Mateus 25 faz parte do que conhecemos como sermão profético ou discurso escatológico de Jesus, iniciado no capítulo 24. Este é o último grande discurso de Cristo registrado por Mateus, e trata dos acontecimentos finais: sua segunda vinda e o juízo final.
O cenário histórico é a última semana de Jesus em Jerusalém. Ele já entrou na cidade de maneira triunfal e está prestes a ser entregue e crucificado. Mesmo assim, Ele reserva um tempo para ensinar aos discípulos sobre o futuro e sobre a necessidade de vigilância, preparo e fidelidade enquanto aguardam seu retorno.
William Hendriksen explica que, no capítulo 25, Jesus usa três parábolas e uma descrição do juízo final para destacar as responsabilidades do povo de Deus enquanto o Senhor ainda não retornou (HENDRIKSEN, 2010, p. 449). Já não se trata apenas de informações para os curiosos sobre o futuro, mas de um chamado prático à preparação espiritual.
Jesus se dirige especialmente aos seus seguidores, usando imagens familiares do contexto judaico, como casamentos, mordomia e atividades pastorais. O pano de fundo teológico remete à expectativa messiânica e ao ensino constante da responsabilidade individual diante de Deus.
Como destaca R. C. Sproul, este capítulo nos lembra que “nem todos os que professam ser cristãos estarão preparados para o retorno de Cristo” (SPROUL, 2017, p. 649).
O que as parábolas de Mateus 25 ensinam?
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Por que precisamos estar preparados? (Mateus 25.1–13)
A primeira parábola fala de dez virgens que esperavam o noivo. Segundo o costume da época, era comum que as amigas da noiva aguardassem a chegada do noivo para acompanhá-lo em uma procissão até o local do banquete.
Jesus disse: “O Reino dos céus, pois, será semelhante a dez virgens que pegaram suas candeias e saíram para encontrar-se com o noivo” (Mateus 25.1).
Metade delas foi imprudente e não levou óleo suficiente para as lâmpadas. Quando o noivo demorou, todas adormeceram. À meia-noite, o anúncio de que o noivo chegava despertou as virgens. As prudentes estavam preparadas; as insensatas, não.
As prudentes entraram com o noivo para o banquete e a porta foi fechada. Quando as insensatas chegaram, ouviram do noivo: “A verdade é que não as conheço” (Mateus 25.12).
A lição final de Jesus é clara: “Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o dia nem a hora” (Mateus 25.13).
Como Sproul observa, essa parábola mostra que a mera profissão de fé não basta. É necessário estar espiritualmente preparado, o que só é possível por meio da genuína presença do Espírito Santo em nós (SPROUL, 2017, p. 651).
Essa advertência ecoa o alerta de Mateus 7, onde muitos dirão “Senhor, Senhor”, mas ouvirão: “Nunca vos conheci”.
O que significa ser um servo fiel? (Mateus 25.14–30)
Na sequência, Jesus conta a parábola dos talentos. Um homem confia seus bens a três servos antes de partir: cinco talentos ao primeiro, dois ao segundo e um ao terceiro, conforme a capacidade de cada um.
O primeiro e o segundo servos aplicam os talentos e dobram o valor recebido. Já o terceiro esconde o talento por medo e não produz nada.
Quando o senhor retorna, elogia os dois primeiros como “servo bom e fiel” e os recompensa. Mas ao terceiro, chama de “servo mau e negligente”, e ordena que ele seja lançado “nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 25.30).
O ensino é direto: o Senhor espera que usemos os dons e oportunidades que Ele nos dá para servi-lo e beneficiar o próximo. Hendriksen destaca que “a essência da parábola é esta: cada um deve ser fiel no uso das oportunidades de serviço que o Senhor lhe deu” (HENDRIKSEN, 2010, p. 461).
A aplicação é prática. Deus não exige o mesmo de todos, mas requer fidelidade proporcional às capacidades e recursos recebidos. Negligência e preguiça espirituais são pecados graves, com consequências eternas.
Como será o juízo final? (Mateus 25.31–46)
Por fim, Jesus descreve o juízo final com uma cena solene: o Filho do homem, em glória, assentado em seu trono, separando as nações como o pastor separa ovelhas dos bodes.
As ovelhas, à sua direita, ouvem o convite: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mateus 25.34).
Elas são elogiadas pelas obras de amor praticadas: alimentar os famintos, vestir os necessitados, acolher os estrangeiros, visitar os doentes e presos.
Surpresas, as ovelhas perguntam quando fizeram isso ao Senhor. Jesus responde: “O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25.40).
Já os bodes, à esquerda, são condenados ao fogo eterno, por negligenciarem as mesmas obras.
Essa cena revela que as obras não são a causa da salvação, mas a evidência prática dela. Como Sproul afirma, “as boas obras são o fruto inevitável da verdadeira fé salvadora” (SPROUL, 2017, p. 662).
Jesus não julgará apenas com base nas palavras, mas nas ações que comprovam a autenticidade da fé, assim como vemos em Tiago 2.
Como Mateus 25 se conecta com o restante do Novo Testamento?
As três seções de Mateus 25 possuem paralelos claros em outras partes das Escrituras.
A vigilância exigida na parábola das dez virgens está em harmonia com o ensino de Paulo em 1 Tessalonicenses 5, onde ele diz: “Portanto, não durmamos como os demais, mas estejamos atentos e sejamos sóbrios” (v. 6).
A mordomia dos talentos ecoa em textos como 1 Coríntios 4.1–2, que afirma: “O que se requer desses encarregados é que sejam fiéis”.
O juízo final descrito por Jesus antecipa o que João registra em Apocalipse 20, onde todos são julgados segundo suas obras e os que não estão inscritos no Livro da Vida são condenados.
Além disso, a separação entre ovelhas e bodes aponta para o cumprimento final da esperança messiânica, quando Cristo, o Rei, reinará sobre seu povo, conforme a promessa de Apocalipse 21.
O que Mateus 25 me ensina para a vida hoje?
Este capítulo me confronta profundamente. Primeiro, sou chamado a examinar meu coração e minha vida. Não basta frequentar a igreja ou professar fé em Jesus. Preciso estar preparado espiritualmente, com uma fé verdadeira, viva e sustentada pelo Espírito Santo.
Como nas virgens prudentes, devo cultivar intimidade com Deus, vigilância constante e vida cheia do Espírito.
Depois, sou desafiado a usar bem os dons, recursos e oportunidades que Deus me confiou. Não posso enterrar meu talento. Seja pouco ou muito, minha responsabilidade é produzir frutos para o Reino, com dedicação, criatividade e fidelidade.
Por fim, Mateus 25 me lembra do juízo final. Haverá um dia em que todos compareceremos diante do Rei. Nossas obras revelarão quem realmente somos. E isso inclui o cuidado com os necessitados, o amor prático ao próximo, a hospitalidade e a generosidade.
Jesus não está apenas nos ensinando sobre o futuro. Ele está nos mostrando como viver no presente. Viver preparado, produtivo e com amor genuíno ao próximo é o caminho para ouvir dEle: “Muito bem, servo bom e fiel”.
Como em Apocalipse 22, o Espírito e a noiva dizem: “Vem!”. E eu quero estar pronto quando o Noivo finalmente chegar.
Referências
- HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
- SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

Sou Diego Nascimento e o Jesus e a Bíblia não é apenas um projeto, é um chamado. Deus deu essa missão a mim e a Carol (esposa) por meio do Espírito Santo. Amamos a Palavra de Deus e acreditamos que ela pode mudar a sua vida, assim como mudou a nossa.