sentido aqui é teológico. Nazaré era uma cidade desprezada, e o Messias seria alguém rejeitado e menosprezado, como Isaías 53 descreve.
Quais profecias se cumprem em Mateus 2?
O capítulo 2 mostra claramente o cumprimento de promessas antigas:
- Miqueias 5.2: O nascimento em Belém.
- Oséias 11.1: A chamada do Filho do Egito.
- Jeremias 31.15: O pranto pelo massacre.
- Profecias gerais: O desprezo e rejeição do Messias, simbolizados por Nazaré.
Esses cumprimentos não são acidentais. Revelam o plano meticuloso de Deus, algo que Mateus desenvolve em todo o Evangelho, como também vemos em Mateus 11.
O que Mateus 2 ensina para nossa vida?
Primeiro, eu aprendo que Deus governa a história. Nenhuma ação humana, nem mesmo a crueldade de um Herodes, pode impedir seus planos.
Segundo, a fé exige ação. Os magos viajaram quilômetros para adorar. Os líderes de Jerusalém sabiam onde o Messias estava, mas não foram. Conhecer a Bíblia sem compromisso com Jesus não transforma ninguém.
Terceiro, a verdadeira adoração envolve entrega. Os magos ofertaram o melhor. Isso me desafia a avaliar se estou oferecendo meu tempo, meus recursos e meu coração ao Senhor.
Quarto, seguir Jesus envolve risco e oposição. Desde o nascimento, o Salvador foi rejeitado, ameaçado e desprezado. Isso não mudou. Ser cristão hoje também exige coragem.
Por fim, a história de Mateus 2 me lembra que Deus cuida dos seus. José, Maria e Jesus não estavam sozinhos. Nem eu estou. Mesmo nos momentos de perigo, o Senhor dirige os passos dos que confiam nele, como o próprio Jesus promete em Mateus 28.20.
Conclusão
Mateus 2 é muito mais do que um relato natalino. É uma afirmação poderosa: o Rei nasceu, as promessas se cumprem, Deus governa a história e nada pode frustrar seus planos.
O que faço com isso? Como os magos, quero buscar Jesus com alegria. Como José, quero obedecer mesmo quando não entendo tudo. E como Maria, quero confiar no cuidado de Deus, sabendo que Ele sempre cumpre sua Palavra.
Referências
HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.