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Ezequiel 23 Estudo: O que significam Oolá e Oolibá?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Ezequiel 23 me ensina que a infidelidade espiritual é uma traição ativa contra Deus. A imagem de duas irmãs adúlteras, Oolá e Oolibá, representa a decadência moral e religiosa de Samaria e Jerusalém. Ambas abandonaram o Deus da aliança para buscar segurança política em outras nações e se envolver com seus ídolos. Mas Deus, como um esposo justo e zeloso, não ignora a traição. Ele julga. E nos alerta com severidade: não brinque com Sua aliança.

Qual é o contexto histórico e teológico de Ezequiel 23?

Ezequiel 23 foi escrito durante o exílio babilônico, nos anos anteriores à queda definitiva de Jerusalém (586 a.C.). O profeta está entre os cativos na Babilônia e, mais uma vez, denuncia os pecados de Jerusalém. O capítulo se conecta diretamente com Ezequiel 16, mas agora traz uma variação importante: Deus fala de duas irmãs, Samaria (Oolá) e Jerusalém (Oolibá), que simbolizam os dois reinos que outrora formaram Israel.

Segundo Daniel I. Block (2012), essa alegoria funciona como um rîb, um processo judicial em que Deus é o autor da acusação e também o juiz. A linguagem é ousada, carregada de imagens explícitas de prostituição, idolatria e lascívia, porque o objetivo é chocar o ouvinte, despertando sua consciência para a gravidade da traição contra o Senhor.

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Historicamente, Samaria havia sido destruída pelos assírios em 722 a.C., e Jerusalém agora está prestes a cair nas mãos dos babilônios. A alegoria das duas irmãs traça esse paralelo, mostrando que os pecados que levaram à queda do reino do norte agora dominam o reino do sul. Como afirmam Walton, Matthews e Chavalas (2018), a menção a alianças com potências como Egito, Assíria e Babilônia aponta não apenas para práticas religiosas, mas também para traições políticas.

O foco de Ezequiel está em mostrar que o povo não apenas se contaminou espiritualmente, mas também rompeu deliberadamente a aliança com Deus. A cidade de Jerusalém, que deveria ser santa, tornou-se como uma prostituta desavergonhada.

Como o texto de Ezequiel 23 se desenvolve?

Quem são Oolá e Oolibá? (Ezequiel 23.1–4)

“Houve duas mulheres, filhas da mesma mãe… Oolá é Samaria, e Oolibá é Jerusalém” (vv. 2–4). Deus apresenta duas cidades como irmãs adúlteras. A linguagem não é literal, mas simbólica. Elas representam a divisão do povo de Deus após a morte de Salomão — Israel ao norte e Judá ao sul.

Essas irmãs “pertenceram” ao Senhor. Foram escolhidas, amadas e cuidadas. Mas desde o início, “na juventude”, se entregaram à prostituição — uma metáfora para suas alianças políticas e idolatria. Os comentários históricos (Block, 2012) destacam que o Egito é lembrado como o local da iniciação da infidelidade espiritual. O povo saiu de lá com a tendência de buscar segurança em ídolos humanos.

Por que Samaria foi condenada? (Ezequiel 23.5–10)

“Oolá… cobiçou seus amantes, os assírios” (v. 5). Samaria fez aliança com a Assíria, confiando em sua força militar e incorporando seus deuses. Mesmo sendo “do Senhor”, entregou-se à infidelidade. A lista de amantes — “governadores, comandantes, cavaleiros” — mostra o fascínio político e cultural que dominava o coração do povo.

Ezequiel denuncia que a idolatria começou cedo e nunca foi abandonada. Por isso, Deus “a entregou nas mãos de seus amantes” (v. 9). A Assíria, antes aliada, tornou-se inimiga e destruiu Samaria. Ela “foi despida… e se tornou provérbio entre as mulheres” (v. 10).

Por que Jerusalém se tornou ainda pior? (Ezequiel 23.11–21)

“Oolibá… foi mais depravada” (v. 11). Jerusalém viu a queda de sua irmã, mas não aprendeu. Pelo contrário, dobrou sua idolatria. Desejou os mesmos assírios e, depois, os babilônios — “homens desenhados nas paredes” (v. 14) — indicando fascínio cultural e militar. A descrição é vívida: turbantes, cinturões, tronos… Tudo seduz Jerusalém.

Ela envia mensageiros para se aliar com os caldeus e se deita com eles. Mas depois, enjoada, os rejeita. Deus também se enoja: “Afastei-me dela desgostoso” (v. 18). A idolatria se transforma em algo grotesco. A linguagem se intensifica com imagens chocantes (v. 20), para ilustrar a profundidade da depravação. Block (2012) explica que não se trata de misoginia, mas de uma alegoria intencionalmente extrema para expor o horror da infidelidade espiritual.

Como Deus anuncia o julgamento? (Ezequiel 23.22–35)

A sentença de Deus começa com um novo tom: “Portanto, Oolibá…” (v. 22). Ele trará contra ela os mesmos amantes que ela buscou. Babilônios, caldeus, soldados, todos se tornarão seus juízes. Eles virão armados, com carros e multidões. Deus diz: “Entregarei você para o castigo deles” (v. 24).

A humilhação será extrema. Cortarão “nariz e orelhas”, símbolo de desfiguração e vergonha pública (v. 25). Levarão seus filhos, a deixarão nua, e exporão tudo o que ela escondeu. A imagem do “cálice” (vv. 31–34) simboliza o juízo divino: ela beberá até o fim, com zombaria e horror.

Ao final, Deus resume: “Você se esqueceu de mim… vai sofrer as consequências” (v. 35). A infidelidade tem custo. Ezequiel quer que sua audiência entenda: a destruição de Jerusalém não é um erro político. É juízo divino, justo e merecido.

Como Deus formaliza a acusação? (Ezequiel 23.36–45)

O profeta recebe uma ordem clara: “Julgue Oolá e Oolibá. Mostre a elas as suas práticas repugnantes” (v. 36). O caso agora se apresenta com termos legais. As acusações são sérias: “cometeram adultério… há sangue em suas mãos” (v. 37). Mataram seus filhos e os ofereceram a ídolos — uma referência direta ao sacrifício infantil (cf. Ezequiel 16.20).

Mais do que isso, “entraram em meu santuário no mesmo dia” (v. 39). O sincretismo religioso é o auge da ofensa: adoram ídolos e tentam manter a aparência de piedade. Como explica Block (2012), profanar o santuário e o sábado significa romper completamente com a aliança. Deus foi traído — não só em segredo, mas dentro de sua própria casa.

A descrição da sedução é grotesca: banhos, maquiagem, joias, festas públicas, incenso e óleo do próprio templo sendo usados para atrair homens. E no final, “homens justos as julgarão como adúlteras” (v. 45). O veredicto é claro.

Qual é a sentença final contra as irmãs? (Ezequiel 23.46–49)

A sentença final é pronunciada com autoridade: “Chame uma multidão contra elas…” (v. 46). O povo será punido por meio de guerra, destruição, espada e fogo. Suas casas serão queimadas, seus filhos mortos, suas vidas despedaçadas.

O propósito é claro: “dar fim à lascívia na terra” (v. 48). Deus quer que o povo tema, que aprenda com o juízo. A tragédia de Samaria e Jerusalém serve como advertência a todos: “todas as mulheres serão advertidas…”.

Ao final, Deus declara: “Você sofrerá o castigo… saberá que eu sou o Senhor Yahweh” (v. 49). O objetivo de todo juízo é revelar quem Deus é — santo, justo, zeloso.

Como as profecias de Ezequiel 23 se cumprem no Novo Testamento?

No plano escatológico, Ezequiel 23 antecipa o juízo de Deus sobre a falsa religião, como descrito em Apocalipse 17, onde a “grande prostituta” se embriaga com o sangue dos santos. A linguagem é similar: adultério espiritual, alianças com reis, luxúria, vinho do furor, destruição pela espada.

Jesus também denuncia Jerusalém como cidade que “mata os profetas” (Mateus 23.37). Ele chora por ela, sabendo que não se arrependeria. E quando os discípulos apontam para a beleza do templo, Jesus diz: “Não ficará pedra sobre pedra” (Mateus 24.2).

A infidelidade que começou no Egito, passou por Samaria, cresceu em Jerusalém e culminou na rejeição do Messias. Mas Deus, em sua graça, oferece redenção àqueles que se arrependem. A Nova Jerusalém de Apocalipse 21 é a resposta final à infidelidade: uma noiva pura, adornada para o seu esposo.

O que Ezequiel 23 me ensina para a vida hoje?

Ao ler Ezequiel 23, eu sou confrontado com a seriedade da infidelidade espiritual. Deus não é indiferente quando troco Sua presença por segurança humana, política ou cultural. Ele vê. E sente ciúmes.

Esse texto me alerta: é possível praticar religiosidade externa enquanto o coração está longe. Posso frequentar o templo, falar em nome de Deus, mas estar espiritualmente morto — como Jerusalém. A idolatria começa no coração, quando confio mais nos meus planos, conexões, prazeres ou imagens do que no Senhor da aliança.

Também aprendo que a disciplina de Deus é consequência do seu amor ferido. Ele corrige não por crueldade, mas porque me ama demais para me deixar nesse caminho. A humilhação de Jerusalém não é o fim da história. Há graça para quem se volta a Deus de coração sincero.

Por fim, esse capítulo me convida à vigilância. A história de Oolá e Oolibá é a minha história quando esqueço da fidelidade do Senhor. Mas também é meu espelho. Posso escolher hoje abandonar a lascívia do pecado e viver como uma noiva fiel, aguardando o dia da união com o Cordeiro.


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