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Mateus 20 Estudo: o que a parábola dos trabalhadores ensina?

Diego Nascimento
Escrito por Diego Nascimento

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Mateus 20 é um daqueles capítulos que desconstroem as expectativas humanas e revelam o coração surpreendente de Deus. Aqui, Jesus fala sobre a graça que escandaliza, o serviço que inverte os valores do mundo e a compaixão que transforma vidas. Através da parábola dos trabalhadores, do ensino sobre humildade e da cura dos cegos, Ele mostra como o Reino dos céus funciona — e não é nada parecido com o sistema humano.

Ao estudar este capítulo, lembro-me do que vimos em Mateus 19, quando Jesus afirmou que “muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros”. Agora, Ele ilustra exatamente isso.

Qual é o contexto histórico e teológico de Mateus 20?

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O Evangelho de Mateus foi escrito para provar que Jesus é o Messias prometido, o Rei esperado por Israel. Ele organiza cuidadosamente os discursos e as ações de Jesus, mostrando que Ele cumpre as promessas do Antigo Testamento e estabelece o verdadeiro Reino de Deus.

Mateus 20 acontece nos momentos finais da jornada de Jesus rumo a Jerusalém. A tensão cresce, e o ensino de Jesus se aprofunda. Nos capítulos anteriores, Ele já havia falado sobre o discipulado, o perigo do apego às riquezas e a necessidade de humildade, como vimos em Mateus 18.

Agora, Jesus apresenta a parábola dos trabalhadores da vinha, que, como destaca William Hendriksen, “visa deixar claro que a salvação e as bênçãos do Reino são concedidas por pura graça, e não como recompensa por mérito humano” (HENDRIKSEN, 2001, p. 284).

Além disso, o capítulo traz o terceiro anúncio da paixão (Mateus 20.17–19) e a lição sobre o verdadeiro caminho da grandeza, algo que já foi antecipado em Mateus 16.24, quando Jesus chamou os discípulos a negarem a si mesmos.

Por fim, a cura dos cegos nos lembra que só Jesus pode abrir os olhos espirituais — um tema que já vimos em Mateus 9.

Como podemos entender o texto de Mateus 20?

A parábola dos trabalhadores da vinha (Mateus 20.1–16)

Jesus compara o Reino dos céus a um proprietário que sai, ao longo do dia, para contratar trabalhadores para sua vinha. Ele combina pagar um denário a cada um e, no fim, surpreendentemente, todos recebem o mesmo salário, inclusive os que trabalharam apenas uma hora.

Os primeiros contratados murmuram, mas o dono responde: “Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?” (Mateus 20.15).

Essa resposta ecoa o princípio que Paulo explica em Romanos 9.15, quando Deus diz: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia”. A graça de Deus não segue o nosso senso de merecimento.

R. C. Sproul afirma que “essa parábola não é sobre salários, mas sobre graça. Ela mostra que ninguém recebe injustiça da parte de Deus. Uns recebem justiça, outros recebem graça, mas ninguém recebe injustiça” (SPROUL, 2017, p. 522).

A frase final de Jesus resume o ensino: “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos” (Mateus 20.16), algo que Ele já havia dito no final de Mateus 19.

O terceiro anúncio da paixão (Mateus 20.17–19)

Enquanto sobe para Jerusalém, Jesus chama os doze e diz claramente o que vai acontecer: “O Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte […] zombarão dele, o açoitarão e o crucificarão. No terceiro dia ele ressuscitará” (Mateus 20.18–19).

Essa é a terceira vez que Jesus anuncia sua morte, algo que começou em Mateus 16.21. Cada vez, os detalhes aumentam, preparando os discípulos — ainda que eles não compreendam totalmente.

Hendriksen observa que “os detalhes adicionais desse anúncio demonstram o conhecimento perfeito de Jesus sobre o que estava por vir, e a firmeza com que Ele caminha para o cumprimento da sua missão” (HENDRIKSEN, 2001, p. 299).

O pedido da mãe de Tiago e João (Mateus 20.20–28)

Logo após o anúncio da cruz, a mãe dos filhos de Zebedeu se aproxima de Jesus com um pedido: “Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda” (Mateus 20.21).

O pedido revela o coração humano: buscamos reconhecimento e posição. Jesus, porém, responde com uma pergunta: “Podem vocês beber o cálice que eu vou beber?” (Mateus 20.22).

Eles respondem prontamente: “Podemos”, sem perceber as implicações. Jesus confirma que eles participarão do sofrimento, mas lembra que as posições no Reino pertencem ao Pai (Mateus 20.23).

Esse diálogo lembra a nós mesmos, quando pedimos bênçãos, mas não compreendemos o preço do discipulado, como Jesus já havia ensinado em Mateus 10.38.

Os outros discípulos ficam indignados, e Jesus aproveita para ensinar: “Quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo” (Mateus 20.26–27).

Jesus mesmo é o modelo: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20.28). Ele é o Servo de Deus anunciado em Isaías 53.

A cura dos dois cegos em Jericó (Mateus 20.29–34)

Saindo de Jericó, dois cegos gritam: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!” (Mateus 20.30). A multidão tenta silenciá-los, mas eles insistem.

Jesus, cheio de compaixão, os chama e pergunta: “Que querem que eu lhes faça?”. Eles respondem: “Queremos que os nossos olhos sejam abertos” (Mateus 20.33).

Jesus os toca, eles recuperam a visão e o seguem. A cena lembra que só Jesus pode abrir os olhos físicos e espirituais. Assim como Ele abriu os olhos destes cegos, Ele também nos chama a enxergar e segui-lo, como aprendemos em João 9.

Que profecias Mateus 20 cumpre ou antecipa?

Mateus 20 está repleto de alusões e cumprimentos proféticos:

  • Na parábola dos trabalhadores, o princípio da graça soberana de Deus ecoa o que já foi revelado em Êxodo 33.19, quando Deus declara que terá misericórdia de quem quiser.
  • O anúncio da paixão aponta diretamente para as profecias de Isaías 53, o Servo Sofredor que seria rejeitado, ferido e morto, mas triunfaria.
  • A cura dos cegos e o clamor “Filho de Davi” revelam o cumprimento das promessas messiânicas, como em Isaías 35.5, que fala da abertura dos olhos dos cegos na era do Messias.

Além disso, todo o capítulo antecipa a entrada triunfal em Jerusalém, narrada em Mateus 21, quando Jesus será aclamado como o Rei prometido.

O que Mateus 20 me ensina para a vida hoje?

Ao ler este capítulo, eu sou desafiado e confortado ao mesmo tempo.

Primeiro, percebo que a graça de Deus não segue os padrões humanos. Assim como os primeiros trabalhadores murmuraram, eu também, muitas vezes, comparo minha vida com a dos outros e questiono: “Por que ele recebeu mais?”. Mas o Reino de Deus não é baseado em mérito, e sim em graça, como Jesus ensinou também em Mateus 5.

Depois, sou lembrado de que grandeza no Reino não é status, é serviço. Em um mundo obcecado por reconhecimento, Jesus me chama a ser servo. Isso é contra a cultura, mas é o caminho da verdadeira grandeza.

Por fim, ao ver os cegos clamando e sendo curados, percebo minha própria necessidade de que Jesus abra os meus olhos. Só Ele pode me curar da cegueira espiritual e me conduzir pelo caminho certo.

Mateus 20 me ensina que seguir Jesus é um caminho de humildade, serviço, compaixão e, acima de tudo, dependência da graça.


Referências

  • HENDRIKSEN, William. Mateus. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
  • SPROUL, R. C. Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus. 1. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
  • Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001.
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