Todos nós podemos ter de lidar com algum tipo de crise na fé. Muitos homens e mulheres de Deus já a enfrentaram e venceram. As lições deles podem nos ajudar a superar as nossas.
Quem nunca passou pelo dia em que duvida, se sente inseguro com relação a as escrituras, ao Senhor Jesus, a vontade de Deus? Vamos estudar a vida de João Batista, homem sobre o qual Jesus afirmou, que nascido de ventre de mulher nenhum é maior do que João.
Mas, esse mesmo homem passou pelo dia da dúvida. O objetivo deste estudo é refletir e mostrar como João Batista enfrentou a crise na fé e tirarmos desse momento tão difícil lições grandiosas.
4 Conselhos para vencer a crise na fé
1. A crise na fé e a dúvida
João é aquele que anuncia a Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
O contexto descrito em Mateus 11:2,3 é o seguinte: João estava na fortaleza de Machaerus, lugar frio, escuro e silenciosa, onde ficavam os prisioneiros daqueles dias.
Quem mandou prender João foi Herodes Antipas, porque ele queria silenciar João. Pois, a pregação de João o incomodava muito, principalmente porque ele havia denunciado o adultério de Herodes com sua cunhada.
João tinha alguns discípulos e tinha permissão para receber visitas e nessas visitas ficou sabendo sobre a fama de Jesus.
Enquanto Jesus estava abalando o mundo com a sua pregação, João estava preso e as notícias que chegavam a João acerca de Jesus o deixaram em dúvida.
Por quê a dúvida surgiu?
Porque a pregação de João era fundamentada em um Messias que veio punir, trazer juízo e ira, conforme lemos em Mateus 3:7 e 10. Mas, lembre que a palavra de João era uma palavra inspirada por Deus e a sombra do Altíssimo estava sobre ele, ou seja ele era uma voz profética autêntica.
Então, Deus inspirou João anunciar Jesus anunciar a vinda do Messias como aquele que traria juízo mas, Jesus é conhecido por sua misericórdia. E isso gerou “confusão” na cabeça de João. Pois, assim como os outros judeus da época João provavelmente nutriu no seu coração a expectativa de um Messias que libertaria os judeus de uma forma terrena.
Ele queria saber se Jesus veio ou não trazer o reino de Deus para a terra. Essa era a pergunta dele: “És Tu ou nós devemos esperar outro?”
Quando eu e você tivermos dúvidas sobre Jesus, sobre a fé. Quando a crise nos cercar nós devemos buscar a resposta na fonte correta.
João estava em dúvida. Pois ele havia anunciado alguém que ia trazer juízo e era sobre os inimigos de Deus mas, tudo que ouvia acerca de Jesus é que ele é misericordioso e bom.
E o que João fez? Ele mandou perguntar a Jesus!
Quando eu e você buscamos respostas no lugar certo, as respostas vem!
O problema, muitas vezes, é que no dia da dúvida nós buscamos o conselho dos ímpios (Salmo 1), começamos a achar que a vida do ímpio tem mais futuro ou é mais vantajosa, como fez Asafe.
Mas, devemos guardar no nosso coração: no dia da dúvida busque resposta no lugar certo!
2. A resposta de Jesus
Em Mateus, 11;4 e 5 Jesus está fazendo uma alusão a duas profecias: Isaías 35:5,6 e Isaías 61:1,2.
Isaías 35:5,6 fala sobre os milagres que o Messias operaria exatamente: os ouvidos dos surdos seriam destampados, suas línguas seriam descoladas, os olhos dos cegos serão abertos.
Isaías 61: 1,2 fala sobre como espírito do Senhor seria derramado sobre o Messias de forma que a sua mensagem atrairia muitos de volta para Deus.
A cura para a crise na fé está nas escrituras. A cura para a crise de João Batista estava nas escrituras Jesus apontou para as escrituras.
O mesmo princípio pode ser aplicado naas nossas vidas. Se, hoje você está enfrentando problemas de fé e hoje você não está conseguindo crer no Senhor está com dúvida a cura para a sua dúvida está nas escrituras.
A crise na fé só será vencida se nós nos debruçarmos sobre as escrituras .
O problema é que a tentação da dúvida nos distancia exatamente das escrituras, nos dizendo que Deus não faz sentido, que a palavra não faz sentido, enfim. Mas, você não tem que duvidar, pois as escrituras estão se cumprindo.
E, então por que João duvidou? Porque João estava pressionado pelas circunstâncias da vida. Nós precisamos resistir a essa tentação.
3. Resista a tentação
O Senhor Jesus, em Mateus 11:6 encerra a resposta para João e utiliza a palavra se escadaliza que no grego “skandalizo” significa “aquele que não me repudia”, “aquele que não me odeia”, “aquele que não fala mal contra mim”, “aquele que não se levanta contra mim”, esse é bem aventurado.
Nesse versículo, Jesus está enviando a João uma mensagem de consolo: João você não precisa duvidar porque a escritura Está se Cumprindo e uma mensagem de repreensão: João, cuidado, abra o olho, fique atento.
Eu e você precisamos ter cuidado porque são muitas as tentações que querem arrancar Deus da nossa vida. Mas, eu e você resistimos a tentação da dúvida recorrendo às escrituras.
Observe tudo que está ao seu redor: a palavra de Deus está se cumprindo, a profecia está se cumprindo.
Nós somos tentados a desistir por causa dos nossos próprios comportamentos. A dúvida quer entrar exatamente por causa das nossas respostas às muitas petições do Evangelho, mas é nosso dever resistir!
4. O que Deus diz sobre nós
Em Mateus 11:10 e 11 podemos ler uma das maiores demonstrações de amor, lealdade e reconhecimento por alguém.
João, aquele que vem preparar o caminho para Jesus está com dúvida. Mas, Jesus manda a resposta para que a dúvida seja dissipada no seu coração.
Deus fala com João e depois Deus vai dar testemunho de João. Jesus protege a reputação de João. Jesus diz ele é o meu Arauto e eu vou dizer mais de nascido de mulher ninguém é maior do que ele.
João veio servir Jesus. Preparar o caminho para Jesus e ele o faz. E, no dia da dúvida ao invés de condená-lo e mandá-lo para outro lugar, Jesus envia a resposta e não apenas isso Jesus responde a João e dá testemunho sobre ele.
João era um gigante na fé mas era um ser humano. E, Deus cuida de seres humanos. Deus ama seres humanos.
O dia da crise na fé de João foi tratado pelo Senhor Jesus como um dia importante. Jesus não condenou, não repudiou. Jesus o advertiu, mas deixou claro que amava João e que tudo que ele havia feito estava gravado.
Deus tem um testemunho a seu respeito! Somente o Senhor Deus sabe o que ele pensa a seu respeito e ele comunica isso ao seu coração.
Então, no dia da crise na fé você precisa buscar a resposta no lugar correto: no Senhor Jesus, porque Ele é o único que tem a resposta correta para minha e para sua vida.
A solidão é perigosa, mas sem saber disso, muitas pessoas têm feito dela sua companhia por achar que um estilo de vida solitário é algo interessante ou que agrega valor. Elas perderam a perspectiva ou a confiança de outras pessoas por terem sido feridas, abandonadas ou por achar que o ser humano não tem jeito. Com isso, fizeram da solidão seu companheiro.
Mas não é a melhor escolha!
Deus nos fez como seres relacionáveis e a melhor versão da nossa vida só pode ser vivida dentro de um convívio social. Como está escrito em Gênesis 2.18 “não é bom que o homem esteja só”.
A Solidão é perigosa e destrutiva
Robert King viveu durante 29 anos preso na penitenciária estadual de Louisiana e isso na solitária. Por não ter enlouquecido se tornou objeto de estudo científico, isso aconteceu porque o isolamento social prolongado tem consequências neurológicas permanentes.
Em nossos dias, apesar de viver tão conectados, a solidão está se tornando uma epidemia.
Nos Estados Unidos 76% das pessoas têm solidão em um nível moderado e o número de amigos do peito caiu drasticamente, desde a década de 1980 para os americanos.
Entre 2004 e 2014 o número de divórcios cresceu 250%, solitários tem 29% mais chances de sofrer de doenças , cardíacas 32% mais risco de ter um AVC e são 200% mais propensos a desenvolver Alzheimer.
Somando todos os fatores envolvidos a pessoa que vive sozinha ou em solidão tem 50% mais chances de morrer do que uma pessoa que vive em um convívio social normal.
Deus percebeu
Isso foi visto pelo Senhor Deusquando nos criou, quando viu que Adão estava sozinho ele mesmo declarou em Gênesis 2.18: “não é bom que o homem esteja só”.
Deus não nos criou para a solidão, ele nos criou para o convívio. Ele não quer que você viva de forma isolada, abandonada se sentindo sozinho ou sem ser amado por ninguém.
O próprio Deus ama você a ponto de ter entregue a vida do seu único filho para que você pudesse ter relacionamento e comunhão profundas com ele.
Agora pense nisso qual a chance de um pai ou mãe, entregar a vida do seu filho para que outra pessoa tem a chance de viver?
Pois bem, o Senhor Deus o fez para que eu e você tivéssemos uma chance.
Ele não quer que você viva sendo dominado pelo sentimento de solidão e abandono, você não é abandonado você não foi feito por acaso. O Senhor foi intencional quando lhe criou e ele quer que você tem uma vida abundante nele.
Em Jesus, o Senhor Deus nos revela suas vontade e como diz o escritor aos Hebreus, em Jesus nós temos um novo e vivo caminho de acesso a Deus (Hebreus 10.20). Por meio da sua morte e ressurreição, Jesus nos abriu as portas para o relacionamento com o Senhor Deus de forma viva e eficaz e nisso está a nossa cura.
Ainda na criação Deus percebe que a solidão é perigosa e que Adão não seria pleno enquanto estivesse sozinho. Enquanto não tivesse alguém como ele para dividir a vida.
Querendo desistir?
Não desistados relacionamentos por causa da maldade do ser humano. Não fuja dos relacionamentos porque alguém lhe feriu. Lembre-se, você também fere pessoas!
Pare e pense.
Você também erra!
Dê a outras pessoas a oportunidade de errar com você também.
Siga o conselho do Senhor Jesus, perdoe!
Dessa forma você vai ter uma alma limpa, cheia de esperança, uma alma acessível ao Senhor Jesus que pode tocar, influenciar e até mesmo para sarar outras vidas.
Claro que eu não tenho todas as respostas para as feridas que a vida fez em sua alma. Não tenho todas as respostas para o porquê você sofreu isso ou aquilo.
Mas você tem Duas escolhas:
Ou você faz com que essas feridas te atormentem lhe mantendo preso em uma jaula;
Ou pode usar essas experiências para ajudar a curar a ferida de outros.
A solidão é perigosa, ela não é a melhor escolha. Deus criou você para se relacionar com outras pessoas para dividir a vida, as experiências e suas emoções com outros seres humanos não se prive disso.
Não acha que você vai ser mais feliz se isolando, não você não vai, o melhor de você vai se revelar quando começar a dividir a sua vida com outras pessoas.
A Bíblia Sagrada é de longe o livro mais influente e relevante da história da humanidade. De acordo com o Guines Book ( o livro dos recordes), desde o século XIX já foram distribuídas mais de 5 bilhões de cópias e traduzida para 349 idiomas.
A inspiração da Bíblia Sagrada é uma crença fundamental para muitos cristãos, que a consideram a Palavra de Deus. As provas da inspiração divina são geralmente baseadas na fé e em várias evidências observáveis. Abaixo estão algumas das principais razões que os crentes citam para defender a inspiração da Bíblia.
A unidade e a coerência da Bíblia Sagrada são aspectos notáveis que sustentam a crença na sua inspiração divina. Composta por 66 livros, a Bíblia foi escrita por aproximadamente 40 autores diferentes ao longo de um período de cerca de 1.500 anos, abrangendo uma ampla gama de estilos literários, contextos históricos e culturas. Apesar dessa diversidade, a Bíblia apresenta uma mensagem consistente e unificada sobre Deus e seu plano para a humanidade.
Veja o que está escrito em 2 Timóteo 3:16-17:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”
Essa unidade é demonstrada na forma como o Antigo e o Novo Testamento se complementam. O Antigo Testamento, que consiste em 39 livros, descreve a criação do mundo, a história do povo de Israel e sua relação com Deus, bem como as profecias sobre a vinda do Messias. O Novo Testamento, composto por 27 livros, narra a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Messias prometido, e os ensinamentos dos apóstolos sobre como viver de acordo com a fé cristã.
A unidade da Bíblia também se reflete nos temas recorrentes e na progressão narrativa presente nos livros. Um tema central é a aliança entre Deus e seu povo, que se desenvolve ao longo das Escrituras. No Antigo Testamento, Deus estabelece alianças com figuras como Abraão, Moisés e Davi. No Novo Testamento, a aliança é cumprida e expandida através do sacrifício de Jesus na cruz e da sua ressurreição.
Outro aspecto que demonstra a unidade da Bíblia é a presença de tipos e antítipos. Um tipo é uma figura, evento ou símbolo no Antigo Testamento que prefigura ou aponta para um evento ou pessoa futura, chamado antítipo. Por exemplo, a história de Jonas no ventre do grande peixe é vista como um tipo da morte e ressurreição de Jesus. Essas conexões reforçam a continuidade e a coesão da mensagem bíblica.
Além disso, a unidade da Bíblia é evidenciada pelos autores que, apesar de suas diferentes origens e contextos, compartilham uma compreensão comum de Deus e de sua revelação. Essa harmonia tem sido interpretada como um sinal da orientação divina e da inspiração do Espírito Santo ao longo do processo de escrita e compilação dos textos bíblicos.
Em suma, a unidade e a coerência da Bíblia, mesmo diante de sua diversidade de autores, estilos e contextos, são consideradas evidências de sua inspiração divina. Essa consistência tem sido um pilar fundamental na crença cristã de que a Bíblia é a Palavra de Deus e um guia para a vida espiritual e moral.
Profecias cumpridas na Bíblia Sagrada
Um dos argumentos mais poderosos a favor da inspiração divina da Bíblia é a presença de profecias específicas que, segundo os crentes, foram cumpridas ao longo da história. Essas profecias oferecem uma visão antecipada de eventos futuros, e seu cumprimento é visto como uma evidência do controle soberano de Deus sobre a história e da autenticidade das Escrituras.
Veja o que está escrito em Isaías 53:5:
“Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.”
Esta passagem, conhecida como uma das profecias messiânicas, descreve o sofrimento do “Servo Sofredor” que, segundo os cristãos, é uma referência a Jesus Cristo e sua crucificação. Acredita-se que esta profecia tenha sido cumprida na vida, morte e ressurreição de Jesus.
As profecias cumpridas na Bíblia podem ser divididas em duas categorias principais: aquelas relacionadas a Israel e ao povo judeu e aquelas relacionadas a Jesus Cristo.
As profecias relacionadas a Israel incluem a promessa de Deus a Abraão de que sua descendência se tornaria uma grande nação (Gênesis 12:2), a previsão da escravidão dos israelitas no Egito (Gênesis 15:13) e o retorno dos judeus à Terra Prometida após o exílio na Babilônia (Jeremias 29:10). Essas profecias demonstram o envolvimento contínuo de Deus na história de seu povo e seu cuidado com eles.
As profecias relacionadas a Jesus Cristo são ainda mais notáveis, pois fornecem detalhes específicos sobre sua vida, morte e ressurreição. Algumas das profecias messiânicas mais conhecidas incluem o nascimento virginal de Jesus (Isaías 7:14), seu nascimento em Belém (Miquéias 5:2), sua entrada triunfal em Jerusalém (Zacarias 9:9) e sua crucificação e ressurreição (Salmos 22 e Isaías 53).
O cumprimento dessas profecias é visto pelos crentes como uma confirmação da inspiração divina da Bíblia e da autoridade das Escrituras. Além disso, as profecias cumpridas apontam para a fidelidade de Deus em cumprir suas promessas e a veracidade de sua Palavra.
Em resumo, as profecias cumpridas na Bíblia são consideradas evidências convincentes da inspiração divina das Escrituras e do controle soberano de Deus sobre a história. Essas profecias servem como um testemunho da fidelidade de Deus e da veracidade de sua Palavra, reforçando a crença cristã na Bíblia como a revelação de Deus à humanidade.
Preservação e transmissão da Bíblia Sagrada
Outra evidência da inspiração divina da Bíblia é a sua notável preservação e transmissão ao longo dos séculos. A Bíblia tem sido copiada, traduzida e transmitida de geração em geração, apesar de perseguições, destruições e outros desafios, o que muitos crentes veem como uma indicação do cuidado e da proteção divina.
Veja o que está escrito em Mateus 24:35:
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.”
Neste versículo, Jesus enfatiza a eternidade e a indestrutibilidade de suas palavras. Essa promessa tem sido vista como uma garantia divina de que as Escrituras, que contêm as palavras de Jesus, seriam preservadas ao longo do tempo.
A preservação da Bíblia pode ser vista em várias áreas. Primeiramente, os manuscritos bíblicos são considerados pelos estudiosos como alguns dos documentos mais confiáveis da antiguidade. Apesar do tempo que se passou desde a composição dos textos originais, a quantidade e a qualidade dos manuscritos disponíveis são notáveis. O Novo Testamento, por exemplo, tem milhares de manuscritos gregos antigos, muito mais do que a maioria dos outros textos antigos. Essa riqueza de manuscritos permite aos estudiosos comparar e estabelecer um texto confiável e preciso das Escrituras.
Além disso, a Bíblia tem sido traduzida em mais idiomas do que qualquer outro livro na história. Isso demonstra não apenas a sua popularidade, mas também o esforço contínuo para tornar as Escrituras acessíveis a todos os povos, independentemente da língua ou cultura.
Outro aspecto notável da preservação da Bíblia é a sua resiliência diante da perseguição e das tentativas de supressão. A história do cristianismo está repleta de exemplos de crentes que arriscaram suas vidas para proteger, copiar e distribuir as Escrituras. Essa devoção é vista por muitos como uma prova do poder divino por trás das palavras da Bíblia e do compromisso de Deus em preservar sua Palavra para a humanidade.
Em resumo, a preservação e a transmissão da Bíblia Sagrada ao longo dos séculos são consideradas evidências da inspiração divina e da proteção de Deus sobre sua Palavra. A fidelidade com que os textos bíblicos foram copiados, traduzidos e transmitidos, bem como a sua resiliência diante da perseguição, reforçam a crença cristã na Bíblia como a revelação de Deus à humanidade.
Impacto transformador da Bíblia Sagrada
Um dos aspectos mais convincentes da inspiração divina da Bíblia é o seu impacto transformador na vida de inúmeras pessoas ao longo da história e até hoje. A Bíblia tem sido uma fonte de conforto, orientação e transformação para aqueles que a leem e aplicam seus ensinamentos em suas vidas. Muitos crentes afirmam que a leitura e a meditação nas Escrituras proporcionam uma experiência pessoal com Deus que muda suas vidas.
Veja o que está escrito em Hebreus 4:12
“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”
Neste versículo, o autor de Hebreus descreve a palavra de Deus como viva, eficaz e penetrante. A Bíblia não é apenas um livro comum; é uma ferramenta poderosa que tem a capacidade de penetrar no íntimo do ser humano e trazer à luz as intenções e pensamentos do coração. Essa capacidade transformadora é vista como uma evidência do poder divino por trás das palavras das Escrituras.
Ao longo dos séculos, a Bíblia tem inspirado grandes movimentos de reforma e renovação, tanto na igreja quanto na sociedade em geral. A Reforma Protestante, por exemplo, foi em grande parte impulsionada pela redescoberta das Escrituras e pelo reconhecimento da sua autoridade e relevância para a vida cristã. Muitos movimentos sociais e humanitários, como a abolição da escravatura e o avanço dos direitos civis, também foram influenciados pelos princípios bíblicos.
Em um nível pessoal, a Bíblia tem transformado a vida de inúmeros indivíduos ao longo da história. Há relatos de pessoas que experimentaram cura emocional, libertação de vícios e mudanças significativas em seus relacionamentos e comportamentos como resultado de sua interação com as Escrituras. Essas histórias de transformação pessoal são testemunhos poderosos do impacto da Bíblia na vida de quem a lê e aplica seus ensinamentos.
Além disso, a Bíblia tem sido uma fonte de conforto e esperança em tempos de dificuldade. Muitos crentes testemunham que, ao ler e meditar nas Escrituras, eles encontram força, paz e orientação divina para enfrentar os desafios da vida.
Em resumo, o impacto transformador da Bíblia Sagrada é uma evidência convincente de sua inspiração divina. A capacidade das Escrituras de mudar vidas, inspirar movimentos e trazer cura e conforto é vista como uma manifestação do poder divino por trás das palavras da Bíblia e do propósito de Deus em revelar sua verdade e amor à humanidade.
Testemunho interno da Bíblia Sagrada
O próprio testemunho interno da Bíblia também é considerado uma evidência da sua inspiração divina. As Escrituras afirmam repetidamente ser a Palavra de Deus, revelando a vontade e a verdade divina para a humanidade. Esse testemunho interno, que se encontra em ambos os Testamentos, é visto como um convite para os leitores levarem a sério a autoridade e a importância das Escrituras.
Veja o que está escrito em 2 Pedro 1:20-21:
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.”
Neste versículo, o apóstolo Pedro enfatiza a origem divina das profecias da Escritura, afirmando que foram escritas por homens inspirados pelo Espírito Santo. Essa passagem destaca o papel fundamental do Espírito Santo no processo de revelação e inspiração das Escrituras.
O Antigo Testamento está repleto de exemplos de profetas e autores que declaram falar em nome de Deus, usando expressões como “Assim diz o Senhor” (Exemplo: Jeremias 1:4) ou “Palavra do Senhor” (Exemplo: Isaías 38:4). Essas afirmações indicam que os autores do Antigo Testamento acreditavam estar transmitindo mensagens divinas, reveladas por Deus para o bem-estar de seu povo.
No Novo Testamento, os escritores também reivindicam autoridade divina para os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos. Em várias ocasiões, os evangelhos descrevem Jesus ensinando com autoridade (Exemplo: Mateus 7:28-29), e os apóstolos frequentemente afirmam que suas cartas são instruções dadas por Deus (Exemplo: 1 Tessalonicenses 4:15).
Além disso, os escritores do Novo Testamento frequentemente citam e interpretam passagens do Antigo Testamento como sendo cumpridas em Jesus, demonstrando a continuidade e a coerência da revelação divina nas Escrituras. Essa conexão entre o Antigo e o Novo Testamento reforça o testemunho interno da Bíblia como a Palavra de Deus.
Em resumo, o testemunho interno da Bíblia Sagrada é uma evidência importante de sua inspiração divina. As Escrituras afirmam ser a revelação de Deus à humanidade, e os autores de ambos os Testamentos acreditavam estar transmitindo mensagens divinas para o benefício de seu povo. Essa autoafirmação da Bíblia convida os leitores a reconhecer e respeitar sua autoridade e importância como a Palavra de Deus.
Conclusão
Em conclusão, a inspiração divina da Bíblia Sagrada é apoiada por várias evidências, incluindo a unidade e coerência dos textos, as profecias cumpridas, a preservação e transmissão das Escrituras, o impacto transformador na vida das pessoas e o testemunho interno da própria Bíblia. Esses argumentos oferecem uma base sólida para a crença cristã na Bíblia como a Palavra de Deus revelada à humanidade.
A importância dessas evidências reside no fato de que elas apontam para a origem divina e a autoridade das Escrituras, convidando os leitores a levar a sério seu conteúdo e aplicar seus ensinamentos em suas vidas. A Bíblia não é apenas um livro histórico ou literário; é um testemunho vivo do amor, da verdade e da graça de Deus que pode transformar vidas e orientar as pessoas em seu relacionamento com o Criador.
Como a inspiração divina da Bíblia é fundamental para a fé cristã, é importante que os crentes estejam familiarizados com essas evidências e estejam preparados para compartilhá-las com aqueles que têm dúvidas ou questionamentos sobre a autenticidade e a relevância das Escrituras. Ao fazer isso, os cristãos podem contribuir para um maior entendimento e apreciação da Bíblia como a revelação de Deus para a humanidade e uma fonte inestimável de sabedoria, conforto e orientação espiritual.
Referências:
(Manser, M. H. (2013). Guia Cristão de Leitura da Bíblia. (D. Pereira, V. Araujo, F. Machado, & A. Soares, Orgs., L. Aranha, Trad.) (1a edição, p. 12). Bangu, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus).
1 Pedro 1 é um daqueles textos que me faz lembrar que a vida cristã não se resume ao aqui e agora. Quando leio esse capítulo, percebo como Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, convida cada um de nós a olhar além das lutas, perseguições e incertezas deste mundo. Ele fala de esperança, de santidade e do amor prático entre os irmãos. Tudo isso fundamentado naquilo que Cristo já fez por nós e no que Ele ainda vai completar.
Qual é o contexto histórico e teológico de 1 Pedro 1?
A Primeira Carta de Pedro foi escrita por volta da década de 60 d.C., muito provavelmente de Roma, num período em que os cristãos começavam a enfrentar perseguições cada vez mais severas. O autor se identifica como Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, alguém que caminhou lado a lado com o Senhor, viu seus milagres e ouviu seus ensinamentos.
O público dessa carta eram cristãos dispersos nas regiões do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, todas localizadas na Ásia Menor, atual Turquia. Craig Keener destaca que esses crentes viviam como “estrangeiros”, tanto no sentido geográfico quanto espiritual. Eles eram forasteiros em culturas dominadas pelo paganismo e, por causa da fé em Jesus, sofriam discriminação social e até perseguição (KEENER, 2017).
Teologicamente, 1 Pedro tem um forte tom de encorajamento. Pedro lembra que o sofrimento não é o fim da história. Pelo contrário, ele aponta para a herança eterna que Deus preparou para os crentes. Ele fala também sobre a santidade, a necessidade de perseverar e de viver o amor genuíno dentro da comunidade cristã.
Simon Kistemaker comenta que essa carta revela uma profunda compreensão pastoral de Pedro, que não apenas exorta, mas consola e motiva seus leitores a permanecerem firmes, mesmo em meio às adversidades (KISTEMAKER, 2006).
Como o texto de 1 Pedro 1 se desenvolve?
1. A esperança que nasce da salvação (1 Pedro 1.1-5)
Pedro começa se apresentando como apóstolo e falando diretamente aos “eleitos de Deus”, que estão vivendo como peregrinos, dispersos em várias regiões.
“Escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue” (1 Pedro 1.2).
Essa introdução me lembra que a nossa fé não é obra do acaso. Somos escolhidos, santificados e chamados a obedecer, tudo isso pela graça de Deus.
Em seguida, Pedro louva a Deus:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva” (1 Pedro 1.3).
Essa esperança não é algo abstrato. Ela se baseia na ressurreição de Jesus Cristo e aponta para uma herança incorruptível, guardada nos céus.
Simon Kistemaker destaca que essa herança é descrita como algo que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o valor. Isso mostra o contraste entre as riquezas e realizações deste mundo, que são passageiras, e a promessa eterna que Deus nos oferece (KISTEMAKER, 2006).
2. O valor das provações e da fé (1 Pedro 1.6-9)
Pedro é realista. Ele sabe que, enquanto aguardamos essa herança, enfrentaremos lutas:
“Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos por todo tipo de provação” (1 Pedro 1.6).
É interessante como ele fala de alegria e tristeza ao mesmo tempo. Eu vejo aqui uma lição profunda: o cristão pode ter o coração alegre, mesmo no meio da dor, porque sabe que as provações têm um propósito.
Pedro explica esse propósito:
“Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína” (1 Pedro 1.7).
A imagem do ouro sendo purificado me faz pensar em como Deus usa as dificuldades para moldar o nosso caráter e fortalecer nossa fé.
Mesmo sem termos visto Jesus, o amamos e cremos nele. E isso gera uma alegria indizível, porque estamos alcançando o objetivo da fé: a salvação das nossas almas (1 Pedro 1.8-9).
3. As profecias e o plano de Deus (1 Pedro 1.10-12)
Pedro mostra que a salvação não é algo recente ou improvisado. Desde os tempos antigos, os profetas falaram da graça que nos seria revelada.
“Procurando saber o tempo e as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo que neles estava” (1 Pedro 1.11).
Eu acho fascinante pensar que Isaías, Davi e outros profetas escreveram sobre o Messias, muitas vezes sem entender plenamente quando ou como essas promessas se cumpririam.
Craig Keener ressalta que o Espírito de Cristo já operava no Antigo Testamento, revelando os sofrimentos e as glórias que viriam com Jesus (KEENER, 2017).
Até mesmo os anjos, segundo Pedro, desejam observar essas coisas, mostrando o quão grandiosa e misteriosa é a salvação.
4. Um chamado à santidade (1 Pedro 1.13-16)
Depois de falar sobre tudo o que Deus fez, Pedro nos chama à ação:
“Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça” (1 Pedro 1.13).
Essa expressão “mente preparada” me lembra que a vida cristã exige disciplina. Não podemos ser guiados pelas emoções ou pelos impulsos do momento.
Pedro também fala sobre santidade:
“Assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem” (1 Pedro 1.15).
Santidade aqui não é isolamento, mas um estilo de vida separado para Deus, em pensamentos, palavras e ações.
5. Viver com temor e gratidão (1 Pedro 1.17-21)
Pedro nos lembra que, embora Deus seja nosso Pai, Ele também é juiz:
“Portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês” (1 Pedro 1.17).
Esse temor não é medo, mas reverência, respeito profundo por Deus.
Ele também nos faz lembrar do preço da nossa salvação:
“Não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos […] mas pelo precioso sangue de Cristo” (1 Pedro 1.18-19).
Para mim, isso sempre é um choque de realidade. Às vezes, eu banalizo o sacrifício de Jesus, mas Pedro deixa claro: fomos comprados com o sangue do Cordeiro sem defeito.
Jesus foi escolhido antes da fundação do mundo e revelado agora, nos últimos tempos, por amor a nós.
6. O amor e a Palavra que transformam (1 Pedro 1.22-25)
Pedro conclui esse capítulo com um apelo ao amor:
“Amem-se sinceramente uns aos outros e de todo o coração” (1 Pedro 1.22).
Esse amor não nasce do esforço humano, mas do novo nascimento que Deus nos concede.
“Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente” (1 Pedro 1.23).
Pedro cita Isaías para mostrar o contraste entre a fragilidade humana e a eternidade da Palavra de Deus:
“Toda a humanidade é como a relva […] mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pedro 1.24-25).
Isso me lembra de colocar minha confiança naquilo que é eterno, não nas aparências ou realizações passageiras deste mundo.
Que conexões proféticas encontramos em 1 Pedro 1?
O capítulo todo aponta para o cumprimento das profecias do Antigo Testamento em Cristo. Pedro mostra que:
Os sofrimentos e glórias do Messias foram anunciados pelos profetas, como vemos em Isaías 53.
A figura do Cordeiro sem defeito remete à Páscoa judaica e a Cristo como o Cordeiro de Deus (Êxodo 12, João 1.29).
A expressão “últimos tempos” se refere ao período inaugurado pela primeira vinda de Jesus, que caminha para sua consumação final.
Craig Keener explica que o Novo Testamento frequentemente interpreta o Antigo à luz de Cristo, mostrando a continuidade do plano de Deus ao longo da história (KEENER, 2017).
O que 1 Pedro 1 me ensina para a vida hoje?
Esse capítulo me ensina que:
Minha identidade está em Cristo, não nas circunstâncias ou no lugar onde moro.
Mesmo em meio às provações, posso ter alegria, porque minha herança está garantida nos céus.
As dificuldades não são castigos, mas oportunidades para minha fé ser fortalecida.
Preciso viver de forma santa e disciplinada, refletindo o caráter de Deus.
O sacrifício de Jesus é a base da minha redenção; nunca posso esquecer o preço que Ele pagou.
Sou chamado a amar os irmãos de forma sincera e profunda, não superficialmente.
A Palavra de Deus é eterna e confiável, muito mais do que qualquer conquista ou glória deste mundo.
Quando eu leio 1 Pedro 1, sou lembrado que minha vida aqui é passageira, mas o que Deus fez por mim é eterno. Isso me motiva a viver com gratidão, temor e esperança.
Mateus 28 encerra o Evangelho com uma mensagem de triunfo e esperança. Neste capítulo, a ressurreição de Jesus e a grande comissão aos discípulos confirmam que Ele é o Messias prometido e que Sua missão continua viva através da Igreja. Ao analisar esse texto, fica evidente que não se trata apenas de um encerramento histórico, mas de um convite atual à fé e à obediência.
Qual o contexto histórico e teológico de Mateus 28?
Mateus escreveu seu Evangelho por volta dos anos 60-70 d.C., provavelmente em Antioquia da Síria, para uma comunidade majoritariamente judaica. Por isso, seu foco está em mostrar que Jesus é o cumprimento das promessas feitas a Abraão, Davi e aos profetas, como vimos desde o início do livro (Mateus 1).
O capítulo 28 acontece após a crucificação e o sepultamento de Jesus. Para os judeus da época, o sábado já havia terminado e o novo dia, o primeiro da semana, se iniciava. Era domingo de manhã, o dia que, como lembra R. C. Sproul, “se tornaria, para a igreja cristã, um novo marco semanal de adoração, por causa da ressurreição” (SPROUL, 2017, p. 737).
Além disso, Mateus destaca a tensão política e religiosa do período. As autoridades judaicas estavam determinadas a impedir a propagação da mensagem da ressurreição, chegando a subornar os guardas para inventarem uma versão alternativa dos fatos (Mt 28.11–15).
Teologicamente, o capítulo revela o ponto culminante da obra de Cristo: sua vitória sobre a morte e a inauguração da missão global da Igreja. Como resume Hendriksen, “Mateus encerra seu Evangelho mostrando o Cristo triunfante, investido de toda autoridade, enviando seus discípulos ao mundo e prometendo Sua presença constante” (HENDRIKSEN, 2010, p. 602).
Como as mulheres descobriram o túmulo vazio? (Mateus 28.1–10)
O relato começa com Maria Madalena e “a outra Maria” indo ao túmulo ao amanhecer do domingo. Elas não esperavam a ressurreição, mas queriam demonstrar respeito ao corpo de Jesus, conforme também aparece em Marcos 16.
De repente, houve um grande terremoto e um anjo desceu do céu, removendo a pedra do túmulo e sentando-se sobre ela. A descrição do anjo é impressionante: “Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve” (Mt 28.3). O terremoto aqui, como destaca Hendriksen, “é um sinal de que Deus está intervindo diretamente na história humana” (HENDRIKSEN, 2010, p. 589).
Os guardas tremeram de medo e ficaram como mortos, mas o anjo tranquilizou as mulheres: “Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito” (Mt 28.5-6).
O anjo ainda as convida a ver o túmulo vazio e ordena que anunciem a ressurreição aos discípulos. Enquanto elas vão, o próprio Jesus aparece, cumprimentando-as e reafirmando a mensagem: “Não tenham medo. Vão dizer a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá eles me verão” (Mt 28.10).
O texto destaca que as mulheres foram as primeiras testemunhas da ressurreição. Um detalhe significativo, pois, naquela cultura, o testemunho feminino era desprezado. Deus, mais uma vez, confunde as expectativas humanas e exalta os humildes.
O que aconteceu com os guardas? (Mateus 28.11–15)
Enquanto as mulheres levavam a mensagem aos discípulos, alguns guardas se dirigiram aos líderes religiosos e contaram tudo o que haviam presenciado.
O Sinédrio, temendo a repercussão dos fatos, elabora um plano: suborna os soldados para que digam que os discípulos roubaram o corpo enquanto eles dormiam. Como observa Sproul, “essa versão era tão ilógica que se tornava insustentável, mas os líderes estavam dispostos a tudo para abafar a verdade” (SPROUL, 2017, p. 744).
A mentira, no entanto, se espalhou entre os judeus e continuava circulando nos dias de Mateus. A oposição à ressurreição não era apenas uma questão religiosa, mas um embate de poder e influência social.
O que Jesus ordenou aos discípulos? (Mateus 28.16–20)
Os onze discípulos obedeceram à instrução e foram para a Galileia, para o monte indicado por Jesus. Quando o viram, o adoraram, embora alguns ainda hesitassem (Mt 28.17). Essa hesitação reflete o impacto e a incredulidade humanas diante de algo tão extraordinário.
Jesus então proclama a Grande Comissão: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações” (Mt 28.18–19).
Essa autoridade é fruto da obra redentora de Cristo. Ele, o Ressuscitado, possui domínio absoluto sobre todas as esferas: espiritual, natural e histórica. O comando “vão e façam discípulos” revela que o Evangelho não é para ser guardado, mas proclamado em todo o mundo.
Jesus estabelece três ações essenciais:
Ir às nações;
Fazer discípulos;
Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O batismo, como aponta Hendriksen, “não é um ritual vazio, mas um sinal da inserção do crente na comunhão com o Deus Trino” (HENDRIKSEN, 2010, p. 603).
Por fim, Cristo promete Sua presença constante: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28.20). Essa é a garantia que sustenta a missão da Igreja.
Como Mateus 28 cumpre as profecias?
Desde o início, Mateus se dedica a mostrar o cumprimento das Escrituras em Jesus. Aqui, o ápice dessa confirmação acontece.
A ressurreição cumpre o que o próprio Jesus predissera, como em Mateus 16.21 e Mateus 20.19. Além disso, conecta-se diretamente às profecias messiânicas, como o Salmo 16.10: “não permitirás que o teu Santo sofra decomposição”.
A autoridade de Jesus ecoa a visão de Daniel 7.13–14, onde o Filho do Homem recebe domínio eterno. A missão às nações cumpre a promessa feita a Abraão, de que todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio dele (Gênesis 12).
Portanto, Mateus 28 não apenas relata eventos; ele sela a certeza de que Jesus é o Messias, o Rei e Salvador prometido.
Que lições espirituais e aplicações práticas Mateus 28 traz?
Ao ler este capítulo, meu coração se enche de esperança e desafio.
Primeiro, lembro-me de que a ressurreição de Jesus transforma a morte em esperança. Como afirmou Sproul, “nenhum outro líder religioso ressuscitou; apenas Cristo venceu a morte” (SPROUL, 2017, p. 738).
Segundo, vejo que Deus usa os improváveis. As mulheres foram as primeiras a testemunhar o túmulo vazio. Isso me ensina que Deus não age segundo os critérios humanos de status ou poder.
Terceiro, a mentira dos líderes religiosos me lembra que a verdade do Evangelho sempre enfrentará oposição. Até hoje, muitos tentam negar ou distorcer a ressurreição. Mas, como diz o apóstolo Paulo, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé” (1 Coríntios 15).
Quarto, a Grande Comissão é um chamado para mim. Fazer discípulos começa no meu lar, na minha vizinhança e se estende ao mundo. Não é tarefa opcional, mas missão central da Igreja.
Por fim, a promessa da presença de Jesus consola meu coração. Em meio às lutas, incertezas e fraquezas, sei que Ele está comigo, dia após dia, até o fim dos tempos.
Conclusão
Mateus 28 sela o Evangelho com vitória, esperança e responsabilidade. A ressurreição não é um evento isolado do passado, mas a base da nossa fé e missão no presente. Cristo ressuscitou, reina com autoridade e nos envia ao mundo com a certeza de Sua presença constante.
Assim como o Evangelho começou com o anúncio de que Ele é “Emanuel – Deus conosco” (Mt 1.23), ele termina com a garantia de que Ele permanece conosco até o fim.
Ao refletir sobre este capítulo, reconheço: minha vida precisa ser marcada por fé na ressurreição, coragem para testemunhar e alegria por saber que o Cristo vivo caminha ao meu lado.
Referências
HENDRIKSEN, William. Mateus. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. 1. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
Mateus 27 narra o ápice da rejeição e sofrimento de Jesus. Estamos na reta final do ministério terreno de Cristo, na véspera da crucificação. O cenário é politicamente tenso: a Judeia vivia sob domínio romano e os líderes religiosos judeus não possuíam autoridade para aplicar a pena de morte, por isso precisavam envolver Pilatos no processo.
Mateus, ao registrar esses fatos, não apenas apresenta um relato histórico. Ele deseja mostrar que tudo o que está acontecendo é cumprimento das Escrituras e parte do plano soberano de Deus.
Segundo R. C. Sproul, “Mateus escreve de maneira a destacar que, mesmo diante do ódio, da injustiça e da traição, Deus continua absolutamente no controle, conduzindo a história para a cruz e a ressurreição” (SPROUL, 2010, p. 709).
Além disso, o capítulo deixa evidente a cegueira espiritual dos líderes judeus e a covardia política de Pilatos. Em contraste, Jesus se mantém firme, silencioso e consciente de que está cumprindo sua missão como Cordeiro de Deus.
Logo pela manhã, os líderes judeus decidem levar Jesus a Pilatos (v. 1–2). Eles já haviam condenado Jesus por blasfêmia, mas precisam agora acusá-lo de algo que justifique a pena de morte perante os romanos.
Enquanto isso, Judas, tomado de remorso, tenta desfazer o que fez (v. 3–4). Ele reconhece: “Pequei, pois traí sangue inocente”, mas não busca arrependimento genuíno diante de Deus. Como explica Hendriksen, “Judas teve remorso, mas não se lançou à misericórdia divina como fez Pedro após negar o Senhor” (HENDRIKSEN, 2001, p. 938).
Desesperado, ele devolve as moedas e se enforca (v. 5). Os líderes religiosos, em contradição, afirmam que o dinheiro é “preço de sangue” e compram com ele o Campo do Oleiro, chamado de Campo de Sangue (v. 6–8).
Mateus vê neste episódio o cumprimento da profecia (v. 9–10), combinando elementos de Jeremias 32.6–9 e Zacarias 11.12–13. Isso revela que até mesmo a traição e o fim trágico de Judas fazem parte do plano divino.
Jesus diante de Pilatos (Mateus 27.11–26)
Jesus é interrogado por Pilatos. A pergunta central: “Você é o rei dos judeus?” (v. 11). Jesus responde: “Tu o dizes”, deixando claro que Ele é rei, mas não segundo as categorias humanas.
Diante das acusações, Jesus permanece em silêncio (v. 12–14). Sproul destaca que esse silêncio cumpre Isaías 53.7: “Ele foi oprimido e afligido, e contudo não abriu a boca” (SPROUL, 2010, p. 713).
Pilatos, percebendo que os líderes religiosos estão motivados por inveja (v. 18), tenta libertar Jesus usando o costume da Páscoa. Oferece ao povo a escolha entre Jesus e Barrabás, um criminoso perigoso (v. 15–17).
Mesmo com o aviso da esposa de Pilatos sobre o caráter justo de Jesus (v. 19), os líderes manipulam a multidão. Esta escolhe Barrabás e exige a crucificação de Jesus (v. 20–23).
Pilatos, temendo tumultos, lava as mãos em um gesto simbólico de isenção (v. 24). Mas a multidão assume a responsabilidade: “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos” (v. 25). Tragicamente, como veremos em Mateus 24, essa declaração ecoaria na destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.
A zombaria e a crucificação (Mateus 27.27–44)
Jesus é entregue aos soldados romanos, que o humilham publicamente. Vestem-no com um manto vermelho, colocam uma coroa de espinhos e zombam: “Salve, rei dos judeus!” (v. 27–29).
Ele é espancado e levado para ser crucificado (v. 30–31). Simão Cireneu é forçado a carregar a cruz (v. 32), o que aponta para o sofrimento extremo de Jesus.
No Gólgota, dão a Jesus vinho misturado com fel, mas Ele recusa (v. 33–34). Crucificado, suas vestes são repartidas por sorteio, cumprindo o Salmo 22.18.
Acima de sua cabeça, uma placa anuncia: “Este é Jesus, o rei dos judeus” (v. 37). Hendriksen observa que, ironicamente, os próprios romanos proclamaram a verdadeira identidade de Cristo, mesmo sem entender (HENDRIKSEN, 2001, p. 944).
Enquanto Jesus sofre, é insultado por transeuntes, líderes religiosos e até pelos criminosos crucificados ao seu lado (v. 38–44). Todos exigem um sinal: “Desça da cruz”, mas é justamente ao permanecer nela que Jesus cumpre sua missão.
A morte de Jesus e os sinais sobrenaturais (Mateus 27.45–56)
Das 12h às 15h, trevas cobrem a terra (v. 45). Sproul explica que esse fenômeno aponta para o juízo divino e simboliza o abandono do Filho (SPROUL, 2010, p. 726).
Às 15h, Jesus clama: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (v. 46). Essa citação do Salmo 22.1 revela o peso do pecado e o real abandono, ainda que momentâneo, por parte do Pai.
Jesus entrega o espírito (v. 50). Nesse instante, ocorrem sinais extraordinários:
O véu do templo se rasga de alto a baixo (v. 51), simbolizando o acesso direto a Deus por meio do sacrifício de Cristo, como também vemos em Hebreus 10.19–20.
A terra treme, rochas se partem (v. 51).
Túmulos se abrem e mortos ressuscitam, testemunhando o poder sobre a morte (v. 52–53).
O centurião romano, impressionado, reconhece: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus!” (v. 54). Mais uma vez, um pagão confessa a identidade de Jesus, enquanto os líderes judeus o rejeitam.
Mulheres fiéis, como Maria Madalena e outras, acompanham tudo de longe (v. 55–56).
O sepultamento de Jesus (Mateus 27.57–61)
José de Arimateia, discípulo de Jesus e homem rico, pede o corpo de Cristo (v. 57–58). Ele o sepulta em um túmulo novo, escavado na rocha, cumprindo a profecia de Isaías 53.9.
Maria Madalena e “a outra Maria” observam o sepultamento (v. 61). Elas serão testemunhas importantes da ressurreição, como veremos em Mateus 28.
Quais profecias se cumprem em Mateus 27?
O capítulo está repleto de cumprimentos proféticos:
A traição de Judas e as 30 moedas (v. 9–10) remetem a Zacarias 11.12–13 e Jeremias 32.6–9.
O silêncio de Jesus diante das acusações ecoa Isaías 53.7.
A zombaria com a coroa de espinhos e o manto faz referência à humilhação do Servo Sofredor de Isaías 53.
O sorteio das vestes cumpre o Salmo 22.18.
O abandono de Jesus na cruz cita o Salmo 22.1.
O véu rasgado aponta para a inauguração de um novo caminho até Deus, anunciado em Jeremias 31.31–34 e detalhado no Novo Testamento.
Esses detalhes mostram que a crucificação não foi acidente. Ela estava prevista e faz parte do plano redentor de Deus.
O que Mateus 27 me ensina para a vida hoje?
Ao ler este capítulo, meu coração se constrange. Vejo a gravidade do pecado, que levou o Filho de Deus à cruz. Mas também enxergo o amor profundo de Deus, que entregou Jesus para nos salvar.
Aprendo que o remorso, como o de Judas, sem arrependimento verdadeiro, só gera destruição. Mas o arrependimento, como o de Pedro, traz restauração.
Entendo que, muitas vezes, Deus age de maneira silenciosa, sem manifestações grandiosas, como no silêncio de Jesus diante de Pilatos. Mesmo assim, Ele segue no controle.
A humilhação de Jesus me ensina sobre o custo da salvação. O véu rasgado me lembra que tenho livre acesso ao Pai. E o sepultamento em um túmulo novo reforça que o final não é a morte, mas a ressurreição, esperança garantida aos que creem.
Posso olhar para minha vida e confiar que, mesmo em meio a sofrimento e injustiça, Deus está cumprindo o que prometeu. Assim como Ele conduziu cada detalhe da crucificação, Ele conduz minha história até a glória final, como vemos em Apocalipse 21.
Referências
HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
O capítulo 26 de Mateus marca o início da reta final do ministério terreno de Jesus. Estamos às vésperas de sua prisão, julgamento e crucificação. Todo o Evangelho até aqui preparou o leitor para este momento. Como lembra R. C. Sproul, “Mateus organiza sua narrativa com o propósito de conduzir o leitor ao clímax inevitável: a morte e ressurreição do Messias” (SPROUL, 2010, p. 665).
O ambiente histórico é o de Jerusalém durante a Páscoa, a mais importante festa judaica. A cidade estava cheia de peregrinos vindos de todas as partes, o que aumentava a tensão política e religiosa. A liderança judaica já havia decidido matar Jesus, mas precisava encontrar o momento certo para isso, como se vê em Mateus 26.4–5.
Do ponto de vista teológico, este capítulo revela a soberania de Deus em meio à maldade humana. Nada do que acontece escapa ao plano divino. Como destaca William Hendriksen, “Mesmo nas tramas dos líderes e na traição de Judas, percebemos o cumprimento exato das Escrituras e o avanço do plano redentor de Deus” (HENDRIKSEN, 2001, p. 935).
Jesus não é vítima do acaso. Ele caminha voluntariamente para a cruz, consciente de sua missão como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29).
O capítulo começa com uma declaração direta de Jesus: “Estamos a dois dias da Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado” (v. 2). Mais uma vez, Ele antecipa sua morte, deixando claro que tudo ocorre no tempo de Deus, não dos homens.
A conspiração dos líderes (Mateus 26.3–5)
Os principais sacerdotes e anciãos se reúnem no palácio de Caifás para planejar a prisão e morte de Jesus. Eles querem agir de forma discreta, longe da multidão, mas como veremos, seus planos serão frustrados pela soberania de Deus.
A unção em Betânia (Mateus 26.6–13)
Jesus está na casa de Simão, o leproso. Uma mulher, identificada em João 12 como Maria, unge a cabeça de Jesus com um perfume muito caro.
Os discípulos se indignam com o aparente desperdício, mas Jesus defende a atitude da mulher. Ele a interpreta como um ato de preparação para seu sepultamento, dizendo: “Onde quer que este evangelho for anunciado, também o que ela fez será contado” (v. 13).
Hendriksen observa que “esse gesto humilde e amoroso contrasta diretamente com a frieza dos líderes e com a traição de Judas” (HENDRIKSEN, 2001, p. 942).
A traição de Judas (Mateus 26.14–16)
Em choque com o gesto de Maria, Judas Iscariotes busca os líderes religiosos e negocia a entrega de Jesus por trinta moedas de prata. É impressionante notar o valor irrisório atribuído ao Filho de Deus — o preço de um escravo (cf. Êxodo 21.32).
Como bem destaca Sproul, “Judas não foi uma peça passiva; ele agiu livremente, mas, ao mesmo tempo, cumpria o plano soberano de Deus” (SPROUL, 2010, p. 677).
A preparação para a Páscoa (Mateus 26.17–19)
Os discípulos questionam onde prepararão a Páscoa. Jesus dá instruções específicas, revelando mais uma vez sua soberania sobre os acontecimentos. Ele controla cada detalhe, desde o local até o momento em que a refeição será celebrada.
A ceia e o anúncio da traição (Mateus 26.20–25)
Durante a ceia, Jesus revela que será traído por um dos presentes. Cada discípulo se entristece e pergunta: “Com certeza não sou eu, Senhor?”. Judas, por sua vez, finge inocência. Jesus confirma: “Sim, é você”.
Essa cena revela não apenas a hipocrisia de Judas, mas a fragilidade de todos os discípulos. Todos eles seriam abalados naquela noite.
A instituição da Ceia do Senhor (Mateus 26.26–29)
Jesus transforma a ceia pascal em um memorial da nova aliança. O pão representa seu corpo entregue. O cálice, seu sangue derramado para perdão de pecados.
Sproul explica que “neste ato, Jesus aponta para a cruz e inaugura um novo momento na história da redenção — a era da nova aliança” (SPROUL, 2010, p. 687).
A predição do abandono e da negação (Mateus 26.30–35)
Jesus avisa que todos o abandonarão naquela noite. Pedro, impulsivo, garante lealdade, mas Jesus lhe anuncia que antes do amanhecer o negará três vezes. Todos os discípulos fazem promessas semelhantes, revelando sua fragilidade diante da crise.
A agonia no Getsêmani (Mateus 26.36–46)
Jesus leva os discípulos ao jardim do Getsêmani. Lá, Ele revela o peso de sua angústia, orando três vezes ao Pai para que, se possível, o cálice da ira fosse afastado. Mesmo assim, Ele se submete plenamente: “Não seja como eu quero, mas como tu queres” (v. 39).
O sono dos discípulos contrasta com a vigilância de Jesus. A expressão “o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (v. 41) expõe nossa tendência ao fracasso espiritual sem o auxílio de Deus.
A prisão de Jesus (Mateus 26.47–56)
Judas chega com uma multidão armada. O beijo da traição identifica Jesus. Pedro tenta reagir com a espada, mas Jesus o repreende, lembrando que tudo deve ocorrer conforme as Escrituras.
A frase de Jesus é contundente: “Todos os que empunham a espada, pela espada morrerão” (v. 52). Ele demonstra poder ao dizer que poderia invocar legiões de anjos, mas escolhe o caminho da submissão.
Os discípulos, tomados de medo, fogem, cumprindo a profecia de Zacarias 13.7: “Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas”.
O julgamento religioso (Mateus 26.57–67)
Jesus é levado à casa de Caifás, onde o Sinédrio se reúne. Testemunhas falsas são apresentadas, mas não conseguem construir uma acusação sólida. Por fim, o sumo sacerdote exige que Jesus declare se é o Cristo.
Jesus responde de maneira firme: “Tu mesmo o disseste. Mas eu digo a todos vós: chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (v. 64).
Essa resposta ecoa as profecias de Daniel 7.13–14 e do Salmo 110, afirmando sua divindade e autoridade messiânica.
Diante disso, o sumo sacerdote o acusa de blasfêmia. O veredito de morte é dado, e Jesus começa a ser humilhado e agredido.
Como Mateus 26 cumpre as profecias?
Diversas profecias se cumprem neste capítulo:
A traição por trinta moedas cumpre Zacarias 11.12–13.
O abandono dos discípulos cumpre Zacarias 13.7.
A instituição da nova aliança cumpre Jeremias 31.31–34.
A figura do Messias sofredor remete a Isaías 53.
A afirmação sobre o Filho do Homem vindo sobre as nuvens cumpre Daniel 7.13–14.
Hendriksen observa que “Mateus é intencional em mostrar que nada do que acontece com Jesus foge ao controle ou às promessas de Deus” (HENDRIKSEN, 2001, p. 951).
Quais lições espirituais e aplicações práticas encontramos aqui?
Ao ler Mateus 26, sou profundamente confrontado com a realidade da fraqueza humana e da fidelidade de Deus.
A soberania de Deus: Nada acontece fora do plano do Pai. Nem a traição, nem o abandono, nem o sofrimento. Isso traz consolo para os dias difíceis da nossa caminhada.
A fragilidade dos discípulos: Como eles, também falhamos, mesmo desejando seguir Jesus. Isso nos lembra que nossa segurança está em Cristo, não em nossa força.
O exemplo de submissão de Jesus: No Getsêmani, Ele nos ensina a entregar nossa vontade ao Pai, mesmo em meio à dor e incerteza.
A seriedade da Ceia do Senhor: Ela não é um ritual vazio, mas o memorial da nova aliança e do sacrifício que nos salvou. Cada vez que participamos, lembramos do preço pago por nossa redenção (1 Coríntios 11.23–26).
O desafio do discipulado: Seguir Jesus envolve risco, coragem e disposição para, como Ele, enfrentar injustiças e humilhações.
Mateus 26 me mostra que o Evangelho não é sobre evitar o sofrimento, mas sobre enfrentá-lo com confiança no Deus soberano que transforma até mesmo a traição em instrumento de salvação.
Referências
HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
Mateus 25 faz parte do que conhecemos como sermão profético ou discurso escatológico de Jesus, iniciado no capítulo 24. Este é o último grande discurso de Cristo registrado por Mateus, e trata dos acontecimentos finais: sua segunda vinda e o juízo final.
O cenário histórico é a última semana de Jesus em Jerusalém. Ele já entrou na cidade de maneira triunfal e está prestes a ser entregue e crucificado. Mesmo assim, Ele reserva um tempo para ensinar aos discípulos sobre o futuro e sobre a necessidade de vigilância, preparo e fidelidade enquanto aguardam seu retorno.
William Hendriksen explica que, no capítulo 25, Jesus usa três parábolas e uma descrição do juízo final para destacar as responsabilidades do povo de Deus enquanto o Senhor ainda não retornou (HENDRIKSEN, 2010, p. 449). Já não se trata apenas de informações para os curiosos sobre o futuro, mas de um chamado prático à preparação espiritual.
Jesus se dirige especialmente aos seus seguidores, usando imagens familiares do contexto judaico, como casamentos, mordomia e atividades pastorais. O pano de fundo teológico remete à expectativa messiânica e ao ensino constante da responsabilidade individual diante de Deus.
Como destaca R. C. Sproul, este capítulo nos lembra que “nem todos os que professam ser cristãos estarão preparados para o retorno de Cristo” (SPROUL, 2017, p. 649).
Por que precisamos estar preparados? (Mateus 25.1–13)
A primeira parábola fala de dez virgens que esperavam o noivo. Segundo o costume da época, era comum que as amigas da noiva aguardassem a chegada do noivo para acompanhá-lo em uma procissão até o local do banquete.
Jesus disse: “O Reino dos céus, pois, será semelhante a dez virgens que pegaram suas candeias e saíram para encontrar-se com o noivo” (Mateus 25.1).
Metade delas foi imprudente e não levou óleo suficiente para as lâmpadas. Quando o noivo demorou, todas adormeceram. À meia-noite, o anúncio de que o noivo chegava despertou as virgens. As prudentes estavam preparadas; as insensatas, não.
As prudentes entraram com o noivo para o banquete e a porta foi fechada. Quando as insensatas chegaram, ouviram do noivo: “A verdade é que não as conheço” (Mateus 25.12).
A lição final de Jesus é clara: “Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o dia nem a hora” (Mateus 25.13).
Como Sproul observa, essa parábola mostra que a mera profissão de fé não basta. É necessário estar espiritualmente preparado, o que só é possível por meio da genuína presença do Espírito Santo em nós (SPROUL, 2017, p. 651).
Essa advertência ecoa o alerta de Mateus 7, onde muitos dirão “Senhor, Senhor”, mas ouvirão: “Nunca vos conheci”.
O que significa ser um servo fiel? (Mateus 25.14–30)
Na sequência, Jesus conta a parábola dos talentos. Um homem confia seus bens a três servos antes de partir: cinco talentos ao primeiro, dois ao segundo e um ao terceiro, conforme a capacidade de cada um.
O primeiro e o segundo servos aplicam os talentos e dobram o valor recebido. Já o terceiro esconde o talento por medo e não produz nada.
Quando o senhor retorna, elogia os dois primeiros como “servo bom e fiel” e os recompensa. Mas ao terceiro, chama de “servo mau e negligente”, e ordena que ele seja lançado “nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 25.30).
O ensino é direto: o Senhor espera que usemos os dons e oportunidades que Ele nos dá para servi-lo e beneficiar o próximo. Hendriksen destaca que “a essência da parábola é esta: cada um deve ser fiel no uso das oportunidades de serviço que o Senhor lhe deu” (HENDRIKSEN, 2010, p. 461).
A aplicação é prática. Deus não exige o mesmo de todos, mas requer fidelidade proporcional às capacidades e recursos recebidos. Negligência e preguiça espirituais são pecados graves, com consequências eternas.
Como será o juízo final? (Mateus 25.31–46)
Por fim, Jesus descreve o juízo final com uma cena solene: o Filho do homem, em glória, assentado em seu trono, separando as nações como o pastor separa ovelhas dos bodes.
As ovelhas, à sua direita, ouvem o convite: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mateus 25.34).
Elas são elogiadas pelas obras de amor praticadas: alimentar os famintos, vestir os necessitados, acolher os estrangeiros, visitar os doentes e presos.
Surpresas, as ovelhas perguntam quando fizeram isso ao Senhor. Jesus responde: “O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25.40).
Já os bodes, à esquerda, são condenados ao fogo eterno, por negligenciarem as mesmas obras.
Essa cena revela que as obras não são a causa da salvação, mas a evidência prática dela. Como Sproul afirma, “as boas obras são o fruto inevitável da verdadeira fé salvadora” (SPROUL, 2017, p. 662).
Jesus não julgará apenas com base nas palavras, mas nas ações que comprovam a autenticidade da fé, assim como vemos em Tiago 2.
Como Mateus 25 se conecta com o restante do Novo Testamento?
As três seções de Mateus 25 possuem paralelos claros em outras partes das Escrituras.
A vigilância exigida na parábola das dez virgens está em harmonia com o ensino de Paulo em 1 Tessalonicenses 5, onde ele diz: “Portanto, não durmamos como os demais, mas estejamos atentos e sejamos sóbrios” (v. 6).
A mordomia dos talentos ecoa em textos como 1 Coríntios 4.1–2, que afirma: “O que se requer desses encarregados é que sejam fiéis”.
O juízo final descrito por Jesus antecipa o que João registra em Apocalipse 20, onde todos são julgados segundo suas obras e os que não estão inscritos no Livro da Vida são condenados.
Além disso, a separação entre ovelhas e bodes aponta para o cumprimento final da esperança messiânica, quando Cristo, o Rei, reinará sobre seu povo, conforme a promessa de Apocalipse 21.
O que Mateus 25 me ensina para a vida hoje?
Este capítulo me confronta profundamente. Primeiro, sou chamado a examinar meu coração e minha vida. Não basta frequentar a igreja ou professar fé em Jesus. Preciso estar preparado espiritualmente, com uma fé verdadeira, viva e sustentada pelo Espírito Santo.
Como nas virgens prudentes, devo cultivar intimidade com Deus, vigilância constante e vida cheia do Espírito.
Depois, sou desafiado a usar bem os dons, recursos e oportunidades que Deus me confiou. Não posso enterrar meu talento. Seja pouco ou muito, minha responsabilidade é produzir frutos para o Reino, com dedicação, criatividade e fidelidade.
Por fim, Mateus 25 me lembra do juízo final. Haverá um dia em que todos compareceremos diante do Rei. Nossas obras revelarão quem realmente somos. E isso inclui o cuidado com os necessitados, o amor prático ao próximo, a hospitalidade e a generosidade.
Jesus não está apenas nos ensinando sobre o futuro. Ele está nos mostrando como viver no presente. Viver preparado, produtivo e com amor genuíno ao próximo é o caminho para ouvir dEle: “Muito bem, servo bom e fiel”.
Como em Apocalipse 22, o Espírito e a noiva dizem: “Vem!”. E eu quero estar pronto quando o Noivo finalmente chegar.
Referências
HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
Mateus 24 faz parte do chamado Sermão Profético ou Discurso do Monte das Oliveiras. Ele ocorre poucos dias antes da crucificação de Jesus. Após deixar o templo de Jerusalém, Jesus anuncia sua completa destruição, o que provoca perguntas dos discípulos sobre o fim dos tempos e a sua vinda.
Para o leitor moderno, é importante lembrar o peso que o templo tinha para os judeus do primeiro século. Era o símbolo da fé judaica e da presença de Deus. Após o exílio babilônico e a reconstrução do templo por Zorobabel, Herodes, o Grande, empreendeu uma reforma gigantesca que transformou o templo em um dos edifícios mais impressionantes do mundo antigo.
Jesus, ao profetizar que “não ficará aqui pedra sobre pedra” (Mateus 24.2), abalou profundamente a mente dos discípulos. Eles associavam a destruição do templo ao juízo final. Por isso, as perguntas no versículo 3 refletem essa confusão: “Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos?”
R. C. Sproul explica que o sermão de Jesus carrega tanto um cumprimento próximo, relacionado à destruição de Jerusalém em 70 d.C., quanto elementos escatológicos que apontam para o futuro retorno de Cristo (SPROUL, 2010, p. 611).
William Hendriksen também enfatiza que Mateus 24 não deve ser lido de forma simplista ou linear. Há sobreposição de profecias, com linguagem simbólica e literal entrelaçadas (HENDRIKSEN, 2001, p. 856).
Como podemos analisar o texto de Mateus 24 por seções?
A destruição do templo e o início da conversa (Mateus 24.1–3)
Os discípulos, admirados com o templo, recebem de Jesus a chocante revelação: “não ficará aqui pedra sobre pedra” (v. 2). A destruição literal do templo, que ocorreria em 70 d.C. pelas mãos dos romanos, foi o cumprimento desta palavra.
Na sequência, no Monte das Oliveiras, os discípulos fazem três perguntas: quando isso acontecerá, qual o sinal da vinda de Cristo e qual o sinal do fim dos tempos. Essa fusão de eventos no pensamento dos discípulos é essencial para entender o discurso.
Os sinais do princípio das dores (Mateus 24.4–14)
Jesus alerta sobre falsos cristos, guerras, fomes, terremotos e perseguições. Todos esses eventos fazem parte do que Ele chama de “princípio das dores” (v. 8), uma alusão às contrações iniciais antes do parto.
Na época entre a ascensão de Jesus e a destruição de Jerusalém, todos esses sinais de fato aconteceram. Houve conflitos, fome e terremotos registrados na história daquele período.
Além disso, Jesus fala da traição e do esfriamento do amor (v. 10–12) e também da pregação do Evangelho a todas as nações antes do fim (v. 14). O apóstolo Paulo, em Colossenses 1.6, afirma que o Evangelho já havia se espalhado “em todo o mundo” dentro daquela geração.
O sacrilégio terrível e a grande tribulação (Mateus 24.15–28)
Jesus menciona o “sacrilégio terrível” (v. 15), fazendo referência a Daniel. Historicamente, entende-se que isso se cumpriu quando os romanos, com seus estandartes e ídolos, profanaram o templo em 70 d.C.
A grande tribulação, descrita como sem precedentes, foi uma realidade brutal durante o cerco de Jerusalém, conforme relatado pelo historiador Josefo.
Jesus orienta fuga imediata (v. 16–20), mostrando que, para os discípulos da época, esses eventos eram concretos e literais.
A vinda do Filho do Homem (Mateus 24.29–31)
Aqui, Jesus usa linguagem apocalíptica comum no Antigo Testamento, como em Isaías 13. Ele fala do escurecimento do sol, da queda das estrelas e do abalo dos céus.
Sproul observa que esta linguagem não precisa ser lida como um evento astronômico literal, mas sim como uma forma de comunicar o juízo de Deus sobre Jerusalém (SPROUL, 2010, p. 636).
A “vinda do Filho do Homem” aqui aponta, não necessariamente ao retorno final de Cristo, mas à sua vinda em juízo sobre Israel, demonstrada na destruição de Jerusalém.
A parábola da figueira e o tempo da profecia (Mateus 24.32–35)
Jesus usa a figueira como ilustração: quando os galhos brotam, o verão está próximo. Da mesma forma, quando os discípulos vissem os sinais, deveriam entender que o juízo estava às portas.
Ele é categórico: “não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam” (v. 34). Hendriksen destaca que a palavra geração se refere à geração contemporânea de Jesus, ou seja, aquelas pessoas presenciaram o cumprimento dessas profecias (HENDRIKSEN, 2001, p. 869).
O dia e a hora desconhecidos (Mateus 24.36–44)
Jesus afirma que o dia e a hora exatos são desconhecidos, inclusive por Ele em sua humanidade. Essa declaração, longe de anular o que foi dito antes, reforça a necessidade de vigilância.
O exemplo dos dias de Noé mostra como as pessoas vivem despreocupadas, até que o juízo chega inesperadamente.
Os servos fiéis e infiéis (Mateus 24.45–51)
Jesus encerra o capítulo com uma exortação à fidelidade. O servo prudente cumpre suas responsabilidades mesmo sem saber quando o senhor voltará. Já o servo infiel abusa da sua posição, esquecendo-se de que o juízo é certo.
Essa distinção ecoa a parábola dos talentos e os ensinamentos sobre vigilância em Mateus 25.
Como as profecias de Mateus 24 se cumpriram?
Grande parte do que Jesus profetizou se cumpriu de forma impressionante na destruição de Jerusalém em 70 d.C. Os sinais iniciais, a tribulação, o sacrilégio e o juízo sobre o templo aconteceram exatamente como Ele previu.
Como Sproul enfatiza, isso demonstra a autoridade profética de Jesus e a veracidade das Escrituras (SPROUL, 2010, p. 638).
No entanto, Mateus 24 também aponta para um cumprimento final. Há elementos que ultrapassam o cerco de Jerusalém e se conectam ao retorno glorioso de Cristo, como em Apocalipse 21.
Quais são as lições espirituais e aplicações práticas de Mateus 24?
Ao ler Mateus 24, aprendo que Deus cumpre o que promete. A destruição do templo, algo impensável na época, aconteceu conforme a palavra de Jesus.
Também sou chamado à vigilância. A vida cristã não permite acomodação. Não sabemos o dia nem a hora, mas devemos viver preparados, como ensina Mateus 25.13.
Outro ensino fundamental é a perseverança. Jesus disse: “aquele que perseverar até o fim será salvo” (v. 13). Não se trata de ganhar salvação pelas obras, mas de provar, pela constância, a autenticidade da fé.
Por fim, há um alerta contra o engano religioso. Falsos cristos e falsos profetas sempre existirão. Por isso, preciso conhecer as Escrituras e permanecer firme na verdade revelada, como também nos exorta 2 Timóteo 3.16–17.
Mateus 24 me lembra que, em meio ao caos, Deus está no controle. Seu Reino avança, e nenhum evento foge ao seu plano soberano.
Referências
HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
O capítulo 23 de Mateus marca o ápice do confronto entre Jesus e os líderes religiosos de Israel. Após inúmeras discussões e tentativas de armadilhas feitas pelos fariseus e escribas, o Mestre agora os denuncia publicamente com palavras duras e claras. É um dos discursos mais intensos e reveladores do Evangelho, no qual Jesus expõe a hipocrisia e o legalismo que afastavam o povo de Deus.
R. C. Sproul afirma que “neste capítulo, Jesus faz os oráculos de ai, como os profetas do Antigo Testamento, para denunciar a liderança religiosa e anunciar o juízo iminente” (SPROUL, 2010, p. 587). Esse texto é um alerta para qualquer tempo e lugar onde a religiosidade exterior substitui o arrependimento verdadeiro e a comunhão com Deus.
Qual o contexto histórico e teológico de Mateus 23?
O Evangelho de Mateus foi escrito para um público predominantemente judeu, e isso transparece na ênfase que o autor dá à relação de Jesus com a Lei, o Templo e as tradições judaicas. O capítulo 23 está inserido na última semana do ministério terreno de Jesus, durante sua permanência em Jerusalém, pouco antes de sua prisão e crucificação.
A tensão com os fariseus, saduceus e escribas estava no auge. Esses grupos religiosos, especialmente os fariseus, tinham grande influência sobre o povo, mas sua espiritualidade era, em grande parte, superficial e centrada em aparências. William Hendriksen explica que “os fariseus começaram como um movimento legítimo de zelo pela Lei, mas ao longo do tempo degeneraram em formalismo vazio e orgulho espiritual” (HENDRIKSEN, 2001, p. 865).
O discurso de Jesus contra os fariseus não é apenas um ataque pessoal, mas um chamado ao arrependimento e uma denúncia contra o falso ensino que impedia o povo de conhecer o verdadeiro Reino de Deus.
O que Jesus revela sobre os fariseus e escribas? (Mateus 23.1–12)
Jesus começa falando ao povo e aos discípulos sobre os líderes religiosos. Ele reconhece que os escribas e fariseus ocupam a “cadeira de Moisés” (v. 2), ou seja, eles tinham a responsabilidade de ensinar a Lei. Por isso, Jesus orienta: “obedeçam-lhes e façam tudo o que eles dizem, mas não façam o que eles fazem” (v. 3).
Aqui Jesus já aponta o primeiro problema: a incoerência. Os líderes ensinavam corretamente alguns princípios da Lei, mas sua vida estava em total desacordo com o que pregavam. É o clássico “façam o que eu digo, não façam o que eu faço”.
Além disso, eles impunham “fardos pesados” ao povo (v. 4), regras e tradições humanas que iam além da própria Lei de Deus, mas eles mesmos não se submetiam a esse peso.
Jesus também denuncia a vaidade desses homens: “Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens” (v. 5). Seus filactérios e franjas — símbolos de piedade — eram usados de forma exagerada para impressionar.
Por fim, Jesus ensina um princípio fundamental para a vida cristã: a humildade. “O maior entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (v. 11–12). É uma lição que ecoa o próprio exemplo de Jesus, como lemos em Mateus 20.
Por que Jesus pronuncia os “ais” contra os líderes religiosos? (Mateus 23.13–36)
A partir do verso 13, Jesus profere uma série de oráculos de condenação, os famosos “ais”. Essa expressão era típica dos profetas do Antigo Testamento ao anunciar o juízo divino, como vemos em Isaías 5.
Eles impedem o povo de entrar no Reino (v. 13)
Os fariseus, ao invés de guiar o povo ao Messias, tornavam-se obstáculos. R. C. Sproul observa: “Eles se recusavam a entrar no Reino e faziam de tudo para impedir que outros entrassem” (SPROUL, 2010, p. 589).
Eles exploram os vulneráveis (v. 14)
Jesus denuncia a exploração das viúvas, um pecado grave, já que a Lei ordenava o cuidado com os necessitados.
Eles fazem prosélitos (discípulos) para a perdição (v. 15)
O zelo missionário dos fariseus era distorcido. Eles convertiam as pessoas ao farisaísmo, não a Deus, tornando-as “filhos do inferno”.
Eles são mestres cegos e hipócritas (v. 16–22)
Os líderes religiosos faziam distinções absurdas sobre votos e juramentos, tentando contornar a seriedade do compromisso diante de Deus.
Eles priorizam o superficial e ignoram o essencial (v. 23–24)
Jesus critica o legalismo exagerado: “Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas negligenciam a justiça, a misericórdia e a fidelidade”. É um alerta contra o foco exagerado em detalhes religiosos, enquanto se ignora o coração da fé.
Eles cuidam da aparência, mas o interior está corrompido (v. 25–28)
Os fariseus limpavam o exterior do copo, mas por dentro havia ganância. Por fora eram “sepulcros caiados”, belos, mas cheios de morte.
Eles seguem os passos dos assassinos dos profetas (v. 29–36)
Eles diziam: “Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos tomado parte com eles no derramamento do sangue dos profetas”. Mas na prática, estavam prestes a rejeitar e matar o maior de todos os enviados de Deus: o próprio Jesus.
William Hendriksen destaca: “Os líderes construíam túmulos para os profetas antigos, enquanto conspiravam para matar o Profeta por excelência” (HENDRIKSEN, 2001, p. 877).
Como Jesus lamenta sobre Jerusalém? (Mateus 23.37–39)
A denúncia de Jesus não é fria ou rancorosa. Ao final, ele revela seu coração amoroso e ferido. Ele chora por Jerusalém, símbolo de todo o povo de Deus que o rejeitava.
“Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram” (v. 37).
Esse é o drama da rejeição do Messias. Deus oferece abrigo, cuidado e salvação, mas o povo insiste em fechar o coração. Como consequência, Jesus profetiza: “Eis que a casa de vocês ficará deserta” (v. 38), uma clara referência à destruição do templo e da cidade, cumprida no ano 70 d.C.
Mas há também uma esperança futura. Jesus diz: “Vocês não me verão desde agora, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor’” (v. 39), apontando para a sua segunda vinda, quando Israel reconhecerá o Messias, conforme vemos em Romanos 11.
Como Mateus 23 se conecta com as profecias do Antigo e Novo Testamento?
Todo o discurso de Jesus carrega ecos dos profetas antigos. Isaías, Jeremias e outros já haviam denunciado a hipocrisia e o legalismo do povo. Os “ais” de Jesus ecoam os “ais” de Isaías (Is 5) e o lamento por Jerusalém lembra o choro de Jeremias (Lm 1.1).
Além disso, o anúncio da desolação de Jerusalém e a promessa de um reencontro futuro apontam para o cumprimento das palavras dos profetas sobre o juízo e a restauração de Israel, como vemos em Zacarias 12.
O que Mateus 23 me ensina para a vida hoje?
Ao ler este capítulo, eu sou confrontado a examinar meu coração e minha fé. A hipocrisia não é um problema exclusivo dos fariseus. É uma tentação constante para todos nós. Posso, sem perceber, cair no mesmo erro de priorizar aparência, rituais e tradições, enquanto meu interior permanece frio e distante de Deus.
Jesus nos chama a uma fé autêntica, que começa no coração e se manifesta em humildade, justiça, misericórdia e fidelidade.
Também aprendo que Deus se entristece com a rejeição. Assim como Jesus chorou por Jerusalém, Ele ainda chora por cada pessoa que fecha o coração ao Evangelho. Mas a porta da graça continua aberta.
Por fim, esse capítulo me faz olhar para o futuro com esperança. Um dia, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é o Senhor, como nos lembra Filipenses 2.
Referências
HENDRIKSEN, William. O Comentário do Novo Testamento: Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.