Romanos 6 é um dos textos mais profundos e práticos da carta de Paulo. Ao ler esse capítulo, eu percebo que a graça de Deus não é apenas um conceito abstrato, mas um poder real que transforma nossa vida. Paulo mostra que estar em Cristo significa morrer para o pecado e viver em novidade de vida. Não somos mais escravos do passado, mas servos da justiça. Essa verdade me chama a viver de forma coerente com aquilo que Cristo fez por mim.
Qual é o contexto histórico e teológico de Romanos 6?
A carta aos Romanos foi escrita por Paulo por volta do ano 57 d.C., durante sua estadia em Corinto, ao final de sua terceira viagem missionária (Atos 20.2-3) (KEENER, 2017). Roma era a capital do império, um lugar de grande influência política, econômica e cultural. A cidade reunia pessoas de diversas etnias e religiões, mas também era marcada pela imoralidade e pela idolatria.
Naquele ambiente, tanto judeus quanto gentios convertidos enfrentavam desafios para viver a fé. Os judeus carregavam consigo o orgulho da Lei e da tradição; os gentios, por sua vez, estavam acostumados com uma vida pagã, distante dos padrões de Deus. Paulo escreve aos cristãos de Roma para explicar o evangelho de forma clara, mostrando que todos pecaram e carecem da graça de Deus (Romanos 3.23).
No capítulo anterior, Paulo comparou Adão e Cristo. Em Adão, todos caímos; em Cristo, todos podemos ser restaurados. Agora, em Romanos 6, ele desenvolve as implicações dessa união com Cristo. Keener (2017) destaca que, para os judeus da época, o batismo tinha um forte simbolismo de mudança radical de vida, algo que Paulo usa para explicar a nossa nova posição em Cristo.
Hernandes Dias Lopes (2010) reforça que o ensino de Paulo confrontava os libertinos, que distorciam a mensagem da graça, dizendo que ela incentivava o pecado. Paulo responde com firmeza: a graça não apenas perdoa, mas transforma.
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Como o texto de Romanos 6 se desenvolve?
1. Morremos para o pecado e vivemos para Deus (Romanos 6.1-14)
Paulo inicia o capítulo com uma pergunta provocativa: “Continuaremos pecando para que a graça aumente?” (Romanos 6.1). Essa ideia distorcida, que alguns ensinavam, afirmava que quanto mais pecássemos, mais Deus manifestaria sua graça.
Mas Paulo responde de forma categórica: “De maneira nenhuma!” (Romanos 6.2). Eu percebo que, para o apóstolo, essa ideia era absurda. Ele explica que quem está unido a Cristo morreu para o pecado. Como alguém que morreu poderia continuar vivendo no pecado?
O batismo simboliza essa união com Cristo. Fomos batizados em sua morte (Romanos 6.3) e, assim, participamos de sua sepultura e ressurreição (Romanos 6.4). Keener (2017) lembra que, no contexto judaico, o batismo representava o abandono da antiga vida, o rompimento com o pecado e o ingresso em uma nova realidade.
Paulo afirma que o nosso “velho homem” foi crucificado com Cristo (Romanos 6.6). Isso significa que a pessoa que éramos antes de conhecer a Cristo — marcada pelo pecado, dominada pelos desejos carnais — morreu com Ele. Hernandes Dias Lopes (2010) explica que essa morte não elimina completamente a nossa natureza pecaminosa, mas nos liberta do domínio do pecado.
A morte de Cristo foi única e suficiente. Ele morreu para o pecado uma vez por todas e agora vive para Deus (Romanos 6.10). Eu aprendo que, assim como Cristo, devemos nos considerar mortos para o pecado e vivos para Deus (Romanos 6.11).
Na prática, isso significa não permitir que o pecado domine o nosso corpo (Romanos 6.12). Devemos oferecer os nossos membros a Deus como instrumentos de justiça (Romanos 6.13). Paulo conclui essa seção afirmando que o pecado não nos dominará, pois não estamos debaixo da lei, mas da graça (Romanos 6.14).
2. Escravos do pecado ou da justiça? (Romanos 6.15-23)
A segunda parte do capítulo começa com outra pergunta: “Vamos pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?” (Romanos 6.15). Novamente, Paulo responde com firmeza: “De maneira nenhuma!”
Aqui, ele usa a analogia da escravidão. Na época de Paulo, o conceito de escravidão era muito conhecido. Keener (2017) explica que os escravos podiam ser libertos, mas enquanto estivessem sob o domínio do senhor, deviam total obediência. Da mesma forma, nós éramos escravos do pecado, mas agora, em Cristo, somos servos da justiça.
Paulo afirma: “Quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem” (Romanos 6.16). Essa é uma grande verdade espiritual. Ou somos escravos do pecado, o que leva à morte, ou da obediência, que leva à justiça.
Eu aprendo que a conversão é uma troca de senhorio. Antes, vivíamos dominados pelo pecado. Agora, fomos libertos e pertencemos a Deus (Romanos 6.17-18). Hernandes Dias Lopes (2010) destaca que essa nova vida exige dedicação e entrega. Precisamos oferecer nossos corpos à justiça com o mesmo zelo que antes servíamos ao pecado.
Paulo lembra que, quando éramos escravos do pecado, o fruto disso era vergonha e morte (Romanos 6.21). Mas agora, como servos de Deus, colhemos santidade e vida eterna (Romanos 6.22).
O versículo final resume todo o ensino: “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6.23). O pecado paga com a morte; Deus nos presenteia com a vida eterna.
Que conexões proféticas encontramos em Romanos 6?
Romanos 6 se conecta de forma profunda com o Antigo Testamento e com o plano messiânico de Deus. Quando Paulo fala da nossa união com Cristo em sua morte e ressurreição, ele aponta para o cumprimento das profecias messiânicas que prometiam a vitória final sobre o pecado e a morte.
O profeta Isaías anunciou que o Servo do Senhor carregaria nossos pecados e sofreria em nosso lugar (Isaías 53.4-6). Em Cristo, essa promessa se cumpre de forma perfeita. Morremos com Ele, no sentido de que Ele assumiu a nossa culpa e pagou a nossa pena.
Além disso, o conceito de libertação da escravidão tem paralelo com a libertação de Israel do Egito. Assim como os israelitas foram libertos do domínio de Faraó, nós fomos libertos do domínio do pecado. A diferença é que, enquanto o êxodo foi uma libertação física e temporária, em Cristo temos uma libertação espiritual e eterna.
Keener (2017) explica que, no pensamento judaico, a era do Messias seria marcada pelo fim do domínio do pecado. Para Paulo, o Messias já veio, e esse poder foi quebrado na cruz.
O que Romanos 6 me ensina para a vida hoje?
Romanos 6 traz ensinamentos que transformam a maneira como eu enxergo a vida cristã. Eu aprendo que:
- A graça de Deus não é licença para pecar. Pelo contrário, ela me chama a viver de forma santa.
- Estar em Cristo significa morrer para o pecado e viver para Deus.
- O pecado não tem mais domínio sobre mim. Posso, pela graça, dizer não ao pecado e sim à justiça.
- A santidade não é algo opcional, mas a consequência natural de quem foi liberto do pecado.
- A vida eterna não é um salário merecido, mas um presente imerecido dado por Deus.
Hernandes Dias Lopes (2010) afirma que muitos cristãos vivem como se ainda estivessem sob o domínio do pecado, por ignorância ou acomodação. Mas a verdade é que Cristo já nos libertou. Precisamos viver à altura dessa liberdade.
Eu vejo, também, que o chamado para oferecer o meu corpo a Deus (Romanos 6.13) é muito prático. Significa dedicar minhas ações, minhas palavras, meus olhos, meus pensamentos ao Senhor. Meu corpo não pode ser usado como instrumento do pecado, mas como ferramenta para glorificar a Deus.
Como Romanos 6 me conecta ao restante das Escrituras?
Romanos 6 está em perfeita harmonia com o ensino bíblico sobre a nova vida em Cristo. Jesus disse que quem quisesse segui-lo deveria negar a si mesmo, tomar sua cruz e segui-lo (Mateus 16.24). Morrer para o pecado e viver para Deus é exatamente isso.
Paulo vai reforçar esse ensino em outras cartas, como em Gálatas 2.20: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.”
Em Efésios 4.22-24, ele fala sobre abandonar o velho homem e se revestir do novo. A mesma mensagem está em Romanos 6: nossa velha vida morreu, agora vivemos de forma nova, guiados pelo Espírito.
Além disso, o contraste entre o salário do pecado e o dom de Deus ecoa em textos como João 3.16, onde vemos que a vida eterna é fruto do amor e da graça de Deus.
Referências
- HERNANDES DIAS LOPES. Romanos: O Evangelho Segundo Paulo. 1. ed. São Paulo: Hagnos, 2010.
- KEENER, Craig S. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento. Tradução: José Gabriel Said. Edição Ampliada. São Paulo: Vida Nova, 2017.
- Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.

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